segunda-feira, 30 de setembro de 2013

É preciso reformular o Corinthians, mas o Tite fica

Já estou há algum tempo para escrever sobre a situação complicada que o Corinthians está atravessando desde o início do mês. Já se vão 29 dias da importante vitória por 4 a 0 sobre o Flamengo no Pacaembu, no dia do aniversário do Corinthians. De lá pra cá, acabaram-se as vitórias e o time vem acumulando uma sucessão de empates e derrotas que tiraram o time da luta pelo título e ou por vaga na Libertadores e o colocou na luta para conseguir uma vaga na Sul Americana, ou até para não cair.


Nesse período, muito tem se falado sobre os possíveis motivos para a queda de rendimento do time. É evidente que a conquista da Recopa Sul Americana, foi o fim de um ciclo mais do que vitorioso, iniciado seis anos atrás, quando o time foi amplamente reformulado após o traumático rebaixamento. De lá pra cá o time veio em uma crescente inédita, no futebol mundial, conquistando a série B de 2008, a Copa do Brasil e o Paulista de 2009, o Brasileiro de 2011, a Libertadores e o Mundial de 2012, o Paulista e a Recopa de 2013.


Pois é, o ciclo se fechou e o time precisa ser reformulado. É preciso que a torcida entenda que não se pode ganhar sempre, ainda que os últimos anos tenham acostumado mal a fiel torcida. Mas ainda é possível que o time chegue ao terceiro título no ano, prolongando um pouco mais esse ciclo vitorioso, conquistando a Copa do Brasil.


É um caminho difícil, mas é a única forma de o time ganhar um título nesse final de ano. Não adoto o discurso de que o time precise salvar o semestre, até por que com a Recopa, o segundo semestre já está salvo e o Paulistão salvou o primeiro. As conquistas recentes fizeram o Corinthians ganhar títulos de forma corriqueira e em intervalos menores do que seis meses. Mas, para manter-se no topo, é necessário uma reformulação.


Entretanto, acredito que ao contrário do que muita gente anda falando por ai, essa reformulação não deve passar pela demissão do técnico Tite, ainda que lembrem que Mano Menezes, responsável pelas conquistas iniciais do Corinthians nesse período, esteja disponível no mercado, para uma possível substituição.


Sempre entendi e desejei que o Corinthians fizesse com o Tite, o mesmo que grandes clubes europeus fizeram e ou ainda fazem com seus técnicos. Alex Ferguson ganhou tudo com o Manchester United, ainda que nesses 25 anos, tenha passado por períodos complicados como acontece agora com Tite. O mesmo serve para o francês Arsène Wenger, no Arsenal, que está no clube faz 14 anos e não tem nem de longe um currículo como o de Ferguson no Manchester, ou do Tite no Corinthians.


É necessário reformular o elenco, inclusive rejuvenescendo o mesmo, fazendo com que muitos medalhões com idade avançada e que fizeram história no time, percam espaço. Emerson Sheik é um que deveria ter cada vez menos espaço, afinal não vem rendendo já faz um tempo, o que faz com que seja natural sua permanência na reserva.


Alessandro, que até tem jogado bem nas partidas que participou, irá se aposentar ao final dessa temporada, o que é lógico, afinal a idade já atrapalha sua atuação, além de Alessandro e Sheik, outros jogadores devem perder seus espaços, mas devem ser substituídos por jogadores que tecnicamente podem fazer as funções desses medalhões, como vem acontecendo com Romarinho em relação a Alexandre Pato, que não pode utilizar a idade como justificativa para as atuações abaixo do esperado.


Guerrero precisa voltar a jogar como no final da temporada passada, espero que as convocações para a seleção parem de atrapalhar seu futebol no Corinthians, que hoje se mostra dependente desse jogador. Cássio é outro que precisa retornar a fase que estava na Libertadores e no Mundial.


Mas além disso tudo é fundamental que o Corinthians acorde já para a partida contra o Bahia, na próxima rodada, para voltar a ganhar e conquistar pontos e posições importantes no Brasileiro e assim não chegar desmotivado ao jogo decisivo contra o Grêmio na Copa do Brasil. Ganhá-la, não é obrigação, mas é a única forma de o Corinthians jogar a Libertadores do ano que vem, quando irá inaugurar seu estádio.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O monopólio da crítica

Já faz algum tempo que uma boa parcela da população brasileira, vem demonstrando um comportamento estranho, como se fosse uma síndrome. Refiro-me ao comportamento demonstrado por essa parte da sociedade, em relação às críticas. Eles demonstram ter a síndrome do monopólio da crítica, arvorando somente a membros desse seleto grupo o direito de criticar os outros.

Vivem a apontar o dedo para os erros dos outros, mas não aceitam quando apontam seus erros e ou exageros. Quando isso acontece, esses senhores ficam a taxar seus críticos de censores e intolerantes, quando na realidade os intolerantes são eles. Vivem a adotar um discurso, que não se sustenta em suas práticas, exploram os erros de seus adversários, mas se omitem em relação aos erros de seus aliados, ainda que tais aliados sejam apenas momentâneos.

Nesse grupo, podemos ver claramente a grande mídia brasileira, que vive a denunciar as mazelas da classe política, mas fazem isso apenas contra um determinado grupo, ignorando os erros dos grupos que apoiam a mídia hegemônica. Vive na prática, a famosa máxima: “Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”.

Ao fazerem isso, demonstram apenas que vivem somente de discurso, fazendo de tudo para mantê-los, ainda que os mesmos não tenham sustentação e quando alguém aparece para mostrar que o rei está nu, ficam a tentar desqualificar seus críticos e ainda se apoiam em uma visão distorcida da liberdade de expressão, para justificarem suas contradições e seu comportamento equivocado.

É necessário que essa parte da sociedade entenda que o direito a crítica, não pode ser objeto de monopólio, isso é da democracia, assim como a liberdade de expressão também é. Querem utilizar o legítimo direito de liberdade de expressão? Façam bom uso dele, mas para isso é necessário entender que o mesmo é uma via de mão dupla e como já diz a cultura popular, vento que venta lá, venta cá. 

Querem expor suas visões conservadoras e reacionárias? Exponham, mas aceitem a taxação das mesmas como conservadoras e reacionárias, sem recorrer ao discurso vazio, ainda que muito em moda de taxar alguém ou algum discurso como politicamente correto. Se querem falar o que pensam, falem, mas garantam aos outros o mesmo direito, esse comportamento é fundamental para o bom funcionamento da democracia.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dois pesos e duas medidas


Esta semana tivemos a divulgação do resultado das eleições na Alemanha e como já era esperado Angela Merkel, conquistou mais um mandato de quatro anos. Com isso a alemã que vem se mostrando como a nova Dama de Ferro do velho mundo, chegará a 12 anos consecutivos como Primeira Ministra.

Confesso que para mim, é estranho ver a reação de muitos brasileiros em relação a esse fato. Muitos justificam a reeleição de Merkel com clichês como “Em time que está ganhando não se mexe”, ou ainda ressaltando seu “exemplo de liderança”. Apesar de discordar do posicionamento político de Merkel, não utilizarei esse espaço para fomentar um debate sobre essa questão. Meu foco aqui é outro.

Lembro que aqui na América do Sul, vários presidentes conseguiram se manter no poder por períodos iguais e ou parecidos e muitos dos que hoje louvam Merkel pelo feito atingido essa semana, criticavam os presidentes latino americanos que ficaram tanto tempo no poder.

Estes eram taxados de “ditadores”, como foi o caso do venezuelano Hugo Chávez (1954-2013), que se não tivesse falecido de câncer em março deste ano, estaria governando a Venezuela pelo terceiro mandato seguido. Outro que quase sofreu esse tipo de crítica foi o ex-presidente Lula, quando se levantou a possibilidade de mudar a legislação para se garantir o direito a disputar um terceiro mandato.

Esse comportamento mostra algumas coisas importantes. Primeiro por que derruba máscaras deixando o conservadorismo a mostra de todos e segundo que esses conservadores não se envergonham de apontar que a história dos dois pesos duas medidas é válida sim. Afinal para conservadores como Angela Merkel, ou Jacques Chirac, três mandatos são possíveis e válidos sim, para progressistas como Chávez e Lula, não.

domingo, 22 de setembro de 2013

Carta Aberta às petrolíferas

Recentemente acompanhamos pelo noticiário internacional, o desfecho de mais uma ação do Greenpeace, na Rússia contra a exploração de petróleo no ártico, prática já comum na terra dos czares e que vem ganhando força para se alastrar pelo mundo.

É imprescindível que a exploração de petróleo na região do ártico, seja interrompida o quanto antes. O ártico deve ser encarado como uma área permanente de conservação, o que por si só inviabilizaria qualquer ação humana que degradaria a região, o que evidentemente acontecerá, caso a indústria do petróleo se instale por lá.

Aos que justificam a inciativa com o argumento de que o progresso pede, tais investimentos, respondo que é necessário que se busque novas áreas de exploração em locais mais apropriados para tal atividade no que diz respeito a questão ambiental. Também é preciso ampliar os investimentos em novas tecnologias de geração de energia, para garantir sua utilização como meio de substituição da energia gerada pelo petróleo.

É necessário assegurar que a preservação ambiental prevaleça diante dos lucros imediatos e ou futuros, tão propagados pela sociedade atual. Por isso o apoio a campanha capitaneada pelo Greenpeace é primordial para assegurar um desenvolvimento sustentável tanto no âmbito social como no econômico.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nietzsche vive



É estranho, mas no Brasil dos dias de hoje, o filósofo alemão Friecrich Nietzsche(1844-1900), parece ainda estar vivo e muito vivo, mesmo já tendo se passado 113 anos de seu falecimento, parte de seu pensamento continua bem viva em nossa sociedade. Refiro-me a frase: “Não existem fatos, apenas interpretações”. O caso do mensalão, ou ação penal 470, mostrou que para muitos o filósofo alemão ainda está bem atual.

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, ter declarado voto favorável aos embargos infringentes impetrados pela defesa dos réus no processo, o que é legal, pois faz parte do direito a ampla defesa, pilar fundamental do Estado Democrático de Direito, boa parte da sociedade vem se manifestando de forma contrária a decisão do magistrado.

A manifestação contrária de opiniões também é legítimo em uma democracia e isso não está ameaçado em nosso país, Mas o que causa estranheza é que muitos dos críticos dos embargos agora apresentados, tinham e ainda tem posições contrárias com relação o recurso em outros casos.

Vejamos o caso da Globo, reduto de críticos da decisão do STF, que desde o princípio do escândalo do mensalão sempre fez campanha pró condenação, ainda que para isso fosse necessário o atropelo da lei, típico de legislações de exceção, como as ditaduras, inclusive as brasileiras que o Globo e a família Marinho sempre apoiaram, desde o Estado Novo, até o regime militar, que o próprio grupo reconheceu o apoio em editorial publicado recentemente.

Pois bem, a televisão dessa grande corporação, tempos atrás foi processada por sonegação fiscal e para não cumprir as penalidades cabíveis no caso, recorreu e continua a recorrer com recursos judiciais, nas mais variadas instâncias, já fazendo inclusive o uso dos tais embargos infringentes, que agora no caso do mensalão ela fica a criticar.

Fica a dúvida. Por que será que no caso da vênus platinada, esse recurso é algo válido e no caso dos mensaleiros não? Seria a Globo seguidora do pensamento de Nietzsche, achando possível que a interpretação de sua situação judicial, permite tal subterfúgio e no caso agora amplamente acompanhado por todo o país isso não é válido? Se as Organizações Globo acreditam piamente que os embargos servem apenas para protelar o julgamento “preparar a pizza”, por que ela ainda não desistiu de recorrer e se acertou com a justiça cumprindo as penas cabíveis?

É necessário que se tenha coerência com os discursos, afinal como já afirmava o também filósofo Karl Marx (1818-1883): "A prática é o critério da verdade", ou seja, de nada serve ter um discurso  destoante da prática, algo infelizmente tão comum nos dias de hoje em nossa sociedade.