terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sobre o voto e a participação cidadã

Um dos temas mais debatidos em relação a política no Brasil, é a questão do voto facultativo ou obrigatório. Facultativo ou obrigatório, esse é um direito do qual não abro mão. Uma pesquisa realizada este ano pelo Instituto Datafolha, aponta que a maioria da população brasileira, 61%, é contrária ao voto obrigatório.

Alguns analistas defendem que possibilitar ao eleitor a decisão de votar ou não, ainda é um risco para o sistema eleitoral. Essa opinião é baseada na deficiência política de boa parte da população e a vasta compra de votos. Para Danilo Barboza, do Movimento Voto Consciente diz: "Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado".    


Para o sociólogo Eurico Cursino, da UnB, participar das eleições é algo pedagógico "A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola", afirma. "Não é estranho que sejam tomadas decisões erradas e que o voto seja ruim. Mas se as pessoas não sabem votar, elas têm de aprender."

Sobre a argumentação de que o voto facultativo, seria uma importante arma contra a compra do voto, eu particularmente discordo. Já participei de eleição, onde o voto não é obrigatório, mas nem por isso é uma eleição "menos importante", que é o Conselho Tutelar. O pleito em questão foi depois anulada exatamente por compra de votos, ou seja, o argumento de que o voto facultativo, seria o "antídoto" contra a compra de votos, caiu por terra.

Os defensores do voto facultativo alegam que onde o voto não é obrigatório, a abstenção é pequena. Sobre isso, lembro o ocorrido anos atrás na França, onde a "esquerda", confiante na vitória não compareceram as urnas e viram o segundo turno disputado entre a direita e a extrema direita. A partir dai, os radicais da direita francesa passaram a crescer a cada novo pleito. Dessa forma, fica complicado acreditar que voto facultativo, significa baixa abstenção.

Ainda sobre a não obrigatoriedade do voto apresento aqui uma colocação do colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, ao responder as críticas da professora Izabel Noronha, presidente do Apeoesp, o sindicato de professores da rede oficial de ensino de São Paulo. "Sabem quantos professores votaram neste 2014 na eleição que decidiu a presidência da Apeoesp? Segundo o site do próprio sindicato, 67.810. Ocorre que havia, na rede, no ano passado, DUZENTOS E TRINTA E DOIS MIL. Assim, participaram do processo eletivo apenas 29,22% — 70,78% não quiseram nem saber. Ainda segundo a Apeoesp, a petista Bebel obteve 53,06% do total dos votos — arredondando, isso dá 35.980. Ah, entendi: ela ocupará pela quarta vez a presidência da entidade, eleita com os votos de 15,5% da categoria — 84,5% não votaram nela!!! Isso é que legitimidade!".

Ao questionar a legitimidade de sua opositora, o colunista aponta um importante argumento para os defensores do voto obrigatório, afinal, como legitimar os eleitos por um número tão inexpressivo, considerando  todo o colégio eleitoral existente? É estranho que um colunista que ocupe um espaço como o que ele tem, tenha memória tão curta, uma vez que ao escrever sobre a pesquisa citada no início desse texto, ele defendeu o voto facultativo, mas agora aponta um argumento forte contra a ideia que ele defendeu quatro meses atrás, apenas para tentar desqualificar a autora das críticas que ele recebeu.

Assim sendo, continuo pendendo para o lado dos defensores do voto obrigatório, pois vejo mais lógica na obrigatoriedade dessa participação civil no processo de construção de nossa sociedade, mesmo entendendo ser um paradoxo, fazer com que um direito seja algo obrigatório.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Carta Aberta ao Levy Fidelix

Na noite do domingo, 28 de setembro no penúltimo debate presidencial, antes da eleição. O senhor Levy Fidelix (PRTB) demonstrou todo seu preconceito e ignorância ao falar da questão dos direitos LGBT´s. É preciso esclarecer à esse senhor que a conquista de direito, não é sinônimo de estímulo e sim justiça. Por isso, é fundamental que essa parcela da população tenha garantido seus direitos sociais, até por que os deveres iguais eles já possuem.

Reconhecer esses direitos passa ao largo da possibilidade de reduzir a população do país, ainda mais na proporção apontada pelo candidato no debate. O "isso ai", que o senhor se referiu é um direito básico que deve ser garantido para qualquer cidadão, como inclusive já está na nossa Constituição há 26 anos, assim sendo, negar tais direitos é ao meu ver algo inconstitucional. Dessa forma, é incoerente que quem pretende ser presidente do Brasil, agir de forma contrária a nossa "Carta Magna".

Outro ponto necessário de destacar nesse debate é o péssimo comportamento de um candidato que, utiliza o espaço em rede nacional para incentivar o ódio, contra um determinado grupo, ou ainda fazer ameaças com declarações como: "Então gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentar, não vamos ter medo...".

Ampliando a tristeza em relação ao comportamento do candidato, foram ditos alguns absurdos como o de que homossexualidade se resolve com tratamento psicológico, o que já foi refutado de maneira clara pelo Conselho Federal de Psicologia, quando da época do projeto inconcebível da chamada "cura gay", defendido por figuras como o Pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), tão conservador e ignorante quanto o presidenciável.

Mas o ápice da estupidez de Fidelix, foi afirmar que "dois iguais não se reproduzem", o que chama a atenção pela obviedade da mensagem e declarar que "aparelho excretor não reproduz", o que além de óbvio e nojento, mostra a aberração que esse comportamento é. Afinal, basta uma rápida observação sobre a sociedade para entender que o "mercado do sexo", movimenta milhões de dólares no mundo todo - a ponto de algumas potências mundiais agregarem o dinheiro advindo de parte desse mercado para turbinar seus PIB´s, como ocorreu recentemente com a Inglaterra e outros países - e não tem relação alguma com o crescimento ou a diminuição populacional de nenhum lugar.  

Esse comportamento é algo como propagação de ódio e homofobia - que deveria ser criminalizada, mas pouco se tem feito nesse sentido, infelizmente -. É inconcebível que um postulante ao cargo máximo do nosso país, tenha um comportamento tão incompatível com o cargo. O que ele fez, durante o debate, não pode nem de longe, ser classificado como "liberdade de expressão" e sim a mais pura "apologia ao ódio", que infelizmente vem crescendo no país nos últimos anos.

domingo, 28 de setembro de 2014

A direita que não se assume

Não é apenas durante os processos eleitorais, apesar de nesse período isso ficar mais latente, mas a direita brasileira parece ter medo ou vergonha de se assumir como tal. Salvo raras exceções que volta e meia levantam bandeiras típicas da direita, não vem problemas em serem classificados dessa forma. Muitos insistem na balela de que não existe mais esquerda e direita e não aceitam serem classificados como de direita, ou com qualquer outra nomeação que leve a esse fim, como é o caso de termos como neoliberais.

Muitas pessoas defendem causas típicas da direita, apoiam grupos que se classificam de direita, mas não se assumem como tal. As vezes dá a impressão de que ser de direita é algo tão aterrorizante como ser leproso nos tempos de Jesus, ou até mesmo cristão, nos primórdios dessa filosofia, quando os poderosos, perseguiam e matavam, quem se assumia como seguidor de Cristo.

Vemos isso claramente durante o processo eleitoral, quando muitos defendem ideias como privatizações, que segundo eles, serviria para combater a corrupção - o que sabemos ser mentira, pois muitas empresas privadas participam ativamente dos escândalos de corrupção que permeiam o noticiário -. Defendem a não intervenção estatal, na economia e o tal do livre comércio, mas não se assumem de direita, pois ao que parece, pega mal ser de direita.

Essas três "bandeiras", privatizações, não intervenção estatal na economia e o livre comércio são ideias clássicas do liberalismo desde os tempos de Adan Smith (1723-1790), passando por tempos mais recentes como os de nomes como Margaret Thatcher (1925-2013) e Ronald Reagan (1911-2004) símbolos máximos do chamado neoliberalismo. Infelizmente muitos dos neoliberais contemporâneos, talvez por falta de informação, ou de convicção, não aceitam serem assim chamados, ficam afirmando que não se deve "rotular" as pessoas.

Entretanto, essa provavelmente seja a maior contradição dessas pessoas, pois elas que dizem ser contrárias a qualquer tipo de "rótulo", vivem a classificar seus opositores como esquerdopatas, "esquerda caviar", bolivarianos, entre outros termos, inclusive alguns deles são de difícil compreensão, para qualquer pessoa que tenha uma pouco de conhecimento sobre política.

Outro problema latente dessa direita é a falta de conhecimento ou vergonha na cara, para fazer um debate ideológico transparente. Para mostrar que o liberalismo é a melhor opção, apontam os erros dos regimes comunistas que existiram e que causaram sérios danos a humanidade. Entretanto, os mesmos não fazem auto crítica em relação os governos alinhados com o sistema capitalista e ao serem questionados sobre isso, mostram suas ignorâncias, apresentando argumento frágeis para "tirar a responsabilidade" do sistema capitalista. 

Um exemplo claro disso, está no continente africano, que mesmo com alguns poucos países tendo passado por rápidas experiências socialistas que não se consolidaram, como foi o caso de Angola e Argélia, o continente é fruto do colonialismo europeu, fortemente baseado no capitalismo. Foram eles que produziram a realidade atualmente vivida naquele continente, mas hoje justificam os problemas sociais existentes lá, alegando questões tribais que alimentam os conflitos e as opressões que marcam os africanos. 

Esquecem de avisar que esses problemas tribais são alimentados pelos países capitalistas, desde os tempos da escravidão. Quando os europeus se aproveitavam desses conflitos para comprar mão de obra escrava, uma vez que historicamente, os derrotados eram escravizados pelos povos vencedores. É preciso que quem defende práticas e bandeira da direita assuma também o ônus de defender essas teses.

sábado, 27 de setembro de 2014

O fim de um ícone

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Clássico esportivo fez sucesso nas ruas e nas telas de cinema

A Lotus, tradicional fabricante de automóveis esportivos, que marcou sua história na Fórmula 1, onde está hoje, mas sem a grandeza e a força de outros tempos, anunciou que encerrará de maneira definitiva, a fabricação de seu modelo Lotus Espirit. 

O coupé, se tornou um clássico entre os super esportivos e ganhou fama internacional ao protagonizar filmes como 007, o Espião que me Amava, onde aparecia uma versão que se transformava em um submarino e era utilizado pelo James Bond, interpretado por Roger Moore. A fabricante inglesa chegou a anunciar quatro anos atrás que retomaria a fabricação do modelo a partir de um novo projeto, mas abandonou a ideia.

O modelo dividiu as cenas com Roger Moore em outro filme da série, 007 Somente Para Seus Olhos. Mas o filme mais famoso que contou com a participação do Espirit, foi Uma Linda Mulher com Richard Gere e Julia Roberts. 

O Lotus Espirit foi fabricado entre 1976 e 2004 e a Lotus chegou a estudar o lançamento de uma nova geração do esportivo, assim como outras fabricantes fizeram com esportivos tradicionais, como Camaro, Mustang, Dodge Viper entre outros tantos.


O clássico esportivo britânico deixará saudades, mas a fabricante anunciou que focará a produção em outros modelos prestigiados como o Elise, o Exige e o Évora, que terão a missão de dar continuidade ao legado do Espirit.  O modelo é um dos integrantes da minha pequena coleção de miniaturas e foi o primeiro Lotus que comprei. Atualmente, além do Espirit, a coleção conta também com um Lotus Elise.

Acompanho a história da montadora desde os áureos tempos dela na F1, quando eu era pequeno e via o Ayrton Senna a bordo do lendário Lotus Renault preto e dourado, começando a despontar como um dos maiores nomes do automobilismo mundial, mas confesso que mesmo achando aquele Lotus um símbolo da F1, ainda preferia o Lotus amarelo da era da parceria com os motores Honda e também guiado pelo Ayrton Senna.

Por que voto Dilma Rousseff

Quatro anos atrás, escrevi nesse espaço um texto mostrando os motivos que me levaram a votar em Dilma, naquela eleição tanto no primeiro, (aqui) como no segundo turno (aqui). Hoje volto a escrever sobre o tema e mostrando os motivos que me fazem votar novamente na primeira mulher que ocupou a Presidência do nosso país. Já diz a sabedoria popular, que "em time que está ganhando, não se mexe" e os motivos para acreditar que esse "time", está ganhando, estão as vistas de todos.

Nesses quatro anos de governo Dilma, ela deu continuidade as mudanças implantadas pelo governo Lula e seguiu mudando o país. Programas sociais como o Bolsa Família, ganharam reconhecimento internacional e a pobreza, que tanto marcou a história do país, vem sendo combatida de maneira firme. Nos 12 anos do governo petista, 42 milhões de pessoas passaram a viver a cima da linha da pobreza, o que equivale a uma renda percapta de US$ 2,00, que convertido para nossa moeda equivale a R$ 4,80 por dia, o que corresponde a uma renda de R$ 144,00 mensais. 

Além dessa importante mudança, outra transformação fundamental foi o número de de pessoas que deixaram a extrema pobreza chegou a 36 milhões de pessoas nesses 12 anos. Com essa transformação social, outro avanço fundamental do país foi o combate a fome, dados recentes divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil não aparece mais no chamado Mapa da Fome (aqui).

O Brasil, mesmo com a forte crise de 2008, que ainda hoje mostra suas sequelas pelo mundo, chegou a sua menos taxa histórica de desemprego, chegando a 5,4%, o que significa quase "pleno emprego", outro índice que mostra a força da economia brasileira é a taxa Selic, que está em 11%, mas já chegou a registrar apenas um dígito. A inflação, que já causou tantos danos ao país, hoje está controlada e mesmo com alguns picos, que ultrapassaram temporariamente o teto da meta, ela está controlada a 12 anos sempre variando entre 4,5%, que é o centro e 6,5%, que é o teto da meta.

Nesse período, o Brasil subiu de 10ª economia do mundo, para a 7ª, chegando a figurar em 6º lugar nessa lista e o investimento estrangeiro direto alcançou a quantia de US$ 64 bilhões e o país deixou de ser devedor passando a ser credor do Fundo Monetário Internacional (FMI). A renda do trabalhador, cresceu nesses 12 anos, passando de US$ 57 dólares, em 2002, agora está em R$ 724,00, o que equivale a US$ 127,71.

Nesse período, o governo financiou a construção de 7 milhões de novas casas, democratizando o sonho da casa própria. O Minha Casa Minha Vida, construiu 1,7 milhão de moradias. O Programa Luz para Todos beneficiou 14 milhões de pessoas e a capacidade de geração de energia subiu de 82 mil megawatts para 129 mil, afastando o risco de racionamento e ou apagão.

Outro ponto que vem avançando é o investimento em saúde. Nesse período, os investimentos na área saltaram de 28 bilhões para 106 bilhões. e o Programa Mais Médicos, em pouco mais de um ano beneficiou 50 milhões de brasileiros. Além da saúde, a educação também passou por uma transformação histórica. em de 2002 para cá, saltamos de 11 escolas técnicas para 422 e mais de 7,4 mnilhões de estudantes foram atendidos pelo Pronatec. 

Esse governo construiu mais escolas técnicas do que todos os governos anteriores. Nas universidades o Prouni alcançou 1,4 milhões de estudantes com baixa renda e o número de universitários, pulou de 3,5 milhões para 7,1 milhões e o número de universidades públicas e de campis universitários ampliou de maneira considerável.

Por esses avanços, voto em Dilma para que as mudanças, já visíveis se consolidem e que outras mudanças como as reformas agrária, urbana, tributária, política entre outras sejam alcançadas. Por isso sou 13, sou PT, sou Dilma.




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vento que venta cá, nem sempre venta lá

Já acompanho o cenário político há muitos anos e por isso não me espanto ou me assusto com as coisas que eu vejo e como o mesmo acontece em relação a imprensa, o comportamento dela nos períodos eleitorais serve apenas para me chamarem a atenção. Não é de hoje, que as histórias nebulosas envolvendo políticos, empresários e diretores da Petrobras, estão permeando a imprensa brasileira e isso é o normal, mas parte desse comportamento não pode ser ignorado, ainda que o senso comum aponte para isso.

Com a proximidade do primeiro turno da eleição presidencial e com o crescimento recente da possibilidade de o governo sair vencedor, já no primeiro turno, boa parte da imprensa tem pegado pesado nas histórias envolvendo a estatal, seus diretores e políticos importantes nessa disputa que se aproxima. Virou rotina perguntar a candidata Dilma Rousseff, sobre como seria possível alguém na posição dela, não saber das negociatas envolvendo Paulo Roberto, Nestor Cerveró e outros dirigentes da petrolífera, afinal na época em que a Petrobras adquiriu a refinaria de Passadena, nos EUA, Dilma era Presidente do Conselho de Administração da empresa.

Pois bem, é evidente que os casos de corrupção devem ser investigados e os envolvidos punidos, mas me estranha o fato de a grande imprensa destacar tanto a situação da Petrobras e pouco falar de outros casos tão importantes quanto. Eu explico; Na edição nº 22.745, do dia 25 de setembro de 2014, o jornal O Dia, publicou em sua página 19, uma extensa matéria sobre os problemas de superfaturamento e outros rolos envolvendo a Petrobras e a construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. A matéria exibe uma foto aérea da área onde a refinaria vem sendo construída, tem foto do ex presidente da estatal José Gabrielli e um box, mostrando que a obra já estourou o orçamento inicial em nove vezes. 

Ao todo, a matéria ocupa, cerca de dois terços da página e ara quem não tem prática com o jornalismo, precisa ser informado de alguns "truques" da profissão. Matérias em páginas ímpares são as de maior destaque, pois são as mais facilmente visualizadas pelo leitor, principalmente as que aparecem no topo das mesmas - a matéria em questão ocupa os dois terços superiores da página e isso não aconteceu de maneira não intencional -.

Logo a baixo, da matéria citada, vem completando a página, outra matéria falando sobre a investigação que a justiça estadunidense, está fazendo sobre a atuação de alguns funcionários que são suspeitos de pagar propinas a um militar da reserva da República Dominicana, para que este fizesse lobby, junto ao governo daquele país, para que esse comprasse alguns aviões Super Tucano.

Além das matérias, o jornal publicou também as chamadas de capa, para as duas notícias e seguindo o mesmo padrão de espaço. O jornal O Globo, em sua edição 29.634, do mesmo dia 25 de setembro de 2014, fez quase igual ao concorrente publicando uma matéria que ocupou também dois terços da página 8 e que teve chamada de capa, destacada no topo direito da mesma. Já a matéria sobre a Embraer, não teve chamada de capa - apenas no caderno de economia, onde a matéria ocupou o topo da página 26 e teve o tamanho de apenas um quarto de página.

O "inusitado" da questão, é que hoje a Embraer, uma das gigantes mundiais do setor, não é mais uma estatal e o controle acionário está nas mãos da iniciativa privada, o que inviabiliza o uso político da empresa e dos fatos relacionados a ela, para o bem ou para o mal e por isso a repercussão desse fato não tem o mesmo peso e tamanho que as denúncias envolvendo a Petrobras.

Agora, mesmo já tendo quase a certeza de que pouca coisa mudará em relação ao fato ligado a Embraer, não veremos jornalistas questionando e ou cobrando dos diretores da fabricante de aviões se os mesmos sabiam dos casos de suborno e lobby que favoreceu a empresa nessa transação como país caribenho, afinal o "peso político" dessa denúncia, é quase tão leve quanto o de uma pluma.

Assim sendo, tomo aqui a liberdade de alterar o famoso ditado popular: "Vento que venta cá, nem sempre venta lá", isso somente acontece quando os "interesses convergem para tal.

* Atualizado as 10h 51 do dia 25 de setembro de 2014.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Contradições conservadoras

A aproximação das eleições e o consequente acirramento dos debates políticos, mostra o inconformismo dos conservadores perante as mudanças políticas e sociais que não apenas o Brasil, mas a América Latina vem passando desde os anos 90. Não sei se por desinformação, ou caradurismo mesmo é comum ouvirmos e ou lermos opiniões rasas sobre o cenário político e econômico do continente.

Para atacar esses avanços, o principal alvo é o Foro de São Paulo, entidade que congrega partidos políticos de esquerda ou de centro esquerda da América Latina e que hoje governa diversos países do continente. Seus críticos vivem a propagar uma pseudo tentativa de implantação de uma “ditadura continental comunista”, o que não procede de forma alguma.

Na tentativa de justificar os fracassos políticos e econômicos do grupo, os críticos citam a situação de países como a Venezuela e a Argentina, que estão já algum tempo, uma séria crise social e econômica. Entretanto, tal argumentação é fraca, pois para derruba-la, basta analisarmos os números de outros países governados pelos partidos que compõem tal campo.

Em 2013, o país que obteve o maior crescimento econômico no continente foi a Bolívia, governada desde 2005, por Evo Morales, um dos principais nomes do chamado “bolivarianismo”, rótulo dado há alguns dos governos progressistas latino americanos. O Chile, governado há anos pelo Partido Socialista (PS),  com um rápido intervalo, durante o governo Piñera, também vem conquistando importantes avanços sociais e econômicos, inclusive alguns foram enaltecidos por muitos conservadores.

Além dos países já citados, podemos lembrar também os avanços do Uruguai, principalmente os sociais iniciados antes de Mujica no governo de Tabaré Vázquez, no qual Mujica foi ministro da agricultura e ampliados de forma radical no governo do ex guerrilheiro Tupamaro.

Para encerrar, cito aqui alguns avanços importantes obtidos no Brasil nos últimos 12 anos, como a queda drástica na miséria, 22 milhões de pessoas saíram da chamada “linha da pobreza” e passaram a ganhar mais do que os míseros US$ 2,00/dia per capta. A fome também foi outro dragão controlado nesse período. Ainda existem problemas para serem superados, como o analfabetismo, entretanto, os avanços são visíveis e não podem ser negados e ou negligenciados, como querem esses conservadores.

Esses importantes avanços no continente explicam, porém não justificam o desespero conservador, que vemos hoje. Principalmente por que salvo o caso cubano e isso é importante ser esclarecido, não há nenhum país latino americano governado por membros do Foro de São Paulo, que seja uma ditadura, ao contrário, são todos democracias consolidadas, o que afasta de vez qualquer “ameaça ditatorial”, como muitos querem fazer acreditar.