sábado, 19 de julho de 2014

Manipulando a realidade



Com o registro das candidaturas para as eleições de outubro desse ano, as campanhas começam a ganhar rosto e força e com elas virão as propagandas e as pesquisas eleitorais.

Nessa semana, o Instituto Datafolha, divulgou sua última pesquisa sobre a eleição presidencial. Segundo o Datafolha, Dilma lidera a corrida com 36% das intenções de voto, em segundo parece Aécio Neves, com 20%, em terceiro Eduardo Campos com 8%. Os demais candidatos, não alcançaram 1%. A margem de erro da pesquisa é de 2% para mais ou para menos.

Pela legislação eleitoral brasileira, só acontece segundo turno quando o candidato mais votado, não alcança um número de votos que supere a soma de seus adversários. Pelo o que a pesquisa aponta, não será esse o caso da eleição deste ano. Somando os votos da dupla Aécio Neves e Eduardo Campos chega-se a 28% das intenções de voto, com a margem de erro, podemos chegar a 30%.

Essa soma não supera os números da atual presidenta nem se considerarmos a variação da petista para o cenário mais negativo. Dilma teria 34%, ou seja, teria ainda uma vantagem de 4%, o que eliminaria qualquer possibilidade de segundo turno.

Entretanto, a imprensa hegemônica continua tentando manipular a realidade. Como a pesquisa também levou em conta os possíveis cenários de segundo turno chegaram a conclusão de que no caso de um confronto entre a petista e o tucano, aconteceria um “empate técnico”. Dilma com 44% e Aécio com 40%, com a margem de erro de 2%, existe ai a possibilidade de empate entre os dois candidatos.

Com isso, esses veículos de comunicação, incluindo um jornal de grande circulação que pertence ao mesmo grupo de comunicação que o instituto de pesquisa, estamparam manchetes destacando tal empate técnico. Mais uma vez, a imprensa insiste em “colocar o boi no lugar do bife”, escondendo a realidade. Para ver isso, basta uma rápida pesquisa na internet para ver, o que a imprensa divulgou.

Essa atitude mostra que imparcialidade jornalística é uma peça de ficção em nosso país. A imprensa tem lado e mesmo que tente esconder isso, acaba por deixar suas máscaras cair em algumas situações.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Porto pra quem?




No último dia 16 de julho, acompanhei a segunda Audiência Pública sobre o licenciamento ambiental para a implantação do Terminal Portuário do Barreto e confesso que não gostei do que eu vi. Pouca seriedade e consequentemente muito oba-oba por parte da maioria dos presentes.

Não vejo motivos para a dicotomia entre progresso e meio ambiente, como se a valorização de um, inviabilize o outro. Infelizmente, tal pensamento tem ganhado força nesse debate. Encantados com o aumento na geração de emprego, muitos moradores e principalmente empresários, que logicamente lucrarão com o empreendimento, estão em ampla campanha a favor do porto e mostrando que querem o porto a qualquer custo.

Um velho ditado popular russo, afirma que “quando o dinheiro fala, a verdade se cala” e é isso que temos visto aqui em Macaé. A cidade que já vem sofrendo fortes impactos gerados pela indústria do petróleo verá a situação se agravar de maneira considerável.

Hoje a cidade enfrenta problemas de mobilidade urbana, que ficará ainda pior com a movimentação gerada pelo empreendimento e sem um planejamento sério para sanar essa demanda. O mesmo acontecerá em relação ao fornecimento de água, que já é um problema crônico que atinge toda a cidade e com o aumento de indústrias e da população, será agravada.

Outro problema que afeta diretamente os empregos gerados pelo novo porto. Falta aos moradores da cidade, principalmente aos jovens, uma qualificação que garanta à eles a colocação no mercado de trabalho do setor, que é a cada dia mais exigente e excludente. Com isso, teremos os principais empregos gerados pelo terminal, ocupados por gente de fora e não por macaenses.

Isso tudo, sem falar das questões ambientais, tratadas de maneira visivelmente frágil pelos interessados no porto, como, aliás, na segunda audiência ficou claro com a explanação de vários pesquisadores que fizeram o uso da palavra.

Assim sendo, é hora da população pensar mais sobre a questão e refletir não se o porto tem que vir pra Macaé ou não, até por que ele virá e deve vir sim, mas é preciso pensar e debater sobre como esse porto será implantado na cidade e para quem esse porto representará avanços, para a população ou para os empresários?

segunda-feira, 14 de julho de 2014

É hora de recomeçar

Acabou a Copa e com ela chega ao fim a “Era Felipão/Parreira”, na seleção. A CBF já anunciou que a comissão técnica foi “dissolvida” e que em breve anunciará o novo treinador da equipe. Independentemente do resultado na competição, a saída de Felipão e Cia, já era certo que essa mudança ocorreria pós Copa.

Agora é hora de rever os conceitos e mudar muita coisa no nosso futebol em entidade máxima do esporte bretão em nosso país. É preciso mudar a estrutura e a filosofia do nosso futebol. O sucesso alemão deve nos servir de exemplo, não apenas para a seleção, mas para o futebol como um todo. Nos últimos 14 anos eles revolucionaram o esporte na Alemanha e saíram da crise para a conquista do mundo.

É preciso que o Brasil faça isso também. Mais pelo futebol do que pela seleção. Basta ver que a Argentina, que chegou a uma final de Copa depois de 24 anos, também está muito longe de ser um primor em organização do futebol, talvez ficando atrás até do próprio Brasil. Mas eles mostraram resultado na Copa, coisa que o Brasil não fez.

É preciso que a CBF, repense toda a sua atuação, estrutura, metodologia, filosofia e gestão. Que o novo técnico, tenha competência para reerguer o Brasil e fazer com que nossa seleção volte a ser a grande equipe de até bem pouco tempo atrás. Não acredito que a solução em relação aos técnicos esteja na ideia de trazer técnico de fora. Já escrevi sobre isso e apontei os motivos para não acreditar na vinda dos gringos que transformariam nosso futebol.

Entre os técnicos brasileiros, meus favoritos são Muricy Ramalho, que mesmo com o fiasco no Mundial de 2011 com o Santos, tem histórico para treinar a seleção sim. Outro técnico que vejo como boa opção é o Tite, que fez um trabalho quase perfeito no Corinthians e se credenciou para ser o técnico da seleção.

Existe a possibilidade de a CBF assumir um interino até o final da temporada, o que pra mim seria mais um erro. Acho importante que o técnico escolhido agora fique pelo menos até a Copa da Rússia, em 2018. Teremos agora nos próximos meses amistosos interessantes contra a surpreendente Colômbia de James Rodriguez, Falcao Garcia, Armero e Cuadrado e depois jogaremos com o Equador, que também fez uma boa Copa dentro de suas limitações.

Em seguida teremos pela frente, a Argentina na disputa do Super Clássico das Américas, onde não apenas defenderemos o título como também defenderemos a hegemonia do troféu. Que esse seja o desafio perfeito para sinalizar que o Brasil, estará a caminho de sua reconstrução.


E que em 2015, no Chile o Brasil volte a dar alegrias a sua torcida conquistando mais uma vez a Copa América e garantindo assim uma vaga na Copa das Confederações de 2017, até por que o Brasil precisa defender esse título também.

sábado, 12 de julho de 2014

Eu vejo o futuro consolidar o passado



A literatura mundial é rica em obras de ficção que acabam prevendo o futuro, algumas vezes de maneira positiva, outras de maneira assustadoramente negativa. Pelo visto, agora no Rio de Janeiro, vivemos uma clara consolidação de uma ficção de muitos anos atrás.

A decisão judicial e a ação policial que resultou na prisão e detenção de muitos cidadãos ligados as manifestações sociais, que tiveram seu auge em junho do ano passado, mostra que as autoridades do estado são fãs da obra de ficção Minority Report, escrita pelo estadunidense Philip K. Dick (1928-1982). O livro virou filme em 2002, dirigido por Steven Spielberg e estrelado Por Tom Cruise.

Na história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de crimes de homicídio, prendendo os criminosos, antes que os fatos ocorram. Os crimes são previstos por criaturas conhecidas como Precogs. Até que essas criaturas preveem que o mesmo policial se tonará um assassino e por isso deve ser preso. O enredo da história se passa na luta do policial para provar sua “inocência” e consequentemente manter sua liberdade.

Pelo visto, a justiça e a polícia fluminense vivem uma espécie de “Síndrome de Precogs” e busca agora justificar as prisões arbitrárias, que conta também com a participação de outras forças policiais, a possibilidade de novos protestos violentos, que depredem patrimônios públicos e privados e colo quem em risco a integridade física de terceiros.

Tal ação é uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Para que algum cidadão seja detido, é necessário que exista uma acusação formal contra o mesmo. Não adianta se basear em suposições futuras ações que podem infringir a lei vigente.

É necessário garantir a todo e qualquer cidadão, o direito a manifestação e a liberdade de expressão, direitos que foram atropelados pelos representantes do poder público. Quem extrapolar dos direitos garantidos pela legislação brasileira deve sim ser responsabilizado, mas somente após a consolidação dos fatos. Caso contrário, estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip K. Dick, em Minority Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o final da história não é algo bom.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Criatividade: artigo em extinção



Ao menos no Brasil, tão famoso por sua criatividade, seja no dia a dia, na música, na propaganda, no jeito de ser e no futebol alegre que tanto marcou nosso povo e nossa história. Pelo o que vimos nos últimos dias, o país vive uma séria crise de falta de criatividade.

Não sei se podemos classificar de apagão ou caos criativo, mas vivemos esse sério problema é precisamos nos reinventar para sanar essa questão. Não é de hoje que nossa seleção não tinha um futebol criativo e o resultado no Mineirão, diante da Alemanha mostrou isso, mas agora parece que essa falta de originalidade se espalhou pelo país como se fosse uma epidemia.

Dois dias após a eliminação brasileira na Copa, começaram a espalhar histórias que denunciam uma suposta armação para que o Brasil não ganhasse a Copa, para ter benefícios futuros. Lá vamos nós.

Voltemos no tempo, mais precisamente o dia 14 de julho de 1998, em Paris o Brasil decidia sua segunda copa consecutiva e defendia o título diante dos donos da casa. Após uma historia estranha envolvendo o quadro de saúde do Ronaldo Fenômeno, o Brasil jogou muito mal aquela partida e Zidane decidiu para os franceses, 3 a 0. França campeã e jogando muita bola.

Começava alia “Era de Ouro” do futebol francês, que se estenderia até a Eurocopa de 2000, quando eles foram campeões também. Aos brasileiros restava aceitar a derrota, ver o que deu de errado e retomar o caminho de glórias, que inclusive quatro anos depois nos levou ao penta na "Japéia". 

Mas os brasileiros, aficionados por histórias conspiratórias, levantaram a hipótese absurda que o Brasil vendera aquela Copa, para ganhar o direito de sediar a Copa de 2010. Era preciso arrumar uma justificativa para o vice-campeonato, ainda que fosse uma teoria estúpida como essa.

Diziam que Leonardo e Edmundo teriam declarado que o povo brasileiro sentiria nojo da Copa, se soubessem a verdade sobre o que aconteceu em Paris. O tempo passou e o Brasil não sediou a Copa de 2010, que foi na África do Sul. Mas sediamos a de 2014 e com isso passou a ser senso comum que o Brasil tinha a obrigação de ser campeão.

O Brasil jogou feio, mas vinha fazendo o dever de casa para chegar a final no Maracanã e assim, ser campeão em casa. Mas no meio do caminho tinha a Alemanha, que atropelou o Brasil de maneira implacável, 7 x 1 e o Brasil caia na semifinal. Novamente era necessário buscar justificativas para a vergonha – a maior da história da seleção -.

Foi ai que começaram a divulgar mensagens com declarações de Thiago Silva e de alguns outros jogadores da seleção dizendo que o povo brasileiro sentiria nojo da Copa, se soubesse o que aconteceu em Belo Horizonte. Pronto, era o Brasil mais uma vez vendendo a Copa para ter “ganhos futuros” – que seria sediar a Copa de 2022, que por enquanto, será no Catar –. Ou seja, repetem a mesma ladainha de 98, para tentar explicar o inexplicável.

Só mudam os personagens, mas não se dão ao trabalho nem de inventar outra história da carochinha. Isso comprova que o apagão criativo no Brasil não se limita a seleção e a CBF, mas ao que parece atinge em cheio a muitos brasileiros. Lamentável.

P.S.: A Copa do Mundo de 2022 corre o risco de não ser no Catar, por problemas de clima, denúncias de corrupção e utilização de mão de obra escrava, nas obras da Copa, mas por enquanto a FIFA mantém a Copa no Oriente Médio.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Se fosse para ter um treinador estrangeiro



Após a derrota brasileira no Mineirão e a consequente eliminação do Brasil na Copa de 2014, acabei entrando em um debate virtual sobre a possibilidade de a seleção ser comandada por um treinador estrangeiro. Não é a primeira vez que vejo esse debate e assim como da outra vez, quem iniciou tal questionamento foi a imprensa esportiva, que já fizera isso quando anos atrás a CBF trocou de treinador e o Pep Guardiola vivia seu ano sabático.

Essa situação foi o gatilho para que se iniciasse tal debate. Não era favorável a essa ideia na época e continuo não sendo agora. Entretanto, levanto aqui alguns nomes que poderiam ser lembrados, caso a CBF adote essa medida e aponto, qual desses seria a minha opção.

A primeira opção é obviamente o técnico Guardiola, grande vencedor no Barcelona da época em que o time catalão revolucionou e dominou o futebol mundial. Acho complicado que tal possibilidade se consolidasse, uma vez que Pep ainda está iniciando um trabalho no Bayern de Munique, o que dificilmente permitiria embarcar em qualquer outro novo projeto.

Guardiola é um grande treinador, multi campeão, mas para mim ainda falta um pouco de caminhada para ser o grande treinador que muitos falam. Guardiola é bi campeão da Champions e Mundial e isso o coloca entre os gigantes, mas ainda falta à ele outras conquistas para ser equiparado a outros grandes nomes.

Durante a Copa, surgiram rumores de que Mourinho deixaria o Chelsea para assumir uma seleção, o que é complicado, pois seu trabalho ainda está no início no time londrino, mas em se tratando do luso, nada me surpreende. Acho o portuga um baita técnico, mas não gosto de vê-lo como treinador de uma equipe que eu torça. Já tive essa experiência algumas vezes e mesmo com as conquistas, acho que o resultado geral não foi bom.

Fabio Capello poderia ser um bom nome, entretanto a campanha abaixo das expectativas com a seleção russa nessa Copa e o trabalho focado para a próxima Copa, quando sua seleção jogará em casa, atrapalham qualquer tentativa de tirar o italiano, daquela seleção. Outro ponto negativo para Capello é que seu currículo é menos laureado que o dos treinadores supracitados.

Entre outros grandes treinadores estrangeiros, que vejo como possibilidades nesse caso, temos Carlo Ancelotti e Marcelo Lippi. Ambos da escola italiana, com currículos diversificados e vencedores.

O primeiro, dificilmente viria, pois substituiu José Mourinho no Real faz pouco tempo e seu trabalho já vem mostrando resultado. Os merengues levaram na última temporada a Copa do Rey e a Champions, “La Decima” e o Real ainda ficou em terceiro no Espanhol. Dificilmente o treinador tri campeão da Champions trocaria o time espanhol pela seleção canarinho.

Já o segundo, que ganhou fama internacional durante a passagem pela Juventus e que conquistou bons resultados em equipes menores antes do treinar o time de Turim, atualmente treina o Guangzhou Evergrande, da China.

Lá, ao lado de Conca, foi campeão chinês e asiático e terminou o último Mundial de Clubes em quarto lugar, ao ser eliminado nas semifinais pelo Bayern, que foi o campeão e depois perdeu para o Galo Mineiro na disputa do terceiro lugar.

Além dessa passagem recente pelo futebol chinês, Lippi tem em seu histórico, a conquista de uma Champions em 1996, com a Juventus e o Mundial do mesmo ano com a equipe de Turim. Além das conquistas com os clubes, o italiano foi campeão mundial pela Azurra em 2006, na Copa da Alemanha.

Desta forma, acho que o treinador estrangeiro com melhores chances de treinar nossa seleção seria Lippi, pois tem currículo, tem experiência e não tem problemas tão sérios seja para trocar de projetos e ou sobre acertos financeiros.