segunda-feira, 25 de maio de 2015

A mente brilhante permanece viva

No último sábado 23, um dos maiores pensadores estadunidenses contemporâneos faleceu, vítima de um acidente de trânsito. John Forbes Nash Jr., estava acompanhado de sua esposa, quando sofreu um acidente em um táxi na cidade de Nova Jérsei. Nash tinha 86 anos e sua esposa Alicia, que também faleceu, tinha 82.

Matemático de destaque, John Nash nasceu na cidade de Bluefield, no dia 13 de 1928, que trabalhou com teoria dos jogos, geometria diferencial e equações diferenciais parciais. Atuou como Matemático Sênior de Investigação na Universidade de Princeton. Em 1994, dividiu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas com Reinhard Selten e John Harsanyi.

Teve sua vida retratada no filme Uma Mente Brilhante, vencedor de quatro Oscars, dos oito em que fora indicado. O filme baseou-se no livro biográfico de mesmo nome, que apresentou seu gênio para a matemática e sua luta contra a esquizofrenia.

Filho de um engenheiro eletricista e uma professora de inglês, Nash era na infância leitor assíduo da revistas Time e Life e da Enciclopédia Compton. Chegou a trabalhar em um jornal diário, o Bluefield Daily Telegraph. Com 12 anos começa a realizar algumas experiências científicas em seu quarto, já deixando transparecer uma característica que o marcou por boa parte de sua vida: o gosto pela solidão.

Nash passou a relacionar sua rejeição social com piadas e superioridade intelectual, acreditando que danças e esportes era uma distração em relação a seus estudos e experimentos. Em sua autobiografia, Nash aponta que o livro Homens da Matemática, de Eric Temple Bell, em especial o ensaio sobre Pierre de Fermat, despertou seu interesse pela área. 

John fez o ensino secundário no Colégio de Bluefiled e mais tarde frequentou a Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburg, na Pensilvânia, onde estou engenharia química, antes de mudar para matemática. Em 1948, recebe conjuntamente seu bacharelado e seu mestrado, no Instituto Carnegie.

Após se formar, Nash passa a trabalhar em White Oak, em Maryland, onde atuou em um projeto da Marinha dos Estados Unidos, dirigido por Clifford Truesdell. Depois deste período, ingressa na Universidade de Princeton, para onde fora convidado pelo então presidente do departamento de matemática Solomon Lefschetz. Nash também fora aceito em Harvard, mas acabou convencido de que Princeton o valorizava mais.

Em Princeton, desenvolveu a teoria do Equilíbrio de Nash e obteve doutorado em 1950, com uma tese sobre os jogos não cooperativos, escrita sob a supervisão de Albert Willian Tucker, continha definições e propriedades daquilo que mais tarde ficou conhecido como Equilíbrio de Nash. Estes estudos resultaram em três artigos: “Pontos de Equilíbrio em Jogos de N-Pessoas”, “O Problema da Barganha” e “Jogos Cooperativos de Duas Pessoas”.

Desenvolveu trabalhos importantes na geometria algébrica e na matemática pura, como o Teorema do Encaixe de Nash. Em 1951, vai para o Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), onde trabalha como instrutor de matemática. Lá conhece a jovem Alicia López-Lardé de Harrison, nascida em El Salvador que estudava física, no MIT. Nash e Alicia se casam em 1957. Dois anos depois Alicia o envia para um hospital psiquiátrico, para se tratar da esquizofrenia. John Charles Martin Nash, filho do casal, nasce pouco tempo depois que o pai é internado.

Em 1963, Nash e Alicia se divorciaram, mas sete anos depois da separação, voltam a morar juntos em uma relação baseada apenas no companheirismo. Após Nash ganhar o Nobel em 1994, ele e Alicia retomam o relacionamento e se casam novamente em 1 de junho de 2001. Com o passar do tempo, ele começa a apresentar melhoras em relação a esquizofrenia.

Em 1978, Nash ganhou o Prêmio Teoria John Von Neumann, por conta do trabalho que resultou no Equilíbrio de Nash. Pelo mesmo trabalho, recebeu em 1999 o Prêmio Leroy P. Steele.  Nash também foi o criador de dois jogos populares. Em 1942, ele desenvolveu o Hex e em 1950, criou o So Long Sucker, com Melvin Hausner e Lloyd Shapley. Em 2010, John Nash esteve presente na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), durante o II Encontro da Sociedade Brasileira de Teoria dos Jogos em comemoração aos 60 anos da Teoria do Equilíbrio de Nash. John Nash deixa sua trajetória e sua mente brilhante como motivação para novos pensadores.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Andrei Sakharov, físico, comunista e humanista

Dia 21 de maio, é dia de memorarmos um dos grandes pensadores do antigo regime soviético. Físico nuclear, responsável pelo designer do programa de desenvolvimento de armas termonucleares, Sakharov também se destacou internacionalmente como defensor das liberdades civis e das reformas na União Soviética.

Em 1975, Sakharov recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Filho de um professor de física e uma pianista entrou para a Universidade de Moscou em 1938. Formou-se no ano de 1941, quando vivia em Asgabate, que hoje pertence ao Turcomenistão. A mudança de cidade se deu por causa da Grande Guerra Patriótica, como é conhecida na Rússia a Segunda Guerra Mundial.

Após se formar, passou a trabalhar em um laboratório na cidade de Ulyanovsk. Em 1943, casou-se com Klavidia Alekseyevna Vikhireva, com quem teve três filhos. Dois anos depois retorna à Moscou para estudar no Instituto de Física da Academia Soviética de Ciências (FIAN). Em 1947, torna-se Ph.D.

Andrei Sakharov estudou os raios cósmicos e teve atuação de destaque juntamente com Igor Kurchatov no desenvolvimento da primeira bomba de hidrogênio, feita no mundo e desenvolvida na União Soviética e que teve seus primeiros ensaios no ano de 1953. Esse feito o colocou na Academia das Ciências da União Soviética. Entretanto, Sakharov não demorou em militar entre os defensores da limitação dos armamentos nucleares.

Propôs a ideia de gravidade induzida como teoria alternativa à da gravitação quântica. Em 1965, passou a atuar na defesa da desestalinização efetiva do país e do partido. Escreveu “A Liberdade Intelectual na URSS e a Coexistência Pacífica”, publicada no exterior em 1967 e que lhe rendeu lugar de destaque entre os opositores do regime, que vigorava no país.

Foi apoiador e amigo do escritor Aleksander Solzhenitsyn (1918-2008), mesmo não escondendo seu desacordo com o romantismo místico do escritor. Denunciou os gulags, os internamentos arbitrários e outras violações da Constituição Soviética e dos Direitos Humanos.

Casou-se com Yelena Bonner, ativista dos Direitos Humanos em 1972. Em 1975, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, mas foi impedido de recebê-lo em Oslo, na Suécia. Só passou a ter livre circulação, após a chegada de Mikhail Gorbachev e a implantação da Glasnost e da Perestroika.

Antes disso a opinião pública internacional fez pressão para a liberação do trânsito de Sakharov, que chegou a fazer greve de fome no intuito de conseguir tal liberação, mas ela não aconteceu.

Obteve a investidura da Academia das Ciências e foi candidato ao Congresso, conseguindo se tornar deputado, após um processo eleitoral complicado, onde enfrentou uma forte obstrução processual. Faleceu em 14 de Dezembro de 1989, vítima de um enfarte no miocárdio. Esta sepultado no Cemitério Vostryakovskoe, em Moscou.  

Em sua homenagem, a União Europeia instituiu em 1988, o Prêmio Sakharov, entregue para pessoas que se destacam na luta pela defesa dos Direitos Humanos e a liberdade de expressão. 

domingo, 10 de maio de 2015

Três anos sem Carroll Shelby



Nascido em 11 de janeiro de 1923, Carroll Hall Shelby, foi uma das figuras mais marcantes da história do automobilismo mundial. Filho de Warren Shelby e Eloise Lawrence, Carroll, ainda na infância mudou-se de Pittsburg para Dallas, onde concluiu a escola secundária. Alistou-se nas Forças Armadas e combateu na Segunda Guerra Mundial e serviu como instrutor de voo e piloto de testes.

Ainda durante a guerra, casou-se e teve seu primeiro filho. Saiu das Forças Armadas como 2o Tenente e começou a trabalhar com uma pequena frota de caminhões, entrando tempos depois no ramo do petróleo. Passou também a competir no automobilismo, estreou no mundo das corridas, a bordo de um Ford 1932 e depois guiou um MG TC.

Em 1959, Shelby vence as 24 horas de Le Mans, pilotando um Aston Martin. Em 1962, passa a correr com o Cobra, cuja versão mais potente e famosa entrou para a história como o lendário Shelby Cobra, que inclusive participou de vários filmes de ação e aventura em Hollywood.

Carroll ganhou fama como preparador de carros para corridas e tem sua imagem muito ligada a montadora Ford, para a qual desenvolveu o mítico Shelby Mustang. Empresário e criador da marca Shelby, chegou a ter uma equipe de corridas.

Sua empresa, a Carroll Shelby International firmou acordo com gigantes como a Ford Motor Company, a Matel, a Sony e a Eletronic Arts, sua companhia de automóveis, é prospero no setor de auto peças e ainda desenvolve muscle cars famosos como o Shelby GT 500 Super Sanke, o Shelby GT 350 e o Shelby GTS. A empresa ainda fabrica séries limitadas do Shelby 289 “Street” 1960, o 289 FIA, o 427 S/C e Daytona Coupe Cobra. Carroll Shelby faleceu em 10 de maio de 2012, aos 89 anos.