sábado, 28 de dezembro de 2013

Sobre regulação e censura

Não é de hoje, que os movimentos sociais, principalmente os ligados a comunicação, lutam por um novo Marco Regulatório das Comunicações no país. Nossa legislação sobre o setor, já se encaminha para seu 52º aniversário, sem nunca ter passado por nenhuma atualização. Isso é, vivemos em uma realidade desconexa com a legislação atrasada que caducou faz muito tempo, inclusive criando realidades complicadas, uma vez que o avanço tecnológico, proporcionou-nos cenários sem lei, uma vez que nossa legislação não previa determinada tecnologia, na época em que foi elaborada, pois a mesma não existia.

Um exemplo, nem tão antigo assim é a história do documentário "Muito Além do Cidadão Kane", de 1993 e que teve sua exibição proibida pela justiça. Entretanto, tal decisão judicial não previa a exibição através da internet, que ainda era uma tecnologia insignificante no país. Pois bem, o tempo passou a web evoluiu e hoje é uma realidade, onde qualquer cidadão com um computador ligado na rede mundial de computadores poderá ver o documentário tão temido pelo clã Marinho e sem ter implicações judiciais por isso.

O avanço tecnológico proporcionado pela profusão da informática e da internet, que acelerou também a chamada convergência midiática, unindo plataformas distintas como rádio, televisão, jornais, tudo isso junto e misturado na web, faz com que seja necessária uma atualização da legislação sobre o tema. É importante lembrar que atualizações legais, acontecem com frequência, em países desenvolvidos e que são tidos como exemplo de comunicação livre. 

São os casos de Estados Unidos, que tem essa área regulada pelo The Federal Comunications Comission (FCC) e Motion Picture Association of America (MPAA), França, com o Conselho Superior do Audiovisual (CSA), Reino Unido, com o Office of Comunications (OFCOM), Canadá, com o o Canadian Association of Broadcast (CAB/ACR) e Canadian Radio-Television and Telecomunications Comission (CRTC), Alemanha com Freiwllige der Filmwirtschaft (FSK) e Freiwillige Selbstkontrolle Fernsehen (FSF), Argentina com o Comité Federal Radiodifusión (COMFER) e Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA), Austrália com a Australian Comunications and Media Authority (ACMA), Espanha com o Ministerio de Industria Turismo y Comercio (MITC), Catalunha, com o Consell de I´Audiovisual de Catalunya (CAC), Chile com o Consejo Nacional de Televisión (CNT), Colômbia com a Comissión Nacional de Television (CNTV), Costa Rica com o Ministerio de Ciencia y Tecnologia (MCIT), Holanda com Netherlands Institute for the Classification of Audiovisual Media (NICAM).

Além desses países, outros países como Itália - Autorità Per Le Garanzie Nelle Comunicazioni (AGCOM) -, Nova Zelândia - Broadcasting Standars Autority (BSA)-, Portugal - Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) -,  e Suécia - Nordisk Information för Medie (Nordicom) - , também regulam suas comunicações através de órgãos criados para esses fins.

Assim sendo não vejo motivos para que não haja regulação da comunicação também aqui no Brasil, que já possui três órgãos para essa função, mas que na prática pouco atuam para sanar os problemas existentes em relação a comunicação no Brasil. São eles: Ministério das Comunicações; Ministério da Justiça e Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Dessa forma, não pretendo aqui criar mais um órgão para exercer tal função, apenas desejo que essas entidades atuem de maneira séria sobre a questão, garantindo os avanços necessários para o setor.

Muitos aqui no Brasil, são contrários ao novo Marco Regulatório das Comunicações, alegando que isso seria censura. Ora, defender a não regulamentação com esse argumento, a meu ver é estupidez ou caradurismo, pois quem afirma isso, mostra total desconhecimento sobre o que é censura e o que é regulação. Basta ver a lista de países citados à cima, que possuem órgãos reguladores da comunicação e apontar, um único país, dentre estes que seja marcado pelo ataque a liberdade de expressão, ou de imprensa e em defesa da censura. Não existe.

Assim sendo, alguns lembraram a Argentina e sua famosa e democrática Ley de Medios, que obrigou o poderoso Grupo Clarín, maior conglomerado midiático da Argentina a se desfazer de alguns veículos, como sendo uma ação de censura e ataque as liberdades de imprensa e ou expressão. Pois bem, à esses desavisados, informo que tal decisão ocorreu da mesma maneira como aqui no Brasil, empresas como a Antárctica, teve que se desfazer de marcas como a Bavária, quando da sua fusão com a Brahma e a criação da Ambev. 

Ou ainda, o mesmo processo pelo qual passaram Perdigão e Sadia, quando da fusão das mesmas, criando a BRF, que tiveram que se desfazer de algumas marcas e abandonar setores do mercado, para garantir a livre concorrência, tão cara ao bom funcionamento do mercado e que é afetada com a criação de monopólios, trustes, oligopólios e cartéis tão danosos ao sistema capitalista, ainda que apenas no campo teórico.

Foi isso que a Ley de Medios fez na Argentina, encolheu o gigante, para garantir a oxigenação do mercado de comunicação e a livre concorrência no setor, com isso, garantiu a multi polaridade da comunicação, assim como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), fez tanto com a AmBev, como com a BRF, aqui no Brasil. Sem atacar as liberdades, ao contrário defendendo-as.

Para encerrar o debate, aponto aqui as definições desses termos tão distintos que ainda tem gente que insiste em classificar como sendo sinônimos.

Regulação: O conceito de Regulação tem sua origem no latim, regula - vara reta, barra, régua; relacionado ao latim regere - regular, ordenar, controlar, dirigir, guiar. Já a censura, é o uso pelo Estado ou grupo de poder, que controla e impede a circulação da informação, criminalizando ações e a circulação de informações, mantendo o status quo, evitando a alteração de pensamento em um determinado grupo. Com isso, pode-se facilmente compreender que censura e regulação não são a mesma coisa, ainda que tenha muita gente desinformada, ou com segundas intenções, querendo apontar o contrário.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cara Rachel Sheherazade



Faz tempos que vejo seus comentários estúpidos, preconceituosos e distorcidos, sobre temas que a senhora, ou seria senhorita, sei lá e sinceramente não me importa, mostra total desconhecimento. Infelizmente, somos companheiros de profissão, ao menos deveríamos ser afinal também sou jornalista.

Já vi suas bobagens sobre carnaval e funk, que, aliás, foi respondido de maneira espetacular por uma mestra em comunicação da Universidade Federal Fluminense. Agora me deparo com mais uma rápida – graças à Deus – sessão de defecação verbal de sua parte e não me espanto que o alvo da vez seja a juventude negra e pobre,  afinal os outros ataques feitos pela sua pessoa tinham como alvo a cultura POPULAR, o carnaval e o funk.

Então seria natural que continuasse na mesma linha. Sua visão sobre os chamados rolezinhos, mostra sua visão deturpada sobre essa parcela da população. Sua estupidez fere a Constituição Federal de 1988 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que garantem o direito de ir e vir à todos os cidadãos e como shoppings não cobram ingressos, não há restrições para quem os frequenta ou deixa de frequentá-los.


Os shoppings continuam a garantir conforto e segurança para quem os frequenta, com ou sem rolezinhos. O comércio de rua não foi abandonado pela população, SAARA no Rio de Janeiro e 25 de março em São Paulo (ainda mais nessa época de final de ano), não me deixam mentir. Não há fingimento de que não há perigo nos rolezinhos, até por que voltinhas no shopping sempre existiram e foram feitas por pessoas de várias raças e ou classes sociais, oferecendo ou não o mesmo perigo aos frequentadores.

Não é a raça e ou a classe social que cria bandidos e tem muita gente em Brasília, que não me deixa mentir. Quem são os arruaceiros? Os negros e pobres moradores da periferia, ou os playboys da zona sul, que depredam o patrimônio público como vimos muitos, após as jornadas de junho/julho, que quebraram assembleias legislativas, prefeituras, bancos e outros patrimônio públicos e ou particulares.
Não há necessidade de autorizações ara reuniões em locais privados, mas com espaços públicos como é o caso dos shoppings. E quanto aos arrastões, esses já migraram da periferia faz tempos, afinal nos anos 90, eles eram comuns em praias como Copacabana e Ipanema e agora parecem ter voltado a esses locais, que não são mais periféricos faz muitos anos.

Sem nacionalismo barato por favor

 Acompanhei a final do The Voice Brasil e confesso ter sido surpreendido pelo resultado final. Não que eu tenha achado injusta a vitória de Sam Alves, mas desde o começo, acreditava que outras pessoas seriam A Voz e não ele, que independente do programa, é sim um artista.

Inicialmente pensei que Pedro Lima, do time do Lulu Santos, fosse o vencedor e até torci por ele durante, praticamente toda a temporada. Mas na semi final fui fisgado pelo encanto de Lucy Alves, que mostrou-se uma artista completa que além de cantar suas raízes nordestinas de forma tão encantadora, ainda mandou muito bem, seja com o acordeon, na audição a cegas, ou com o piano, quando tocou e cantou Disparada de Geraldo Vandré.

De todos os finalistas, achei que a disputa seria entre o Bigode Grosso e a Lucy Alves. Não acreditava que o representante do time do Daniel na final, seria o Rubens Daniel, que mesmo cantando bem, para mim, não tinha condições de estar na final. Preferi muitos outros cantores que passaram pela equipe do sertanejo.

Na final, ainda preferi a apresentação de Lucy Alves, que inovou mais uma vez ao se apresentar com sua família, com quem aliás tem uma banda, achei uma sacada genial, mas que pelo visto não agradou muito ao público. O Bigode Grosso, mais uma vez se apresentou bem, quando cantou sozinho, porém ao se apresentar com seu técnico, acabou por fazer as vezes de backing vocal, escondido atrás de Lulu Santos.

Rubens Daniel, fez mais uma boa apresentação, extremamente técnica, nos moldes da Imperatriz Leopoldinense, famosa por fazer desfiles perfeitos, porém sem empolgar a galera. Por isso, acredito que dos quatro ele fez a pior apresentação.

Sobre o Sam Alves, registro aqui que mesmo reconhecendo seu talento como cantor e sua capacidade de montar grandes shows, dignos do Show Biss, minha crítica à ele vai no sentido de que mesmo estando no Brasil, San praticamente só cantou em inglês. Não tenho nada contra o idioma e as músicas americanas, curto muitos artistas que cantam nesse idioma, como AC/DC, Evanescence, Systen Of a Down, Guns, Red Hot, entre muitos outros. Mas entendo que por estarmos no Brasil e sermos brasileiros, é fundamental começar cantando em português e não em inglês.

Até o Renato Russo, já disse isso uma vez enquanto gravava um dos CD´s da Legião Urbana. Senti falta de ver o San cantando em português. Por isso, não achava correto que ele fosse A Voz. Entretanto, li muita coisa na internet sobre o programa, sobre as quais eu discordo. Não acho que o San Alves fora recauchutado aqui no Brasil, depois de não ter tido sorte no The Voice USA. Quantos talentos, nas mais variadas áreas, cansam de ver portas fechadas até conseguirem finalmente seu lugar ao sol?
 
Assim, sendo acho que é forçar demais a barra, pensar que Sam Alves ganhou o The Voice, apenas por que sua formação musical é essencialmente estadunidense, configurando-se ai, o tão falado "complexo de vira-latas", criado pelo finado escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, lá na década de 50, do século passado. Ao meu ver essa analise é apenas nacionalismo barato, que serve apenas para distorcer os fatos e chamar a atenção.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Uma ótima proposta de recuperação

Li no site do Estadão a nota assinada pela jornalista Sonia Racy, sobre a proposta do Tribunal de Justiça de São Paulo, de incluir como modalidade de remissão de penas, o hábito da leitura. Para o tribunal, a cada 30 dias de leitura, desconta-se quatro dias na pena do detento/leitor. Para comprovar a leitura, o detento terá que apresentar resenhas das obras lidas a serem avaliadas por uma comissão.

Acredito que essa medida trará benefícios, não apenas aos presos, mas também a todo o sistema penitenciário e por isso deveria ser estendido à todo o país. Essa medida, garante uma formação intelectual maior ao apenado, que alcançará novos horizontes, com a cultura adquirida e terá melhores condições de seguir um novo rumo após o cumprimento da pena.

A iniciativa, garantirá benefícios também ao sistema prisional, que terá mais uma forma de combater a super lotação, uma vez, que com a população carcerária, tendo mais meios de reduzir suas penas, não precisarão ficar anos em celas e presídios superlotados que servem apenas como barris de pólvora, prestes a explodir a cada nova rebelião.

É evidente que a mediada não poderá ser estendida à todos os presos, mas deverá beneficiar os condenados por crimes de menor gravidade e que são a maioria da população carcerária. Juntamente com essa iniciativa, outras serão necessárias para garantir a melhoria da realidade prisional brasileira. É necessário garantir estruturas, que combatam a super lotação, tanto com uma justiça mais clara e rápida, que não "esqueça", os presos que mesmo já tendo cumprindo pena, ainda permaneçam detidos. 

Com um maior número de vagas nas penitenciárias para desafogar as já existentes e também incentivos para que os presos trabalhem durante a pena, recebendo em troca a remissão de pena de um dia a menos na pena para cada três dias trabalhados.

Com essas medidas, o sistema penitenciário brasileiro, garantirá meios não de apenas punir os condenados, mas também de recuperá-los, que é a verdadeira função do sistema prisional. Com essas medidas, a cada mês que o detento trabalhe e estude (leia) serão 5 dias a menos na pena, garantindo recuperação e desenvolvimento para o cidadão, assegurando à ele, meios de se manter longe da criminalidade.  

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Prêmio Fanfarrão do Ano 2013

 
 
STJD vira a mesa e mostra que a justiça tem lado (Imagem http://img.r7.com/images/2013/12/16/5cgammz93a_3sq9u81tus_file.jpg)
 
Pois é, a premiação instituída em 2009, quando o senhor Ricardo Teixeira, então presidente da CBF inaugurou a galeria de agraciados, está mais uma vez ai. E novamente a premiação vai para o campo esportivo, mais precisamente o futebol outra vez. Assim como já ocorreu em outros anos o prêmio de 2013 é coletivo e dessa vez vai para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que esta semana ressuscitou a nefasta prática da virada de mesa.

Mais uma vez essa triste decisão beneficia o Fluminense, maior especialista em viradas de mesa na história do futebol tupiniquim. Com a decisão da "justiça", o tricolor se mantém na elite do nosso futebol e quem cai é a Portuguesa, que escalou um jogador irregular na última partida do Brasileirão. Por isso, a Lusa foi punida com a perda de quatro pontos, os três da partida e mais o ponto do empate conquistado nesse mesmo jogo. Assim, o time do Canindé termina o Brasileiro com 44 pontos, empatado com o Vasco e abrindo a zona do rebaixamento.

Não vejo motivos para que a torcida do Fluminense comemore mais essa façanha. Futebol se ganha no campo e não no tapetão. Mesmo o não rebaixamento do tricolor, não apaga a triste campanha do então atual campeão brasileiro, que só foi salvo da queda pelo tribunal. Eu se fosse tricolor não teria o que comemorar.

Acho estranho que o motivo do rebaixamento da Portuguesa tenha sido a escalação irregular de um atleta, que não interferiu no resultado da partida e ainda mais em um campeonato onde outros times cometeram a mesma infração e não tiveram a mesma pena, demonstrando que por motivos ainda não explicados, a justiça utilizou sim a velha máxima de dois pesos e duas medidas.

Vivemos no Brasil um ano crucial para garantir a evolução tão esperada e desejada no nosso futebol. Estamos as vésperas da tão sonhada Copa do Mundo em casa. Nossos estádios foram modernizados e nossos times vem mostrando evolução considerável no cenário internacional é preciso ainda resolver dois grandes problemas. O primeiro é referente as brigas de torcida, que precisam acabar em nossos estádios e já faz tempo que muito se fala, mas pouco se faz para tratar dessa questão e o segundo é termos uma justiça desportiva, mais séria e imparcial, que decida sem ser influenciada pelo tamanho e ou histórico dos times que ela deve julgar.

Por isso tudo, mesmo com outros fortes concorrentes em outras áreas, o  Prêmio Fanfarrão do Ano 2013, vai para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sem nacionalismo midiático

Amanhã, tem tudo para ser o dia mais importante dos 103 anos da Ponte Preta. Jogando na Argentina, a Macaca, precisa de uma vitória simples para levar a Copa Sul Americana e finalmente inaugurar sua sala de troféus, além de assegurar a participação na Libertadores do próximo ano. Pela campanha que fez na competição, acredito que não será surpresa se a Macaca fizer a festa na casa do adversário, afinal ela eliminou tanto o Velez, como o São Paulo, atual campeão da Sul Americana, vencendo com autoridade a partida em território adverso.


Entretanto, não é isso que me motiva a escrever esse texto. Cresci ouvindo a imprensa esportiva com surtos nacionalistas a cada confirmação de times brasileiros nas finais internacionais. A cada nova competição era sabido que se ouviriam coisas do tipo: "O Cruzeiro é o Brasil", "O Grêmio é o Brasil", "O São Paulo é o Brasil", entre tantos outros times que disputaram e ganharam títulos importantes nos últimos 20 anos.


Confesso que nunca fui e continuo não sendo fã desse nacionalismo distorcido e barato, que serve apenas para atrair maior audiência para as transmissões. Não acho que o time represente seu país na competição e também não acredito que o fato de um time brasileiro estar em uma final internacional, seja garantia de que os brasileiros torçam por ele. Porém, confesso que estranhei o fato de agora não ver mais essas declarações quando o assunto é a final da Sul Americana com a Ponte Preta e o mesmo acontece em relação ao Atlético-MG, no Mundial Interclubes.


No caso da final da Sul Americana, ainda acho estranho o fato de a maior emissora do país, que é quem detém os direitos de transmissão das partidas dos times brasileiros não transmitir nenhuma das partidas. Ao que sei, apenas em 2008, quando Internacional ganhou a competição e ano passado quando do título do São Paulo, os jogos foram transmitidos. Mas ainda acho que as partidas dariam mais audiência do que os filmes exibidos na programação.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Caro Rica Perrone

Li seu texto sobre as viradas de mesa no futebol brasileiro e gostei, entretanto é preciso apontar alguns esclarecimentos sobre o tratado. Para iniciar o debate cito aqui suas próprias palavras no texto "... Santos e Corinthians terminaram nas duas últimas posições em 87. Não caíram. Não era previsto rebaixamento, como também não era previsto o confronto Sport x Flamengo.  Num dos casos, o regulamento não previsto foi aplicado. ..."


Santos e Corinthians não caíram naquele ano por que como você mesmo coloca, não havia previsão de rebaixamento aos lanternas da competição, assim como ocorreu na Copa João Havelange em 2000, com o mesmo Corinthians que terminou a competição em 24º e penúltimo colocado, mas não foi rebaixado pois o regulamento não fazia tal previsão. Assim sendo não há razão plausível para classificar a permanência do Timão como uma "virada de mesa", o regulamento não mudou no decorrer da competição, como acontecerá em relação ao jogo entre os vencedores dos dois módulos em 1987.


Sobre o Brasileirão de 2005, também existe inverdades ao relacionar o resultado a "viradas de mesa". Naquele ano o campeonato fora marcado pelo escândalo da anulação de algumas partidas apitadas pelo agora ex árbitro Edilson Pereira de Carvalho. A decisão do STJD naquele ano foi inédita, histórica e fundamental, para que acreditava e ainda acredita que é possível moralizar o futebol brasileiro. 


Quanto aos resultados das partidas remarcadas, acho estranho afirmarem que eles beneficiaram mais o Corinthians do que os demais clubes e também estranho o comportamento do Internacional nessa questão. O time gaúcho ganhou sua partida independente do Edilson Pereira, afinal venceu as duas partidas contra o Coritiba. O Botafogo teve que jogar de novo e perdeu sua partida e nem por isso ficou reclamando, o mesmo aconteceu com a Ponte Preta que vencerá o São Paulo no primeiro jogo por 1 a 0 e na partida remarcada, ampliou o placar para 2 a 0. Naquele ano o Corinthians ganhou o campeonato no campo e na bola, sem tapetão e ou virada de mesa. 


A polêmica daquele campeonato seria e foi o pênalti descarado do Fábio Santos no Tinga, naquela partida entre Corinthians e Internacional que daria a vitória aos colorados e que o juiz de maneira irresponsável ignorou. Entretanto, erro de arbitragem por erro de arbitragem,é hora de ressaltar que erros de arbitragem sempre ajudam algum time e atrapalham outros de forma a não dar o direito ao torcedor de ficar de chororô por causa do apito.


sábado, 7 de dezembro de 2013

Veta Haddad

Um fantasma ronda São Paulo, o espectro do conservadorismo fascista a cada dia se consolida nesse estado com práticas e com propostas que mostram o retrocesso vivido pelos paulistanos e também pelos paulistas. Não é a primeira vez que escrevo sobre esse preocupante quadro de intolerância e desrespeito aos direitos básicos do cidadão, por parte do Estado que é quem deveria primar por isso.

Depois de colecionarem casos estapafúrdios de intolerância e preconceito na questão educacional, agora os vereadores de São Paulo, aproveitam para embarcar nessa onda propondo a proibição da realização de bailes funk em espaços públicos. O projeto, de autoria dos vereadores Conte Lopes (PTB) e Coronel Camilo (PSD), ainda estende a proibição aos espaços privados de livre acesso ao público. O não cumprimento dessa lei será punido com multa e apreensão do carro.

Para esses senhores, a ideia (reacionária) se justifica, pois os bailes estimulam o consumo de bebidas alcoólicas e drogas atrapalha o trânsito, prejudicando moradores com o som alto. – como se fosse só o funk –.

É evidente que esse projeto não pode ser sancionado pelo prefeito. E isso não pode ocorrer exatamente pelo lado preconceituoso e discriminatório do mesmo. Por que só bailes funk? Quer dizer que se o carro estiver com o som alto, mas tocando outro estilo, a bagunça está liberada?

O foco dessa questão não deve ser o gênero musical, mas sim o volume exagerado desses carros, o que ao que parece já existe legislação que trata disso, faltando apenas regulamentar a fiscalização da mesma. Por isso, é fundamental que o Haddad vete esse absurdo, travestido de ordenação. É preciso bom senso para tratar dessa questão e reconhecer o funk como uma manifestação cultural, assim como já acontece com vários outros estilos musicais.

 Somente com atitudes como o veto a uma proposta como essa pode levar os paulistas e paulistanos a tomarem um novo rumo em direção ao futuro, se libertando do entulho fascista que assombra São Paulo há anos.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Contradição oposicionista

Ainda vivendo um arroubo de moralidade tardia, iniciada com a história do mensalão, a oposição mais uma vez mostra-se seletiva, na hora de cobrar explicações dos atores políticos. Vivem ainda a lembrar o escândalo do mensalão, erradamente classificado como o maior escândalo de corrupção de nossa história e ainda fazem cobranças vazias sobre temas nos quais querem criar cortinas de fumaça, para distrair a opinião pública.

Temos o exemplo do caso do cartel dos trens e metrô de São Paulo, onde só vemos mobilização desses senhores, cobrando explicações do ministro da justiça, que apenas está fazendo seu trabalho. Entretanto, não se vê nenhuma dessas figuras pedindo investigações mais profundas sobre o caso, até por que, pelo o que já é sabido por todos, muitos desses defensores da moralidade estão envolvidos na historia.


O mesmo se dá em relação ao caso do helicóptero da empresa que o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG) é sócio e que foi apreendido na fazenda do Senador Zezé Perrella (PDT), pai do deputado. A apreensão aconteceu depois que a Polícia Federal encontrou 455 quilos de cocaína dentro da aeronave. Pouco ou quase nada se fala dessa história tão estranha. O veículo é da empresa do deputado e o piloto é funcionário da empresa dona do veículo, além de ser assessor parlamentar do deputado. O combustível do helicóptero é pago pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e ainda querem insistir na balela de que a carga não é de responsabilidade do parlamentar?


É preciso que esses senhores se expliquem e que quem fica no parlamento dizendo defender a moralidade precisa cobrar essas explicações, assim como fazem em relação a empresa que administra o hotel em Brasília, que ofereceu emprego à José Dirceu, condenado pelo mensalão. É preciso que a oposição afine seu discurso com suas práticas, para poderem ser exemplos de alguma coisa para alguém, caso contrário continuarão sendo como macacos que sentam nos rabos pra falar mal do rabo dos outros.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Carta Aberta ao Tite

 
 
 
 Tite: Em três anos fez história no Corinthians se tornando o treinador mais vitorioso da história do clube - Getty Images
 
 
 
É estranho pensar que depois da partida contra o Náutico, sábado que vem, na Arena Pernambuco Adenor Bachi, o Tite não será mais técnico do Corinthians. Afirmo isso pelo sucesso que foi sua passagem pelo clube iniciada no final de 2010, quando o gaúcho substituiu Adilson Batista, hoje no Vasco. De lá pra cá foram muitos motivos para confirmá-lo como um dos melhores técnicos do país, apesar de até pouco tempo atrás lhe faltar a "grife", que muitos técnicos tem. Essa evolução veio com o trabalho feito no Timão.
 
Em pouco mais de três anos, Tite se tornou o técnico mais vitorioso da centenária história do alvinegro paulista, acrescentando ao seu currículo, um Paulistão, um Brasileirão, uma Libertadores, tão sonhada pela Fiel Torcida, por jogadores e diretoria e que ainda veio de maneira invicta. Ganhou ainda, um Mundial e uma Recopa Sul Americana. 
 
O técnico, que abriu mão de disputar o Mundial de 2010 pelo time árabe, que treinava, antes de desembarcar no Parque São Jorge. Que quase levou o Brasileirão daquele ano, correu perigo após a marcante eliminação para o Tolima, da Colômbia em 2011, deu a volta por cima junto com os jogadores e com merecimento, tão propagado por ele mesmo marcou seu nome na história do time.
 
Sempre achei e defendi que o trabalho que Tite vinha realizando no Corinthians deveria ser continuado e que Tite deveria virar uma espécie de Alex Ferguson ou Arsène Wenger do Timão. O primeiro comandou o Manchester United por 25 anos, transformando os Diabos Vermelhos de um time mediano que vivia de um belo passado, em um dos maiores times da Europa. Wenger, treina o Arsenal também da Inglaterra desde 1996 e mesmo a falta de conquistas do time londrino, não é motivo suficiente para lhe tirar o emprego.
 
Pensando dessa maneira, é natural acreditar que após a ótima fase vivida pela dupla Corinthians/Tite, não haviam motivos para o término da dobradinha. Continuo a achar que a diretoria do clube errou ao não renovar o contrato do treinador. Nem a queda de rendimento sofrida pelo time no Brasileirão, é motivo para aceitar que Tite saísse do Corinthians. Mas, quis o destino que essa mudança ocorresse e agora tanto o time como o técnico passarão a seguir caminhos distintos, ainda que tenham o sucesso em comum.
 
Obrigado por tudo. Desejo boa sorte ao treinador e que a despedida em Recife, no próximo sábado, não seja um adeus e sim um até breve. 


sábado, 30 de novembro de 2013

Mais um deserviço à educação

Mais uma vez São Paulo chama a atenção, de forma negativa na área educacional. Está semana, veio a tona o caso de uma professora, afastada de suas funções em uma escola técnica do estado, acusada de utilizar materiais com "viés ideológicos". Em um texto publicado em um blog chamado "Escola Sem Partido" (seja lá o que isso signifique), a professora é acusada de colocar em prática um “plano de ensino” para criar aversão a tudo o que não se identifique com uma visão esquerdista ou progressista da sociedade, da cultura, da economia e da história.
 
 
Na lista que aponta o material em questão, estão artigos publicados em revistas com linhas editoriais diferentes das adotadas pela imprensa hegemônica, textos do historiador Eric Hobsbawn (1917-1912), do sociólogo da USP, Ruy Braga, do economista Fernando Nogueira e pasmem, a música Tanto Mar de Chico Buarque, que foi inspirada na vitoriosa Revolução dos Cravos, que acabou com a ditadura de Salazar em Portugal. 


Não é a primeira vez que esse tipo de loucura reacionária ataca as escolas paulistas. Lembro que em 2012, escrevi aqui mesmo nesse espaço, um texto relatando uma notícia publicada no jornal O Estado de São Paulo, que contava a história de um professor de história, que tinha um currículo de fazer inveja em muitos educadores do nosso país e que fora demitido de um tradicional colégio particular da capital com uma justificativa semelhante a de agora.



O educador, era alvo de críticas de pais de alunos, professores, diretores e outros profissionais da instituição que reclamavam de seus hábitos e gostos excêntricos e perturbadores. Admirado por muitos de seus alunos, que aprenderam com ele uma forma alternativa de pensar e questionar o mundo. Suas aulas eram permeadas de rock,  em estilos variados como The Beatles, Led Zeppelin, Mutantes, Raul Seixas, Rolling Stones,  Slayer, Sodom, Children of Bodom, Metalica e outras  bandas de havy metal.
 
 
Além da parte musical, estimulou os estudantes a ler Jack Kerouac, maior nome do movimento conhecido como beatinik, biografia de Che Guevara, filosofia grega, Ernest Hemingway, George Orwell e outros nomes que passam ao largo de obras como Harry  Potter e Crepúsculo, ou as boas e ficcionais aventuras de Robert Langdon, o mocinho das histórias de Dan Brown. Segundo os críticos do educador, esse comportamento e essa metodologia de ensino não era apropriada para os filhos da alta burguesia  paulistana e assim sendo, os mesmos pediram "a  cabeça" do professor revolucionário.
 
 
É lamentável que iniciativas como essas  sejam taxadas como "partidarização" da educação, até por que alegar isso é demonstrar grande desconhecimento sobre o que se fala. Nesses dois episódios, existem escritores e artistas envolvidos, que não podem ser classificados conforme seus "partidos" ou ideologias. Vejamos o caso do cantor e compositor Chico Buarque, filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), autor do livro Raízes do Brasil, que é leitura fundamental para entender um pouco melhor a formação histórica do nosso país. O artista nunca foi filiado a partido algum, apesar de seu pai ter participado da cerimônia de fundação do Partido dos Trabalhadores  (PT).
 
 
 
Outro exemplo que podemos citar é o escritor George Orwell (1903-1950), que teve obras críticas e que foram proibidas tanto em países capitalistas como nos países comunistas. Isso aconteceu tanto com A Revolução dos Bichos, fábula que satirizou a União Soviética (URSS), ao relatar a Revolução Russa de 1917 e o desenrolar da mesma e 1984, proibido tanto nas URSS e nos EUA, por ser considerado no primeiro uma forte crítica ao totalitarismo - o que realmente é - e no segundo por ser classificada como apologia ao totalitarismo.
 

Acredito que o mesmo serve para as bandas de havy metal e de rock em geral, afinal não dá pra pensar que The Beatles eram comunistas e nem os Mutantes ou o Raul Seixas, por mais que esse defendesse a Sociedade Alternativa, que nunca teve nada de comunista. Assim sendo fica muito complicado acreditar nesse discurso furado, que é utilizado apenas para esterilizar as mentes da nossa juventude, que precisa de boas referências para aprenderem a pensar, por isso a indicação dos autores citados. 


Mas o que acho mais estranho desse papo todo é que a grita é sempre contra nomes ligados a contra cultura e ou a ideologias progressistas. Nunca vi nenhum educador reclamar que tem professor indicando autores, escritores e artistas conservadores como Hobes, Maquiavel, Erasmo de Roterdã, Nietsche, Diogo Maynard, Reinaldo Azevedo, Lobão, Roger, entre outros. Por que será? Será que o motivo para isso é que esses educadores são das mesmas fileiras que esses "pensadores"? Ou será pelo fato de os educadores do nosso país, em sua maioria, não quer que seus alunos aprendam a pensar? Fica a dúvida.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tem muito caroço nesse angu

Essa semana, o Brasil foi surpreendido por um fato no mínimo inusitado e que ainda deve dar muito pano pra manga, apesar da pouca repercussão na mídia hegemônica tupiniquim. Refiro-me a apreensão de um helicóptero pertencente a empresa do deputado Gustavo Perrella (SDD-MG), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG).

Junto com a aeronave, a polícia apreendeu também 450 quilos de cocaína. Somente esse fato já seria motivo para pautar a mídia por um bom tempo, mas ela preferiu o silêncio, como já fizera anteriormente em outros escândalos. Entretanto, a coleção de absurdos, foi divulgado recentemente que o piloto, que conduzia o helicóptero, é funcionário do gabinete do parlamentar e que o combustível utilizado para abastecê-la, é pago pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Esses acontecimentos precisam ser esclarecidos o quanto antes. Como pode um parlamentar, entender ser normal que um funcionário lotado em seu gabinete trabalhe para a sua empresa? Ou se é funcionário do gabinete, ou se é funcionário da empresa e assim não se pode trabalhar para um e receber vencimentos de outro. Como pode o dono de uma aeronave alegar que não sabia o que seu piloto transportava? Lembro aqui uma frase do personagem Dom Toreto, no filme Velozes e Furiosos 4: “Todo piloto sabe o que tem no seu carro.” E se o piloto sabe, é imprescindível que o dono do veículo também saiba.

É preciso que essa história seja esclarecida o quanto antes e os envolvidos nela sejam responsabilizados como devem. É preciso descaroçar esse angu o mais rápido possível.