terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Uma vida pela liberdade

Sempre é importante reverenciar pessoas que marcaram a história, independente de nacionalidade, gênero, raça, credo e ou ideologia e é isso que o Blog O Observador vem tentando fazer, escrevendo sobre personalidades que marcaram seus nomes da história. Infelizmente esse tipo de reverência não é tão plural, a ponto de a maioria deles, faz reverências a figuras pertencentes a determinados grupos, esquecendo e ou ignorando outros.

Hoje a homenagem é para Blanca Canales que se estivesse viva comemoraria 109 anos. Nascida em Porto Rico, Blanca foi uma importante educadora e integrante do Partido Nacionalista Porto Riquenho. Em 1931, Blanca ajuda a organizar o grupo Filhas da Liberdade, grupo de mulheres ligado ao partido de esquerda, que lutou pela independência da ilha.

Como líder do Partido Nacionalista, em Jayuya, na região central do país, Blanca liderou a revolta armada popular ocorrida em 1950, além de fazer de sua residência um armazém de armas para os revoltosos. A intenção dos revolucionários era conquistar a independência do país em relação aos Estados Unidos. 

O levante popular ficou conhecido como “Grito de Jayuya”, que terminou com os nacionalistas conquistando a cidade e proclamando a independência do país caribenho, mas a república durou apenas três dias.

Blanca Canales, desde muito cedo se envolveu com a política, irmã do escritor e político Nemesio Canales, seu pai foi um ativo militante do Partido União dePorto Rico e que lutou pela independência de Porto Rico, em relação a Espanha.

Além da atuação política da família, Blanca sempre leu sobre política e história de outros países, além de acompanhar seu pai nas reuniões políticas e por isso passou a se identificar com os discursos nacionalistas. Em 1924, com a morte de seu pai, Blanca se munda para Ponce, junto com a sua família. Em 1930, se forma pela Universidade de Porto Rico, tornando-se professora.

Depois de graduada, retorna para Jayuya, sua cidade natal e passa a trabalhar em uma escola rural. Em 1931, ingressa no Partido Nacionalista e passa a organizar o grupo Filhas da Liberdade, juntando mulheres que defendiam a independência de Porto Rico.
Logo que Blanca Canales ingressa no partido, as hostilidades entre Porto Rico e os Estados Unidos aumentam. 

Em 1937, essas hostilidades chegam ao ápice com o Massacre de Ponce, quando forças que apoiavam os Estados Unidos, utilizando metralhadoras e bombas de gás lacrimogêneo interrompem de forma violenta a marcha em comemoração ao fim da escravidão em Porto Rico e pede a liberdade para o líder nacionalista Pedro Albizu Campos. O resultado do massacre é de 100 pessoas feridas e 19 mortos, sendo 17 homens, uma mulher e uma criança de sete anos. Em 1947 Pedro Albizu é libertado.

Em 21 de maio de 1948, o Senado aprova uma lei que restringe as liberdades na ilha. A lei proibia a impressão, publicação, venda ou exibição de materiais contra o governo local, a pena para quem a descumprisse seria 10 anos de prisão e ou multa de US$ 10 mil. Em 1948 Albizu Campos faz um duro discurso contra essa lei ressaltando que a mesma contraria a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, o que a torna inconstitucional. 

Em 1950, o povo porto riquinho inicia a revolução, que durou de 26 a 30 de outubro daquele ano, quando os nacionalistas foram obrigados a encerrar as revoltas nas cidades de Ponce, Mayagüez, Naranjito, Arecibo, Utado, San Juan e Jayuya.

Em 30 de outubro Canales e outros líderes nacionalistas entraram em Jayuya, onde organizaram a resistência, a partir das armas que Canales tinha armazenado em sua casa. A partir dai, os nacionalistas tomaram a delegacia da cidade, o posto dos correios e a estação de telefone, onde cortaram as linhas. Depois disso, se dirigiram para a praça principal da cidade, onde hastearam a bandeira de Porto Rico, o que era proibido por lei e declararam Porto Rico, uma República livre.

Jayuya permaneceu sob controle nacionalista por três dias, até foi atacado por aviões militares e a infantaria estadunidense com o apoio da Guarda Nacional Porto Riquenha. Em 1º de novembro de 1950, os nacionalistas se renderam. Canales foi presa, acusada de matar um policial, ferir três e queimar o posto dos correios. Em junho de 1951, ela foi transferida para o presídio Federal de Aldreson, em Virgínia Ocidental. 

Em 1956, Canales é transferida para o presídio feminino de Veja Baja, em Porto Rico. Em 1967, ela é libertada após receber o perdão do governador Roberto Sanchez Vilella. Blanca permaneceu fiel aos ideais de independência, até o dia de sua morte em 25 de julho de 1996. A casa em que Blanca nasceu e cresceu, se transformou em um museu em homenagem à esta grande mulher.

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