terça-feira, 28 de abril de 2015

Dona Torr marxista e feminista

Importante historiadora marxista, Dona Ruth Torr, nasceu na Inglaterra em 28 de abril de 1883, que influenciou diversos historiadores ligados ao Partido Comunista. Ganhou destaque como tradutora de importantes obras do marxismo e escreveu ainda a biografia não acabada do ativista trabalhista Ton Mann “Tom Mann e suas Épocas”.

Oriunda de uma família da aristocracia britânica, que se formou antes da Primeira Guerra Mundial e trabalhou como bibliotecária no Daily Herald, onde conheceu Walter Homes, que anos depois se tornou seu marido. Como militante do Partido Comunista Britânico, atuou no auxílio a diversas obras e publicações do mesmo.

Atuou na Greve Geral de 1926 em Londres e viajou para Moscou como tradutora para o V Congresso da Internacional Comunista, que tinha como idioma oficial, o alemão, que ela dominava. Atuava também no Instituto Marx-Engels, onde traduzia para o inglês, as obras do instituto.

Torr atuou de forma dedicada, na editora do partido, que publicou obras também sobre a Revolução Inglesa de 1640, no ano do tri centenário da mesma. Em 1936, Torr passa a promover estudo histórico dentro do Partido Comunista e paralelamente incia a biografia sobre Tom Mann.

A partir de seu trabalho no partido, Dona Torr passa a ter papel ativo na formação de novos historiadores, com os quais desenvolveu trabalhos que promoviam o uso da análise marxista no campo da “História do Trabalho”. Além de uma compreensão sofisticada do marxismo-leninismo, ela não demonstrava a adoção de metodologias originais.

Mesmo não tendo uma atuação original nas questões metodológicas entre os pesquisadores, Dona Torr, ganhou destaque importante entre os pensadores marxistas, justamente por sua vasta obra relacionada ao pensamento originado em Marx. Sua obra também se destaca nas questões referentes ao feminismo.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Carta aberta à Marcelo Rubens Paiva

O bom de ser viver em regimes democráticos e que podemos expressar nossas opiniões, concordando ou não com a dos outros. Reconheço a importância da Vênus Platinada na questão do entretenimento no Brasil, suas produções são referência em todo o mundo e isso é inquestionável. Entretanto, não posso concordar com a afirmação: “Ainda bem que tem a Globo”.

Não também não concordo com as pautas apresentadas pelos manifestantes que pediram a cassação da concessão da emissora, mas acho que é uma pauta válida, apenas fora de hora. Não sou fã dos bordões/palavras de ordem como “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, acho que é fazer este importante debate, que é a democratização da comunicação, de uma forma rasa e torta demais.

Mas ainda assim, não é possível corroborar, com as manifestações pró-Globo. Conheço algumas histórias envolvendo a emissora, que são dignas de histórias das máfias. Por isso, mesmo respeitando muitos profissionais que lá estão, não tenho motivos para comemorar esta boda.

Não caio neste papo furado de que sem a Globo teríamos o que? Não acho que as falhas de seus concorrentes, justifiquem as lambanças de ninguém. Também acho muito relativizado este debate sobre governos democráticos na América Latina. Quanto ao novo marco regulatório para as comunicações, sempre defendi esta tese, justamente por não entender que a regulação, tenha relações com a censura, como muitos querem acreditar.

Com as comemorações dos 50 anos, era evidente que ela exaltaria sua história que tem sim, muita coisa boa. Seria muito estranho, se não ridículo, que nas comemorações deste cinquenta anos, eles exibissem documentários, como “Muito Além do Cidadão Kane”.

Quanto a questão da cassação da outorga, acho que o que deveria ser feito é, ao final do contrato de concessão, o governo, que o concedente deve avaliar o que foi cumprido do mesmo e o que não foi. Caso, haja base jurídica para o encerramento do mesmo, ele deve não ser renovado.

Edward Murrow: revolucionando o rádio jornalismo

Um dos principais nomes do jornalismo estadunidense, Edward Murrow, nasceu em 25 de abril de 1908. Ganhou destaque com uma série de transmissões radiofônicas de notícias durante a Segunda Guerra Mundial, que foram acompanhadas por milhões de ouvintes nos Estados Unidos e no Canadá. Foi um destacado correspondente de guerra, admirado por sua integridade e honestidade no exercício da profissão.

Pioneiro da televisão, Murrow produziu uma série de reportagens televisivas, que sofreram censura por parte do senador Joseph McCarthy. Essa série de reportagens levou a decadência do senador e a reversão de parte das perseguições políticas que o Macarthismo provocou. O filme Boa Noite e Boa Sorte retrata, tanto Murrow, como também este conturbado período da história dos Estados Unidos.

Edward Murrow começou a ganhar destaque internacional, em 1938, quando em março, Adolf Hitler anexou a Áustria. Murrow estava na Polônia, organizando a transmissão da apresentação de coros infantis e foi informado do ocorrido e passou a cobrir os fatos. Chegou a voar de Varsóvia, na Polônia, para Viena na Áustria, para realizar uma cobertura mais ampla dos fatos.

Atendendo um pedido da CBS New York, onde trabalhava Murrow montou uma central de notícias sobre a anexação da Áustria pelos nazistas e a reação a isso. Em 13 de março, o especial entrou no ar com notícias vindo não apenas da Áustria, mas também da Inglaterra, Estados Unidos e França, repercutindo a reação a esta invasão.

Essa transmissão foi considerada revolucionária para a época e serviu de base para, a série de notícias, que a CBS criou logo depois dessa transmissão e que vem mantendo até hoje.

domingo, 26 de abril de 2015

Pensando a relação entre comunicação e sociedade

Domique Wolton nasceu em Douala, Camarões em 26 de abril de 1947, tem a nacionalidade francesa e atua como pesquisador na área de Ciências da Comunicação. Licenciado em Direito e pós-graduado em estudos políticos, Doutor em sociologia é especialista em mídia, espaço público, a comunicação política e as relações entre ciência tecnologia e sociedade.

Autor de trinta livros traduzidos para vinte idiomas e também de vários artigos sobre o tema, Dominque Wolton, tem ampla participação em programas de televisão, ao lado de nomes como Raymond Aron e Jean-Marie Lustiger. Suas pesquisas têm contribuído na questão do direito à comunicação e à democracia, em detrimento das questões técnicas e ou econômicas.

Em 1988, fundou a revista internacional Hermes, ligada ao Centro Nacional de Pesquisa Científica CNRS, do qual também é diretor. A revista é dedicada ao estudo interdisciplinar de comunicação nas suas relações com os indivíduos, técnicas, culturas e sociedades.

Em 35 anos de pesquisa, Dominique Wolton vem explorando dez grandes temas: o individual e do casal; trabalho; mídia; espaço público e comunicação política; Informação e jornalismo; Internet; Europa; diversidade cultural e globalização; relatórios de ciência-tecnologia-empresa; conhecimento e comunicação.

Wolton tem trabalhado muito, questões relacionadas a mídia, a internet, a Europa e a comunicação política, além das consequências da globalização da informação e da comunicação. Para ele, informação e comunicação são um dos principais problemas políticos do século XXI. Em seu livro “A informação é não comunicar”, publicado em 2009, ele popularizou o termo “falha de comunicação”.

Em seu livro “Pensando a Comunicação” publicado em 1997, Dominique resume e explica três hipóteses levantadas através de sua pesquisa sobre comunicação empresarial.

A comunicação é uma característica essencial da modernidade. Se a comunicação se tornou tão popular em nossa sociedade é que é tanto uma necessidade básica como uma condição de modernização. Para Wolton, a comunicação é o que define o ser humano, permitindo que eles se expressem, estabelecendo contato uns com os outros.

Wolton defende ainda que a comunicação reflete dois grandes movimentos contraditórios, pois ao mesmo tempo em que atua em favor da liberdade individual e em favor da igualdade, ela desempenha um papel funcional na criação e organização de ligações entre as grandes massas da economia mundial. Wolton destaca ainda em suas pesquisas o papel desempenhado pela recepção em todas as questões levantadas pela comunicação.

Em 2000, Dominique Wolton recebeu o Prêmio Georges Pompidou e o Prêmio Livro France Télévisions.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Aprovação do voto distrital avança no Brasil

Após retomarem os trabalhos, interrompidos com pelo feriado de Tiradentes, a Comissão de Constituição e Justiça, do Senado (CCJ), aprovou, no último dia 22, o voto distrital para a eleição de vereadores. A proposta prevê que a mudança terá caráter experimental e será aplicada inicialmente, apenas nos municípios com mais de 200 mil eleitores.

Segundo a proposta, os municípios serão divididos em distritos eleitorais em número igual ao de cadeiras no legislativo municipal e cada partido poderá inscrever apenas um candidato por distrito. O projeto altera lei eleitoral e a ideia dos senadores é que a mudança seja aprovada até outubro deste ano, podendo já ser adotada nas eleições de 2016.

A divisão dos municípios em distritos ficaria a cargo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), tendo como critérios para isso, contiguidade territorial e igualdade de voto entre todos os eleitores. A lei prevê ainda que a diferença entre o número de eleitores entre o distrito mais populoso e o menos populoso, não pode ultrapassar 5% do eleitorado total do município.

Para o autor do projeto, o senador José Serra (PSDB-SP), o voto distrital é viável, pois reduz o número de candidatos e os custos das campanhas, além de ampliar a aproximação entre eleito e eleitores. O senador defende ainda que a eleição para vereadores é a melhor oportunidade para iniciar esse experimento e servir de base para a adoção do mesmo nas eleições para deputados estaduais e federais.

Para o relator do projeto no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o sistema distrital deve atingir cerca de 90 municípios em todo o país, que são as cidades que já realizam segundo turno. Como são as cidades, mais populosas do país, o senador acredita que cerca de 30% dos eleitores brasileiros, sejam atingidos pela mudança.

Já o Líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), afirma que a alteração na legislação, torna-se inconstitucional ao violar o princípio da representação proporcional, presente no artigo 45 da Constituição Federal. Não havendo recurso, para ser votado no plenário do Senado, o projeto seguirá para a apreciação e votação na Câmara dos Deputados.

Uma das críticas à adoção do sistema de voto distrital é que com essa mudança, os vereadores passarão a atuar como uma espécie de “pequenos prefeitos”, pois autuariam apenas visando os interesses da população daquela determinada área e não de todo o município, atrapalhando inclusive a fiscalização do trabalho do Executivo, que é uma das principais funções do Poder Legislativo.

Para os defensores da mudança, o voto distrital permite o aumento no controle sobre os políticos, permitindo que o eleitor faça uma pesquisa mais profunda sobre o histórico de cada parlamentar, conhecendo a fundo suas propostas. Para o político, a mudança permite um contato maior com o seu eleitor, garantindo mais clareza na prestação de contas da atuação política do mesmo.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Giorgio Agamben – Intelectual multifacetado




Autor de obras que tratam desde a estética, até a política, Giorgio Agamben é um filosofo muito conhecido por seus trabalhos referentes aos conceitos de Estado e exceção e o homo sacer.

Nascido em Roma no dia 22 de abril de 1942, formou-se em direito em 1965, defendendo uma tese onde falava sobre o pensamento politico de Simone Weil, participou de seminários promovidos por Martin Heidegger, no fim dos anos 60.

Em 1974, mudou-se para Paris, onde lecionou na Universidade de Rennes 2 – HauteBretagne. No ano seguinte trabalhou em Londres. Entre os anos de 1986 e 1993, dirigiu o Collège International de Philosophie em Paris. Nos anos de 1988 e 2003, lecionou nas universidades de Macerata e Verona. Ainda em 2003, passou a lecionar estética e filosofia no Instituto Universitário de Arquitetura (IUAV), de Veneza, onde permaneceu por seis anos.

A partir de 2009, decidiu abandonar a atividade de ensino nas universidades italianas. Atualmente dirige a coleção “Quarta Prosa”, da editora Neri Pozza, na Università IUAV em Veneza. A sua produção se concentra nas relações entre a filosofia, a literatura, a poesia e principalmente a política.  

Agamben, também chegou a lecionar em universidades estadunidenses como Berkeley, a Northwestern Univerity em Evanston e a New York Univerity, como professor visitante, porém deixou de dar aulas naquele país, quando decidiu não mais entrar nos Estados Unidos, em protesto contra a política de segurança do governo Bush. Ele também chegou a lecionar na Universidade Heinrich Heine, em Düsseldorf, na Alemanha.

Giorgio Agamben, também é o responsável pelas edições em italiano das obras de Walter Benjamin. Entre as publicações principais, destacam-se Bartleby, la formula dela creazione (1993), uma analise da figura de um escrivão que deixa de escrever – preferia não -, que é quase reflexão indireta sobre o seu próprio método de escritor e filósofo.

Outra obra de Agamben, que se destaca é o projeto no qual se dedica, desde os anos 90 e que trata de uma figura singular do antigo direito romano: o Homo Sacer – Homem Sagrado -. A primeira parte deste estudo, Homo sacer: Il potere sovrano e la nuda vita, foi publicado em 1995 e é um estudo que leva Agamben, ao reconhecimento internacional.


Em 2006. Agamben, é laureado com o Prix Européen de I´Essai Charles Veillon. Há tempos, Giorgio Agamben vem construindo uma obra extensa que visa dar conta, entre outras coisas, aos desafios próprios à ação política na contemporaneidade. Também é autor juntamente com Deleuze, de trabalhos sobre teoria literária e filosofia, sua contribuição para o pensamento politico tem-se revelado muito significativa, principalmente no âmbito da reflexão biopolítica.