quinta-feira, 31 de maio de 2012

Educação, Comunicação e Política: Cidadania

Acompanhei no dia 30 de maio, os debates da  VII Semana de Comunicação da  Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, que tratou sobre comunicação e política. Gostei do que vi e ouvi . Faz tempos que amigos ligados a área e a instituição comentavam comigo que seria realizada a atividade. Essa  é na verdade a segunda vez que participo desse tipo de debate realizado na referida faculdade. Anos atrás participei de uma onde me informei sobre uma importante rede social contemporânea.

Gosto de participar de debates sobre a comunicação e fiquei feliz de estar lá, por ter sido aluno não da  Faculdade,  mas do instituto educacional  que é o irmão mais velho dela. Me senti como que voltando no tempo, ainda que nesses anos  todos em que estive afastado de lá, o local  passou por grandes mudanças. mas voltando ao evento, que é o que realmente interessa nesse espaço, gostaria de  parabenizar os organizadores. as mesas foram muito boas e sempre é bom ouvir e aprender como  nomes como os que passaram  por lá.

Gostei  também da  participação dos estudantes, que puderam expor suas opiniões, enriquecendo ainda mais o debate. Essa atuação foi de certa maneira o início da concretização, do tema debatido na primeira mesa: Juventude e Política . Infelizmente, nem todos os convidados puderam  se fazer presentes, mas ainda  assim a  razão da realização do mesmo, não  foi diminuída  por tais ausências.

Pontos importantes como a discussão sobre  elaboração de novo marco regulatório para  a área, instituição  de um observatório de imprensa local e a regulamentação da profissão foram temas  levantados e que criarão novas possibilidades de debates, assim como o posicionamento político dos veículos locais. 

Acredito que é  necessário um maior número de eventos  como esse  para  que possamos criar uma saudável rotina de discussões  francas sobre comunicação em todos os âmbitos. Fiquei contente com a ideia  de retomada  da ATRACOM - Associação dos Trabalhadores em Comunicação de Macaé e Região - Acho que seu resgate é algo  prioritário para essa  caminhada que assumimos. Lembro que essa entidade é historicamente  a   entidade  que representa  os anseios dos comunicadores de Macaé e que protagonizou momentos  importantes da nossa  luta,  como a mobilização pela realização da I Conferência  Regional de  Comunicação do Norte Fluminense, quando  fizemos um importante debate sobre a realidade da  comunicação em nossa  região.

Essa conferência terminou  por escolher os delegados para a  conferência estadual e eu estava entre eles,  cheguei inclusive a ser eleito para  a nacional, mas questões particulares  me impediram  de ir à Brasília. Me  coloco desde já a disposição para  participar  da articulação de reconstrução da  ATRACOM e felicito os coordenadores, professores e alunos da Salesiana pela atividade e pela motivação  de resgatar essa  parte  da  nossa história.   

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carta Aberta

Este mês a edição da Carta Aberta do Blog O Observador será diferenciada. Diante do absurdo ocorrido na Bahia, abro o espaço do blog para que os jornalistas indignados com o ocorrido na boa terra, expressem seu repúdio e cobrem dos responsáveis medidas para evitar que esse enredo se repita na nossa imprensa.

Ao governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner.
À Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia.
Ao Ministério Público do Estado da Bahia.
À Defensoria Pública do Estado da Bahia.
À Sociedade Baiana.

A reportagem "Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência", produzida pelo programa "Brasil Urgente Bahia" e reprisada nacionalmente na emissora Band, provoca a indignação dos jornalistas abaixo-assinados e motiva questionamentos sobre a conivência do Estado com repórteres antiéticos, que têm livre acesso a delegacias para violentar os direitos individuais dos presos, quando não transmitem (com truculência e sensacionalismo) as ações policiais em bairros populares da região metropolitana de Salvador.

A reportagem de Mirella Cunha, no interior da 12ª Delegacia de Itapoã, e os comentários do apresentador Uziel Bueno, no estúdio da Band, afrontam o artigo 5º da Constituição Federal: "É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral". E não faz mal reafirmar que a República Federativa do Brasil tem entre seus fundamentos "a dignidade da pessoa humana". Apesar do clima de barbárie num conjunto apodrecido de programas policialescos, na Bahia e no Brasil, os direitos constitucionais são aplicáveis, inclusive aos suspeitos de crimes tipificados pelo Código Penal. 

Sob a custódia do Estado, acusados de crimes são jogados à sanha de jornalistas ou pseudojornalistas de microfone à mão, em escandalosa parceria com agentes policiais, que permitem interrogatórios ilegais e autoritários, como o de que foi vítima o acusado de estupro Paulo Sérgio, escarnecido por não saber o que é um exame de próstata, o que deveria envergonhar mais profundamente o Estado e a própria mídia, as peças essenciais para a educação do povo brasileiro.

Deve-se lembrar também que pelo artigo 6º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, "é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos". O direito à liberdade de expressão não se sobrepõe ao direito que qualquer cidadão tem de não ser execrado na TV, ainda que seja suspeito de ter cometido um crime.

O jornalista não pode submeter o entrevistado à humilhação pública, sob a justificativa de que o público aprecia esse tipo de espetáculo ou de que o crime supostamente cometido pelo preso o faça merecedor de enxovalhos. O preso tem direito também de querer falar com jornalistas, se esta for sua vontade. Cabe apenas ao jornalista inquirir. Não cabem pré-julgamentos, chacotas e ostentação lamentável de um suposto saber superior, nem acusações feitas aos gritos. 

É importante ressaltar que a responsabilidade dos abusos não é apenas dos repórteres, mas também dos produtores do programa, da direção da emissora e de seus anunciantes - e nesta última categoria se encontra o governo do Estado que, desta maneira, se torna patrocinador das arbitrariedades praticadas nestes programas. O governo do Estado precisa se manifestar para pôr fim às arbitrariedades; e punir seus agentes que não respeitam a integridade dos presos.

Pedimos ainda uma ação do Ministério Público da Bahia, que fez diversos Termos de Ajustamento de Conduta para diminuir as arbitrariedades dos programas popularescos, mas, hoje, silencia sobre os constantes abusos cometidos contra presos e moradores das periferias da capital baiana. 

Há uma evidente vinculação entre esses programas e o campo político, com muitos dos apresentadores buscando, posteriormente, uma carreira pública, sendo portanto uma ferramenta de exploração popular com claros fins político-eleitorais. 

Cabe, por fim, à Defensoria Pública, acompanhar de perto o caso de Paulo Sérgio, previamente julgado por parcela da mídia como 'estuprador', e certificar-se da sua integridade física. A integridade moral já está arranhada.

Salvador, 22 de maio de 2012."

sábado, 12 de maio de 2012

Mais uma da Fórmula 1

Tivemos hoje o treino classificatório para a quinta etapa do Mundial de Fórmula 1, o Grande Prêmio de Barcelona e pelo o que pudemos ver a  categoria não perdeu a péssima mania de equivocar-se com decisões e interpretações do regulamento. No último trecho do treino Hamilton marcou um ótimo tempo com uma volta espetacular e assim cravou a pole, a 22ª de sua carreira. Entretanto, como o piloto não levou o carro até o parque  fechado, onde os comissários deveriam retirar uma amostra do combustível para análise. Ao que parece o inglês não teria combustível suficiente para  chegar ao local, com o minimo exigido pelo regulamento.

Assim sendo a organização resolveu punir o piloto e ele terá que largar na última colocação, pois é isso que reza o regulamento e portanto é isso que deve ser feito. Entretanto, outro fato ocorrido hoje na pista catalã, também chamou a atenção. O piloto Kartyklein  da HRT, fez no mesmo  trecho do treino um tempo abaixo do exigido pelo regulamento - estourou o limite de 107%, do tempo que havia dado a Hamilton a pole - com isso,  conforme o regulamento ele já estaria desclassificado da etapa em Barcelona.

Porém, a Fórmula 1 tirou da manga ou da cartola uma interpretação diferente e permitiu que o indiano  participe da corrida  na terra de Iniesta  e Companhia. A direção da categoria acolheu o recurso da equipe, que pedia que a conta  fosse feita sobre um outro tempo do piloto inglês, tempo esse que não desclassificaria o indiano,  com isso ele largará na última colocação, que seria  ocupada pelo punido Hamilton.

Não concordo com a existência desta regra absurda, todos os carros que marcam tempo, devem ter o direito de correr sim, chega a ser esdrúxulo levar a sério uma regra dessas, quem tem condição de pertencer ao  milionário circo da F1 tem que participar das etapas do campeonato e só por isso, não há razão para existir uma aberração  como essa. Mas já que ela  existe, tem que ser respeitada e cumprida, todavia, pelo o que pudemos ver, não foi dessa vez que a Fórmula 1 cumpriu suas próprias regras.

Esses fatos deixam aqui a importante dúvida: Por que as regras valem para a rica e tradicional McLaren, mas não vale para  a nanica HRT, será que ter dinheiro é motivo para punição na F1? Por que a HRT não aceita as regras e leva a sério a categoria? Fica aqui também um conselho para a equipe novata: Se não sabe brincar recolha os carrinhos e se retire. É lamentável que a tradicional prática do "dois pesos duas medidas"   acaba por manchar a categoria que se diz a elite do automobilismo mundial.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Macacos, gorilas e micos*


Quando um pagodeiro, um jogador de futebol e um funkeiro, fantasiados de gorilas e cercados por popozudas de biquíni à beira de uma piscina, se divertem em um clipe do pagode Kong, e são acusados de racismo e sexismo pelo Ministério Público Federal em Uberlândia por "unir artistas e atletas em um conjunto de estereótipos contra a sociedade, comprometendo o trabalho contra o preconceito", a coisa tá preta.
Alexandre Pires não é só um pagodeiro, é cantor romântico milionário, com carreira internacional, queridíssimo do público. Funkeiro é só um pouco de Mr. Catra, figuraça da cena musical carioca, rapper famoso nacionalmente por suas letras contundentes e suas paródias. E não é só um jogador de futebol: é Neymar. Não por acaso, uns mais e outros menos, são todos negros, ricos e famosos por seu talento, ídolos das novas gerações do Brasil mestiço. Já o procurador é branco, preocupado em proteger os negros para que não façam mal a eles mesmos.
Assim como a beleza, o preconceito também está nos olhos de quem vê. Quem ousaria associar o genial Neymar, o galã Alexandre e o marrentíssimo Mr. Catra a macacos? Só um racista invejoso. Quem se incomoda com piadas e brincadeiras com jogadores de futebol, pagodeiros, funkeiros e marias-chuteira? Logo vão proibir o Criolo de usar o seu nome artístico.
O procurador ficou especialmente incomodado quando Mr. Catra, vestido de gorila, cercado por gostosonas louras, ruivas e morenas e feliz como pinto no lixo, diz ter "instinto de leão com pegada de gorila". Seria uma sugestão preconceituosa da potência sexual afrodescendente. Êpa! Elogio não é crime.
O clipe já teve mais de 3 milhões de acessos no YouTube, é muito engraçado e bagaceiro, com produção e fantasias bem vagabundas, trash brasileiro. Dá até para sentir o cheiro de churrasco. As mulheres, com seus peitões e bundões, são o sonho de consumo sexual de milhões de brasileiros e, sem preconceito, de brasileiras.
Freud explica: quando João fala de Pedro, está falando mais de João do que de Pedro. Nas falhas, defeitos e intenções que um atribui ao outro, revela-se mais de si do que do outro.
* Texto extraído da coluna do Nelson Motta, no jornal  o Estado de São Paulo em que concordo  plenamente com o que está escrito. Única crítica que faço a essa música é que infelizmente a qualidade musical e da letra está muito baixa como há anos vemos na nossa música popular.