domingo, 24 de fevereiro de 2013

Carta Aberta à Katia Abreu

Li ontem (23), na versão on-line da Folha de São Paulo, seu texto entitulado "O Papa e a semântica" e gostaria aqui de levantar alguns contrapontos impotantes para o debate das questões levantadas. Sou religioso e tenho uma longa caminhada na Igreja iniciada na Pastoral da Juventude e continuada no Movimento Fé e Política, que baseia sua atuação no ideário da Teologia da Libertação, que foi perseguida pelo então Cardeal Joseph Alois Ratzinger, que hoje é o Papa Bento XVI. 

A Teologia da Libertação, sempre apontou para uma atuação mais política da Igreja em conjunto com a sociedade, conforme aponta o Concílo Vaticano II iniciado no papado de João XXIII e conclúido no de Paulo VI,  ambos mais progressitas que Bento XVI. Como membro deste movimento percebo que ao  contrário do que muitos afirmam, inclusive a senhora, religião e política se misturam sim e é evidente que existam religiosos e também políticos mais  progressistas que outros.

Ficando apenas no Brasil, podemos apontar entre os progresistas  nomes como Dom Hélder Câmara, o "Dom da Paz", Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno, Frei Betto, Frei Tito e Dom Paulo Evaristo Arns, que notabilizou-se na luta  contra a tortura e pelo reestabelicimento da democracia no país. Podemos ver  isso ainda  hoje quando nos deparamos com muitos religiosos que prefrem o foco na espiritualidade, ao invés do foco na ação  transformadorada sociedade.

Assim sendo é possível sim que o próximo Papa seja  mais progresista que Bento XVI, ainda que tal possibilidade seja complicada devido a composição do  Colégio Cardinalício que atuará no Conclave.

Quanto a "moldar" a religião, sim isso é possível e o próprio Jesus, fez isso juntamente com seus discípulos, que criaram o cristianismo baseado no judaísmo,  mas com características próprias. Quanto a questão da  economia de mercado, é evidente que nos moldes do capitalismo contemporâneo, é prejudicial, pois ao mesmo tempo em que produz riquesas, as concentra de maneira assustadora na mão de poucos,  distorcendo inclusive o reino de Deus defendido pelo próprio Cristo.

Quanto ao comparativo de mortos em regimes socialistas e capitalistas, é um comparaivo equivocado e  tendencioso, uma vez que o continente africano colonizado por potencias capitalistas, que as defenderam do "fantasma comunista", continuam produzindo seus miseráveis, que continuam ainda hoje produzindo índices sociais e econômicos, que estão  anos-luz atrás dos mesmos índices dos países que passaram pela mal  fadada experiência socialista.entretanto, quando esse fator é lembrado nos debates, surgem desculpas  esfarradas, com as disputas territoriais promovidas pelas sociedades  tribais ainda existentes nesses países.

Na questão da produção de alimentos e ecologia, também vejo equívocos. É lógico que com o aumento populacional,  a demanda  por alimentos aumentará  também, entretanto é preciso esclarecer que atualmente a produção de comida no mundo é suficiente para evitar a fome. Esse mal  só continua a existir por problemas na distribuição dos mesmos. 

Outra questão que precisa vir a tona é que com o avanço tecnológico no setor agropecuário é possível aumentar a produção, sem a necessidade de novas áreas para isso, o que torna desnecessário o desmatamento e com isso o discurso ecológico, inevitavelmente ganha força na sociedade.

Ao meu ver demonizar a separação entre esquerda e direita, como a senadora tenta fazer é tão ilógico quanto tentar demonizar o dinheiro, afinal o mesmo não é o inimigo da esquerda. A luta dela é contraa injustiça e não contra o dinheiro, que é apenas uma peça  nessa enorme engrenagem opressora chamado sistema capitalista.

Sobre a sitação bíblica, fica aqui um pequeno lembrete sobre o idioma e o vocabulário português, que vale  também para muitos idiomas ocidentais. A citação  "à direita do Pai", se dá pelo fato de a maioria da população mundial, ser destra, apenas cerca de 10% da humanidade é canhota. Dessa  forma criou-se o maniqueísmo direita x esquerda que entrenhou-se tanto na questão cultural, como na teológica e também na política.

Por isso, que a  justiça é baseada no direito e o acidente tem como sinônimo o sinistro, além é claro de no interior do Brasil, é comum  ouvirmos os mais velhos utilizarem a palavra canhoto para  se referir ao  capiroto, também conhecido como diabo, demônio, satanás (que significa inimigo) e todas essas palavras remetem ao "Anjo Traídor" Lúcifer. Assim sendo expero ter lhe explicado o por que da preferencia pela direita e não pela esquerda.
  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dois pesos, duas medidas.

Esperei passar uns dias do fim oficial do carnaval para saber o que a imprensa diria sobre os resultados da festa de Momo, especialmente sobre o resultado da Marquês de Sapucaí, a atenção especial não se deu pelo fato dele ser o maior show da terra conforme já canta o famoso samba-enredo da União da Ilha do Governador, mas por entender que questões financeiras, criaram uma estranha situação envolvendo escolas e a imprensa.

Lembro que em 2006, a tradicional escola de Vila Isabel, levou para a avenida um enredo falando de Simon Bolívar, principal libertador da América espanhola. Naquele ano a grita da imprensa foi muito grande e segundo esses  veículos tal comportamento era natural uma vez que a escola recebera um grande aporte financeiro do governo venezuelano de Hugo Chávez, que para eles era já naquela época um ditador e por isso é incompreensível que o carnaval carioca se juntasse a uma  figura tão polêmica.

Pois bem, o tempo passou, vieram outros carnavais, outras campeãs até chegamos à 2013. Nesse ano, a escola de Martinho da Vila, entrou no sambódromo com um enredo falando sobre o agricultor brasileiro e salvo manifestações de vários movimentos sociais, que criticaram o patrocínio que  a escola recebeu de uma gigante entre as produtoras de agrotóxico do mundo, a imprensa permaneceu calada diante a essa estranha relação entre escola e patrocinadora.

O desfile aconteceu e os envelopes abertos apontaram uma nova vencedora. Depois de sete anos, a escola do bairro de Noel Rosa voltou a comemorar um carnaval, ai sim, a imprensa brasileira  deu espaço para o desfile  da campeã, sem mencionar o principal patrocinador da mesma. Esse comportamento acabou por denunciar também, que a imprensa brasileira é afeita ao conservadorismo. Aceita a relação da Vila com a Basf, que produz materiais que levam centenas de pessoas ao envenenamento, mas não tolera governos populares, classificados como ditatoriais, criticando ferozmente seus parceiros.

O interessante da história é que um dia após comemorar o feito da Vila, a mesma imprensa divulgou que o Tribunal Superior do Trabalho, irá  julgar a mesma  Basf pelo envenenamento de centenas de trabalhadores de uma antiga fábrica, que tempos atrás foi vendida para a Shell, que também terá que se explicar nos tribunais.  Evidentemente o espaço dado para a  parceria campeã Vila/Basf  foi absurdamente maior, que a notícia sobre a questão judicial, o que pode dar a entender que para a  imprensa o entretenimento é mais  importante que a vida, o que seria  lamentável.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

25 anos depois

Fazia algum tempo que não escrevia aqui no blog, confesso que os projetos planejados para o ano de 2013, tem me deixado sem tempo de vir aqui. Entretanto, como hoje é uma data especial, fiz questão de escrever aqui no O Observador.

O ano era 1988 e em uma segunda-feira, 8 de fevereiro, então com 6 anos eu chegava a Macaé, com minha família, vindos de São Paulo. Confesso, que a ideia de trocar a capital paulista por uma cidade interiorana e bem pequena não me agradava, pensava que não me adaptaria e já pensava na possibilidade de retornar à São Paulo, algum tmepo depois, mesmo que minha família continuasse a morar na então "Princesinha do Atlântico".


Foto área de Macaé Crédito: Cláudia Barreto

Assim como esse ano, o 8 de fevereiro era véspera de carnaval e já cheguei a Macaé no clima dessa festa pagã, o que contribuiu bastante para mudar minhas ideia inicial sobre a cidade. Nesse período vi a cidade crescer e se tranformar na "Capital Nacional do Petróleo", uma vez que o setor off-shore é agora amola mestra da economia dessa bela cidade, que me conquistou em pouco tempo. Nesse tempo, aprendi a gostar e respeitar essa que acabou se transformando na minha cidade.

Acompanhei o crescimento de Macaé e hoje sou macaense, não por nascença, mas por opção. Ainda hoje passo por lugares onde vivi boas histórias de uma Macaé. As vezes passo em lugares trandformados pelo tempo e tenho dificuldade em lembrar o que era ali antes da trasnformação, outros lugares sempre me lembram o que esteve ali antes dessas mesmas tranformações. Infelizmente o progresso vivido pela cidade de maneira desordenada, não nos permite fazer coisas que faziamos naquela época.

Lembro que no meu primeiro ano em Macaé, morava na Costa do Sol e estudava no Castelo, para ir e voltar das aulas íamos eu e meus irmãos pela linha do trem, até a praça do Rodo no Visconde e de lá rumavamos para o tradicional colégio macaense. Assim como íamos a pé ou de bicicleta para a praia. Além disso, outra diversão que tínhamos era ir pescar seja no rio Macaé (na ponte velha ou em frente a atual prefeitura) e na lagoa de Imboassica. Infelizmente, devido a poluição, isso hoje não é mais possível. Fica aqui a torcida para que em breve essas atividades voltem ao lazer dos macaenses.

Assim acompanhei essa querida cidade crescer, crescemos juntos e hoje sei que Macaé teve participação importante na minha formação, pessoal, social e profissional. Obrigado Macaé e que venham pelo menos mais 25 anos dessa convivência.