sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Carta Aberta a Alan Ghani



Li atentamente seu texto “Fascismo não é de direita. Entenda” publicado no site Infomoney e discordo completamente de sua visão equivocada sobre o tema que se propôs escrever. O mesmo já começa com lugares comuns que dificultam qualquer análise mais profunda e séria sobre a questão. Ao contrário, do que o texto pretende afirmar, fascismo, assim como o nazismo é sim uma ideologia de direita, extrema direita, para ser mais preciso, mas evidentemente de direita.

Não Cuba não é um paraíso social. Os motivos que me levam a afirmar isso possibilitam a publicação de outro texto, para tratar melhor esta questão, por isso não farei isso aqui. E não os EUA e o capitalismo, não são responsáveis por todas as desgraças do mundo, ainda que tanto o país citado como o sistema em questão tenham sim ampla parcela de culpa em uma boa quantidade de mazelas enfrentadas pela humanidade.

Sua definição sobre direita é baseada em mitos criados pelos liberais, para maquiar a realidade, a liberdade individual é algo cada vez mais escasso quando o assunto é mercado, assim como o livre comércio, uma vez que uma pequena quantidade de conglomerados econômicos controla parcelas consideráveis dos mercados mundiais.

O mesmo pode se afirmar sobre a questão da redução da pobreza uma vez que a riqueza das nações desenvolvidas se deu justamente através da exploração das ex-colônias das mesmas, vide a realidade de pobreza na África, que não me deixa mentir.

Já sua visão sobre a esquerda é rasa demais para ser levada a sério. É necessária de sua parte uma maior profundidade sobre o tema, para evitar equívocos como entender que a transição para o socialismo/comunismo passa necessariamente pelo fortalecimento do Estado, mas o controle social do mesmo é algo transitório e não definitivo.

Seu texto torna-se ainda mais contraditório ao afirmar que “... ser de direita é desejar um Estado Mínimo, livre mercado e democracia, como é que os liberais podem ser associados ao fascismo...”. Pois bem, volte um pouco no tempo e veja qual era o posicionamento dos EUA em relação às ditaduras latino americanas. Quem apoiou Pinochet contra Allende? A direita ou a esquerda? E no Brasil?

No Uruguai? Quem apoiou a ditadura daquele país contra os guerrilheiros Tupamaros, que deu à esquerda latino America, nomes importantes como Tabaré Vázquez e José “Pepe” Mujica, apenas para citar alguns exemplos. Não se deve e não se pode negar a história caro Alan Ghani.

Além do mais, se o comunismo/socialismo defende o Estado Máximo e o Nazifascismo também, por que será que nem Mussolini e nem Hitler estatizaram empresas como FIAT, BMW e Mercedes, apenas para citar alguns exemplos importantes? Os bolcheviques estatizaram todas as forças produtivas pós 1917, mesmo com a implantação da NEP “Nova Política Econômica”.

O socialismo/comunismo é algo muito mais próximo do anarquismo do que do fascismo (basta lembrarmos aqui que nomes como Bakunin e Preudhome entre outros, buscaram o anarquismo justamente por pequenas divergências com Marx e os marxistas) ainda que o nazismo tenha surgido de um partido nacional socialista, o que o afasta do socialismo, justamente por que este defende o internacionalismo e não o nacionalismo. Quanto aos exemplos de Reagan e Tatcher, se esses são tão favoráveis a liberdade, por que as forças militares destes países oprimiram tantos povos?

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Síndrome de Minority Report

 Tá chato, tá triste e está feio. Pelo visto uma prática absurda vem sendo cada vez mais corriqueira no Estado do Rio de Janeiro. Há pouco mais de um ano, durante manifestações de movimentos sociais opositores ao governo do estado do Rio de Janeiro, foram alvos de uma ação judicial e também policial, que resultou na prisão de vários manifestantes.

O problema da decisão, judicial que garantiu a ação da polícia é que ela aconteceu de maneira “preventiva”, sem que os detentos tivessem cometido algum crime e para evitar que tais crimes ocorressem, os manifestantes foram detidos previamente. A ação foi rápida e amplamente relacionada ao livro de ficção científica Minority Report, do escritor estadunidense Philip K. Dick (1928-1982) e que virou filme em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Spielberg. Este blog mesmo publicou texto sobre o fato.

Na história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de “crimes de homicídios”, prendendo os “criminosos”, antes de os fatos ocorrerem. Agora, nesta semana, a polícia fluminense mostrou que os “Precogs” continuam vivos e ativos na corporação.

Mesmo sendo uma afronta ao Estado Democrático de Direito, essa história voltou a acontecer no Rio de Janeiro. No último dia 23, a Polícia Militar abordou um ônibus onde 15 jovens estavam a caminho das praias da zona sul e os deteve. O grupo foi encaminhado para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca).

A justificativa para a ação era que os menores poderiam cometer crimes na orla carioca e para evitar que isso acontecesse, a polícia os recolheu. Nada mais parecido com o personagem Precog, da obra supracitada.

É lamentável que as forças de segurança do estado ainda atuem de maneira tão reacionária, preconceituosa e criminosa. Dos 15 jovens, detidos apenas um era branco, os demais, todos negros. Isso sem mencionar o fato de que todos são moradores de áreas carentes da zona norte e da baixada.

Neste caso, fica gritante a ideia de delimitar espaços públicos segregando a população e ainda atropelam a legislação, apenas para manter seus interesses próprios e o status quo. Como escrevi no texto publicado ano passado, “Quem extrapolar os direitos garantidos pela legislação brasileira deve sim ser responsabilizado, mas somente após a consolidação dos fatos. Caso contrário, estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip K. Dick, em Minority Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o final da história não é algo bom”.

Espero que a força policial se desculpe perante a sociedade, liberte os garotos e não repita mais casos estapafúrdios como esse.


Ensaio sobre a Soberba

Desde 2008, que o mundo vem sofrendo com solavancos econômicos, frutos da crise mundial que estourou em 2008. Mesmo tantos anos depois, a economia mundial continua gerando estragos. Quando todos acreditavam que os efeitos da crise já tinham passado, outros fatores econômicos começaram a causar calafrios nos especialistas.

Desde o ano passado, que o governo brasileiro, vem buscando formas de enfrentar a crise e mesmo com muitas lambanças, vem conseguindo aos trancos e barrancos melhorar a situação, ainda que de maneira atrasada, como inclusive reconheceu esta semana. Entretanto, o mesmo não se pode afirmar sobre a imprensa nacional.

Cerca de um mês atrás, o jornalista Ricardo Noblat, escreveu que a crise vivida pelo país hoje, não é fruto da realidade econômica mundial, que segundo o blogueiro, ela não existe mais. Outro que seguia a mesma linha foi Gustavo Franco, que comandou o Banco Central anos atrás. O economista afirmou que a crise pela qual o país passa não vem de fora, mas foi auto infligida, restringindo-se ao Brasil.

A revista Exame, importante veículo econômico chegou a publicar que o mundo já estava recuperado da crise e que o resto do mundo já tinha se recuperado. E o ex-ministro Armínio Fraga, cotado para retomar a pasta da economia caso o PSDB retornasse ao Planalto. Fraga declarou que a crise mundial acabou em 2009.

Tal comportamento demonstra apenas que a principal característica da imprensa brasileira e dos ditos especialistas é a soberba. Atualmente acompanhamos a retração de economias importantes como a da Zona do Euro, a da Rússia, o Japão, que está em recessão faz muitos anos e ainda tem a crise financeira na China, com sérios problemas nas bolsas de valores.

Isso sem falar da situação de vários países produtores de petróleo que enfrentam dificuldades econômicas devido ao preço baixo do barril desta importante commoditie. Atualmente a Noruega, que tem no setor petróleo uma importante ferramenta de desenvolvimento econômico e social, vive sua maior crise em relação ao desemprego. O índice do país nórdico chega hoje a 4%¨, o que para os padrões de lá, é algo estratosférico.


A realidade atual das economias destes países mostra que a imprensa brasileira, deve ao menos um pedido de desculpas por negar uma realidade que atualmente é impossível negar. A crise econômica mundial existe e a soberba da imprensa brasileira continuará prejudicando a sociedade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

E lá se vão seis anos

Em uma quarta-feira, 19 de agosto de 2009, foi publicado o primeiro texto do Blog O Observador, a pauta era a triste realidade do sistema carcerário brasileiro, que não mudou nada de lá pra cá. O blog que surgiu com a idéia de tratar apenas sobre comunicação, mas com o tempo acabou abraçando outros temas e já publicou também sobre política, direitos humanos, esporte e cultura.


De lá pra cá, foram centenas de textos mostrando inclusive a diversidade editorial do mesmo. Algumas sessões surgiram neste tempo e se esgotaram tempos depois. Nesses anos, o blog expôs opiniões sobre temas diversos e apresentou figuras importantes para a sociedade. Entre os personagens citados, estão figuras como Dom Hélder, Fanon, Gramsci, Kátia Abreu entre tantos outros.


Apesar de ficar por diversas vezes por longos períodos sem novas publicações, o espaço segue firme, inclusive abrindo espaço para outros escritores. Que venham mais textos diversos sobre temas variados, apresentando nomes importantes para a sociedade que são poucos conhecidos pela ampla maioria da população.