sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Um avanço para o futebol brasileiro

Esta semana, a Federação Paulista de Futebol (FPF), anunciou que para o Campeonato Paulista da próxima temporada, adotará a medida sugerida pelo presidente do Palmeiras Paulo Nobre, no que se refere a transferência de treinadores no decorrer do campeonato. A proposta visa frear a famosa “dança das cadeiras”, que possibilita um número assombroso de trocas de treinadores.

Para 2016, o treinador que pedir demissão no decorrer da competição não poderá assumir o cargo em outra equipe que esteja disputando a mesma divisão do campeonato paulista. O mesmo valerá para os clubes que demitirem seus treinadores. Clubes e treinadores poderão negociar com clubes e “professores” que atuem em outros campeonatos que não a Série A do estadual.

Vendo o ocorrido nos últimos anos no Brasil, isso é um importante avanço na moralização do futebol no país. No caso do Brasileirão deste ano, tivemos quase 30 trocas de treinadores no decorrer da competição e o caso mais emblemático da temporada é o Doriva, hoje no São Paulo, mas que já treinou o Vasco e a Ponte Preta nesse Brasileiro.

Espero que a medida faça efeito e se espalhe pelas demais federações e também chegue a Confederação Brasileira de Futebol, passando a fazer da manutenção dos treinadores por longos períodos como ocorre na Europa – Alex Fergusson permaneceu por 25 anos no Manchester United e o Arsène Wenger está no Arsenal há 19 anos - seja prática comum no nosso futebol também.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Quem tem medo da regulamentação?

E em mais um equívoco, o governo Dilma vetou a regulamentação de mais uma profissão. Depois dos garçons, agora foi a vez dos Designers. A justificativa para tal iniciativa foi baseada no art. 5º da Constituição Federal, inciso XIII, que assegura o livre exercício de qualquer ofício ou profissão cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer dano à sociedade.

Pois bem, tal argumento é algo a meu ver incoerente, pois a possibilidade de ocorrer dano a sociedade é algo relativo demais para ser considerado nesses casos. O Brasil viveu nos últimos anos uma onda de desregulamentação que acabaram trazendo danos para a sociedade e aqui me refiro a profissão de jornalista.

Acho que as profissões não podem ser vistas apenas pelo o que o professor de Literatura Comparada da Columbia University e crítico literário Edward Said (1935-2003), classifica de “posição soviética” no artigo “O papel público de escritores e intelectuais”, publicado entre outros meios no livro Cultura e Política. São Paulo: Editora Boitempo, 2002. Ao utilizar este termo o professor afirma que a posição soviética defende que para ser considerado profissional, basta ao cidadão exercer tal ofício.

Continuo acreditando que a qualificação profissional (técnico ou bacharelado, dependendo do ofício) é sim algo importante para o bom exercício profissional de qualquer área. Não acredito que a regulamentação virá pelo mercado, ainda que saiba que o mesmo influenciará de maneira decisiva na atuação do profissional. Regulamentação, ao contrário do que possam acreditar não significa nem reserva de mercado e nem a colocação dos profissionais como inimigos, são todos evidentemente concorrentes, mas não inimigos.

Por isso vejo com bons olhos a regulamentação de profissões que tenham forte influência de questões técnicas como é o caso do jornalismo, da publicidade, do designer e da fotografia, – outra profissão que segue o trâmite pró-regulamentação -. Por mais que aleguem existir a questão artística nas três áreas/profissões, elas são extremamente técnicas, por isso a necessidade da formação e qualificação profissional.


Trabalhos como os realizados por nomes como Merval Pereira ou J.R. Duran, ou ainda Nizan Guanaes e Washington Olivetto, tem o lado artístico e não seriam afetados pela regulamentação dessas profissões, que trariam benefícios para toda a sociedade, sejam os profissionais ou os clientes dos mesmos serviços. Por isso não vejo motivos para se temer a regulamentação das profissões.

Violência contra a mulher ainda é tabu no Brasil

Assim como outras bandeiras de luta relacionadas ao movimento feminista, a violência contra a mulher ainda é um tema polêmico no Brasil, que continua apresentando números preocupantes em relação a esta questão. A recente escolha do assunto como tema para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e a reação de parte da sociedade mostrou que este assunto ainda alimenta polêmicas no país.

Segundo pesquisas, 48% das mulheres agredidas declaram que a violência sofrida teve como cenário a própria casa. Entre os homens esse número chega a 14%. A cada cinco mulheres, três já sofreram violência em relacionamentos. 56% dos homens admitem já ter cometido alguma forma de agressão contra suas parceiras.

O número de mulheres que relatam viver em situação de violência de maneira corriqueira é assustador, 77% delas afirmam sofrerem agressões semanalmente ou ainda todos os dias. Em 80% dos casos de violência, as mulheres foram agredidas por pessoas com quem tiveram algum vínculo afetivo.

Mesmo sendo crime grave e uma clara violação aos direitos humanos, a violência contra a mulher é uma mazela que persiste na sociedade e vem inclusive sendo banalizada por parte da população, que vem adotando um comportamento mais conservador na questão dos direitos civis.


É preciso que se mude a cultura vigente no Brasil, ampliando as formas de denunciar casos de violência contra a mulher e evitar discursos que banalizam essa situação. O Estado e a sociedade precisam cada vez mais atuar no sentido de educar e despertar a consciência da população, reduzindo assim os casos de agressão às mulheres e garantindo estrutura para atender os casos de violência, garantindo dignidade e direitos para as vitimas dessa mazela.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Onde estão?!!!

Em 2013, uma onda de manifestações tomou as ruas do país. Insatisfeitos não apenas com o governo, mas com o sistema político como um todo, milhares de pessoas foram às ruas defender as mais variadas pautas. Foi o que se tronou conhecido como as “Jornadas de Junho”. No ano seguinte, ainda aconteceram alguns protestos nesse sentido e os mesmos perduraram.

Passado o processo eleitoral, alimentados pelos casos de corrupção que se espalharam pela sociedade. Em 2015, algumas manifestações juntaram milhares de pessoas em várias cidades do país, pautadas sob o mantra de combate a corrupção. Surgiram alguns grupos que reivindicavam a organização e o protagonismo dos protestos.

Foram manifestações variadas como passeatas, marchas ridículas como a que levou alguns manifestantes de São Paulo à Brasília, mas de ônibus e não a pé como já fizera anos antes o “Cavaleiro da Esperança” Luis Carlos Prestes, na sua famosa coluna. Outra manifestação que chegou a ser modinha foi o “panelaço”, que aconteceram algumas vezes, sempre em bairros elitistas.

Esses manifestantes, que diziam combater a corrupção, por mais paradoxal que parecesse, vestiam camisas da Confederação Brasileira de Futebol, que tempos depois se envolveu em um escândalo internacional de corrupção e que levou a prisão do ex-presidente da mesma entidade, por autoridades suíças a pedido de investigadores estadunidenses.

Como se não bastasse tal contradição, eles ainda tinham como modelos de moralidade, nomes como Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atual presidente da Câmara dos Deputados e denunciado pelo Ministério Público da Suíça (esses helvéticos são barra pesada mesmo), por lavagem de dinheiro, ou seja, corrupção. Outros nomes defendidos por eles são Agripino Maia (DEM-RN), investigado por receber propinas em casos de corrupção.


O estranho dessa história é que agora, aqueles manifestantes que batiam panelas tomavam as ruas e infestavam as redes sociais com protestos contra a corrupção, estão sumidos. As panelas se calaram, as ruas estão livres dos protestos e as redes sociais mudas. Por que será que eles mudaram de comportamento? Onde estão estes insatisfeitos com a corrupção. Este é o questionamento que a sociedade deve fazer, caso, seja realmente da vontade dela, combater a corrupção como essa parcela da população vivia dizendo, querer.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Brasil chega a 35 partidos políticos.

Esta semana, o Brasil assistiu a criação de seu 35º partido político. Considerando que o significado de partido, vem da representatividade de parte da sociedade, o Brasil estaria muito fragmentado. Entretanto, como no Brasil, ideologia e partido são expressões com pouca afinidade, vemos a proliferação de agremiações partidárias a cada novo ciclo eleitoral.

O número exagerado de partidos acaba por atrapalhar o bom funcionamento do processo democrático no Brasil. Apenas para comparação, na Alemanha são apenas 12 partidos, no Canadá são cinco partidos, nos Estados Unidos são cinco partidos, ainda que as eleições sempre fiquem polarizadas entre Democratas e Republicanos. Na França são 14 os partidos políticos. Em Portugal, são 15 os partidos políticos. No Reino Unido são oito os partidos e na Rússia, apenas cinco.

Outro problema referente aos partidos no Brasil está a falta de identificação ideológica que esses partidos possuem. Políticos que fundam partidos apenas para atenderem seus interesses eleitorais, gerando a incrível massa de “legendas de aluguel”, que atuam apenas como moeda de troca nos processos eleitorais. Essa realidade acaba por atingir a credibilidade das agremiações e contaminando todo o sistema. Atualmente, o Brasil possui diversos partidos com pouquíssima, ou nenhuma representatividade perante a sociedade.


Em época que tanto se fala de reforma política, é necessário que toda a sociedade atue também debatendo meios de garantir um enxugamento no universo partidário, fazendo com que os poucos partidos que permaneçam existindo e que tenham respaldo na representatividade de parcelas da sociedade identificadas com determinada definição ideológica tenham mais força para melhorar sua atuação no processo político nacional.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Depois da primavera, o tenebroso inverno

E o movimento que entrou para a história como a Primavera Árabe, agora mostra a outra face da moeda. Um inverso rigoroso, que vem causando estragos consideráveis para a humanidade. Em dezembro de 2010, a população da Tunísia, no norte da África, se revoltou contra o governo do ditador Zine El Abidini Bem Ali, e foi paras as ruas reivindica melhores condições de vida. Os protestos levaram a derrubada do ditador e acabaram se espalhando por diversos outros países da região e da Ásia.

A ação desses povos árabes foi amplamente comemorada pelos países ocidentais, que viam nas ações populares, uma forma de derrubar governantes que até pouco tempo atrás eram aliados do ocidente. A primavera se espalhou derrubando governos como no Egito e na Líbia, mas agora apresenta uma conta muito pesada. O desmanche dos Estados nesses países, expuseram a miséria e a barbárie que sempre existiu nesses países. A primavera acabou por abrir uma “caixa de pandora”, gerando o maior ciclo migratório visto no mundo desde a 2ª Guerra Mundial.

A primavera árabe vive hoje seu maior efeito colateral. Não quero aqui defender os governos tirânicos que estes países, tinham e em alguns casos continuam tendo, sejam por que os mesmos ditadores permaneçam no poder como é o caso da Síria, ou por que foram substituídos por mais do mesmo como parece ser o caso do Egito. Assim como ocorreu com diversas outras revoluções a Primavera Árabe, acabou por se perder e gerou esse enredo de tristeza e desumanidade que vemos todos os dias.


É preciso que todos os países se unam para resolver essa triste realidade que se abateu sobre a humanidade, para que não vejamos mais as cenas grotescas que se avolumam nos noticiários.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um avanço interessante

O sistema penitenciário brasileiro está falido faz tempos e pouco tem sido feito para alterar essa realidade. Entretanto, esta semana aconteceu o primeiro avanço para a transformação da realidade prisional brasileira. A presidente Dilma Rousseff (PT), sancionou com veto, mudanças na Lei de Execução Penal, instituindo o ensino médio nas penitenciárias. O texto já foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

A nova legislação estabelece que o Ensino Médio, regular ou supletivo, com formação geral, ou educação profissional de nível médio, seja implantado nos presídios, colocando em prática o que já é estabelecido pela Constituição Federal de 1988, garantindo a universalização da educação.

O ensino oferecido aos presos será integrado aos sistemas estadual e municipal de ensino e será mantido com o apoio da União, não apenas com recursos previstos para a educação, mas também pelos recursos destinados ao sistema estadual de justiça ou administração penitenciária.

A lei garante ainda que os sistemas de ensino ofereçam aos presos cursos supletivos de educação de jovens e adultos (EJA), além de ensino a distância. Outra preocupação abordada pela legislação é em relação ao nível de escolaridade, dos detentos, a criação e manutenção de bibliotecas que atendam os presos e o acervo das mesmas.

A medida é um avanço interessante para transformar a realidade dos presídios brasileiros, mas ainda é insuficiente. Além destes avanços é preciso ainda garantir uma justiça mais rápida, que garanta aos detentos as condições para que não fiquem presos, seja antes das condenações ou ainda depois de cumpri-las, com todos sabem que acontece. É necessário também ampliar a infraestrutura dos presídios existentes, garantido dignidade aos condenados e ampliar o número de presídios para combater de maneira séria e responsável a superlotação dos já existentes.


Entretanto, essa iniciativa já é um avanço interessante no caminho da mudança que o sistema penitenciário brasileiro precisa há tanto tempo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Erros de arbitragem não pode ser cortina de fumaça

Mais uma vez a arbitragem rouba a cena em uma rodada do Campeonato Brasileiro. Uma série de erros e equívocos destes senhores, renderam muito pano para manga e o debate ganhou novamente contornos de teorias da conspiração. Muito tem se falado sobre a qualidade da turma do apito no Brasil, mas pouco tem sido feito para mudar essa realidade.

As melhores opções para melhorar a qualificação dos árbitros, seriam a profissionalização dos mesmos e a adoção da tecnologia para auxiliar os juízes. Mas como já era esperado no Brasil, a cada nova leva de erros do apito, vai ter muita falação, mas pouca atitude para avançar neste sentido.

Não os erros recentes não têm prejudicado e ou ajudado apenas uma equipe, como alias sempre aconteceu no futebol, desde que comecei a acompanhar o esporte bretão. Não será a atuação dos árbitros que definirá o campeão desta temporada.

E a classificação comprova isso, depois de liderar o campeonato por algumas rodadas o Atlético-MG continua na briga pelo título, mas vem caindo de produção e o avanço do Grêmio, nas últimas rodadas reforçam que o time mineiro não vem mais sendo o que era até pouco tempo atrás.

É evidente que a arbitragem prejudicou o galo mineiro na última rodada, quando anulou um gol legítimo dos mineiros contra o “xará” paranaense – o mesmo que tem como presidente o fanfarrão do Petraglia que afirmou recentemente haver um complô da arbitragem pró Corinthians -, mas o pênalti foi claro e não há o que discutir.

E ainda assim, é válido lembrar que mesmo que o Atlético vencesse sua partida na última rodada e o Corinthians empatasse com o Fluminense, o time paulista seguiria líder da competição com a diferença de um ponto. Por isso, é preciso que os envolvidos com o futebol parem de blá, blá, blá e passem a levar mais a sério o futebol brasileiro.  

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Carta Aberta a Alan Ghani



Li atentamente seu texto “Fascismo não é de direita. Entenda” publicado no site Infomoney e discordo completamente de sua visão equivocada sobre o tema que se propôs escrever. O mesmo já começa com lugares comuns que dificultam qualquer análise mais profunda e séria sobre a questão. Ao contrário, do que o texto pretende afirmar, fascismo, assim como o nazismo é sim uma ideologia de direita, extrema direita, para ser mais preciso, mas evidentemente de direita.

Não Cuba não é um paraíso social. Os motivos que me levam a afirmar isso possibilitam a publicação de outro texto, para tratar melhor esta questão, por isso não farei isso aqui. E não os EUA e o capitalismo, não são responsáveis por todas as desgraças do mundo, ainda que tanto o país citado como o sistema em questão tenham sim ampla parcela de culpa em uma boa quantidade de mazelas enfrentadas pela humanidade.

Sua definição sobre direita é baseada em mitos criados pelos liberais, para maquiar a realidade, a liberdade individual é algo cada vez mais escasso quando o assunto é mercado, assim como o livre comércio, uma vez que uma pequena quantidade de conglomerados econômicos controla parcelas consideráveis dos mercados mundiais.

O mesmo pode se afirmar sobre a questão da redução da pobreza uma vez que a riqueza das nações desenvolvidas se deu justamente através da exploração das ex-colônias das mesmas, vide a realidade de pobreza na África, que não me deixa mentir.

Já sua visão sobre a esquerda é rasa demais para ser levada a sério. É necessária de sua parte uma maior profundidade sobre o tema, para evitar equívocos como entender que a transição para o socialismo/comunismo passa necessariamente pelo fortalecimento do Estado, mas o controle social do mesmo é algo transitório e não definitivo.

Seu texto torna-se ainda mais contraditório ao afirmar que “... ser de direita é desejar um Estado Mínimo, livre mercado e democracia, como é que os liberais podem ser associados ao fascismo...”. Pois bem, volte um pouco no tempo e veja qual era o posicionamento dos EUA em relação às ditaduras latino americanas. Quem apoiou Pinochet contra Allende? A direita ou a esquerda? E no Brasil?

No Uruguai? Quem apoiou a ditadura daquele país contra os guerrilheiros Tupamaros, que deu à esquerda latino America, nomes importantes como Tabaré Vázquez e José “Pepe” Mujica, apenas para citar alguns exemplos. Não se deve e não se pode negar a história caro Alan Ghani.

Além do mais, se o comunismo/socialismo defende o Estado Máximo e o Nazifascismo também, por que será que nem Mussolini e nem Hitler estatizaram empresas como FIAT, BMW e Mercedes, apenas para citar alguns exemplos importantes? Os bolcheviques estatizaram todas as forças produtivas pós 1917, mesmo com a implantação da NEP “Nova Política Econômica”.

O socialismo/comunismo é algo muito mais próximo do anarquismo do que do fascismo (basta lembrarmos aqui que nomes como Bakunin e Preudhome entre outros, buscaram o anarquismo justamente por pequenas divergências com Marx e os marxistas) ainda que o nazismo tenha surgido de um partido nacional socialista, o que o afasta do socialismo, justamente por que este defende o internacionalismo e não o nacionalismo. Quanto aos exemplos de Reagan e Tatcher, se esses são tão favoráveis a liberdade, por que as forças militares destes países oprimiram tantos povos?

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Síndrome de Minority Report

 Tá chato, tá triste e está feio. Pelo visto uma prática absurda vem sendo cada vez mais corriqueira no Estado do Rio de Janeiro. Há pouco mais de um ano, durante manifestações de movimentos sociais opositores ao governo do estado do Rio de Janeiro, foram alvos de uma ação judicial e também policial, que resultou na prisão de vários manifestantes.

O problema da decisão, judicial que garantiu a ação da polícia é que ela aconteceu de maneira “preventiva”, sem que os detentos tivessem cometido algum crime e para evitar que tais crimes ocorressem, os manifestantes foram detidos previamente. A ação foi rápida e amplamente relacionada ao livro de ficção científica Minority Report, do escritor estadunidense Philip K. Dick (1928-1982) e que virou filme em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Spielberg. Este blog mesmo publicou texto sobre o fato.

Na história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de “crimes de homicídios”, prendendo os “criminosos”, antes de os fatos ocorrerem. Agora, nesta semana, a polícia fluminense mostrou que os “Precogs” continuam vivos e ativos na corporação.

Mesmo sendo uma afronta ao Estado Democrático de Direito, essa história voltou a acontecer no Rio de Janeiro. No último dia 23, a Polícia Militar abordou um ônibus onde 15 jovens estavam a caminho das praias da zona sul e os deteve. O grupo foi encaminhado para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca).

A justificativa para a ação era que os menores poderiam cometer crimes na orla carioca e para evitar que isso acontecesse, a polícia os recolheu. Nada mais parecido com o personagem Precog, da obra supracitada.

É lamentável que as forças de segurança do estado ainda atuem de maneira tão reacionária, preconceituosa e criminosa. Dos 15 jovens, detidos apenas um era branco, os demais, todos negros. Isso sem mencionar o fato de que todos são moradores de áreas carentes da zona norte e da baixada.

Neste caso, fica gritante a ideia de delimitar espaços públicos segregando a população e ainda atropelam a legislação, apenas para manter seus interesses próprios e o status quo. Como escrevi no texto publicado ano passado, “Quem extrapolar os direitos garantidos pela legislação brasileira deve sim ser responsabilizado, mas somente após a consolidação dos fatos. Caso contrário, estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip K. Dick, em Minority Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o final da história não é algo bom”.

Espero que a força policial se desculpe perante a sociedade, liberte os garotos e não repita mais casos estapafúrdios como esse.


Ensaio sobre a Soberba

Desde 2008, que o mundo vem sofrendo com solavancos econômicos, frutos da crise mundial que estourou em 2008. Mesmo tantos anos depois, a economia mundial continua gerando estragos. Quando todos acreditavam que os efeitos da crise já tinham passado, outros fatores econômicos começaram a causar calafrios nos especialistas.

Desde o ano passado, que o governo brasileiro, vem buscando formas de enfrentar a crise e mesmo com muitas lambanças, vem conseguindo aos trancos e barrancos melhorar a situação, ainda que de maneira atrasada, como inclusive reconheceu esta semana. Entretanto, o mesmo não se pode afirmar sobre a imprensa nacional.

Cerca de um mês atrás, o jornalista Ricardo Noblat, escreveu que a crise vivida pelo país hoje, não é fruto da realidade econômica mundial, que segundo o blogueiro, ela não existe mais. Outro que seguia a mesma linha foi Gustavo Franco, que comandou o Banco Central anos atrás. O economista afirmou que a crise pela qual o país passa não vem de fora, mas foi auto infligida, restringindo-se ao Brasil.

A revista Exame, importante veículo econômico chegou a publicar que o mundo já estava recuperado da crise e que o resto do mundo já tinha se recuperado. E o ex-ministro Armínio Fraga, cotado para retomar a pasta da economia caso o PSDB retornasse ao Planalto. Fraga declarou que a crise mundial acabou em 2009.

Tal comportamento demonstra apenas que a principal característica da imprensa brasileira e dos ditos especialistas é a soberba. Atualmente acompanhamos a retração de economias importantes como a da Zona do Euro, a da Rússia, o Japão, que está em recessão faz muitos anos e ainda tem a crise financeira na China, com sérios problemas nas bolsas de valores.

Isso sem falar da situação de vários países produtores de petróleo que enfrentam dificuldades econômicas devido ao preço baixo do barril desta importante commoditie. Atualmente a Noruega, que tem no setor petróleo uma importante ferramenta de desenvolvimento econômico e social, vive sua maior crise em relação ao desemprego. O índice do país nórdico chega hoje a 4%¨, o que para os padrões de lá, é algo estratosférico.


A realidade atual das economias destes países mostra que a imprensa brasileira, deve ao menos um pedido de desculpas por negar uma realidade que atualmente é impossível negar. A crise econômica mundial existe e a soberba da imprensa brasileira continuará prejudicando a sociedade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

E lá se vão seis anos

Em uma quarta-feira, 19 de agosto de 2009, foi publicado o primeiro texto do Blog O Observador, a pauta era a triste realidade do sistema carcerário brasileiro, que não mudou nada de lá pra cá. O blog que surgiu com a idéia de tratar apenas sobre comunicação, mas com o tempo acabou abraçando outros temas e já publicou também sobre política, direitos humanos, esporte e cultura.


De lá pra cá, foram centenas de textos mostrando inclusive a diversidade editorial do mesmo. Algumas sessões surgiram neste tempo e se esgotaram tempos depois. Nesses anos, o blog expôs opiniões sobre temas diversos e apresentou figuras importantes para a sociedade. Entre os personagens citados, estão figuras como Dom Hélder, Fanon, Gramsci, Kátia Abreu entre tantos outros.


Apesar de ficar por diversas vezes por longos períodos sem novas publicações, o espaço segue firme, inclusive abrindo espaço para outros escritores. Que venham mais textos diversos sobre temas variados, apresentando nomes importantes para a sociedade que são poucos conhecidos pela ampla maioria da população.