sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nietzsche vive



É estranho, mas no Brasil dos dias de hoje, o filósofo alemão Friecrich Nietzsche(1844-1900), parece ainda estar vivo e muito vivo, mesmo já tendo se passado 113 anos de seu falecimento, parte de seu pensamento continua bem viva em nossa sociedade. Refiro-me a frase: “Não existem fatos, apenas interpretações”. O caso do mensalão, ou ação penal 470, mostrou que para muitos o filósofo alemão ainda está bem atual.

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, ter declarado voto favorável aos embargos infringentes impetrados pela defesa dos réus no processo, o que é legal, pois faz parte do direito a ampla defesa, pilar fundamental do Estado Democrático de Direito, boa parte da sociedade vem se manifestando de forma contrária a decisão do magistrado.

A manifestação contrária de opiniões também é legítimo em uma democracia e isso não está ameaçado em nosso país, Mas o que causa estranheza é que muitos dos críticos dos embargos agora apresentados, tinham e ainda tem posições contrárias com relação o recurso em outros casos.

Vejamos o caso da Globo, reduto de críticos da decisão do STF, que desde o princípio do escândalo do mensalão sempre fez campanha pró condenação, ainda que para isso fosse necessário o atropelo da lei, típico de legislações de exceção, como as ditaduras, inclusive as brasileiras que o Globo e a família Marinho sempre apoiaram, desde o Estado Novo, até o regime militar, que o próprio grupo reconheceu o apoio em editorial publicado recentemente.

Pois bem, a televisão dessa grande corporação, tempos atrás foi processada por sonegação fiscal e para não cumprir as penalidades cabíveis no caso, recorreu e continua a recorrer com recursos judiciais, nas mais variadas instâncias, já fazendo inclusive o uso dos tais embargos infringentes, que agora no caso do mensalão ela fica a criticar.

Fica a dúvida. Por que será que no caso da vênus platinada, esse recurso é algo válido e no caso dos mensaleiros não? Seria a Globo seguidora do pensamento de Nietzsche, achando possível que a interpretação de sua situação judicial, permite tal subterfúgio e no caso agora amplamente acompanhado por todo o país isso não é válido? Se as Organizações Globo acreditam piamente que os embargos servem apenas para protelar o julgamento “preparar a pizza”, por que ela ainda não desistiu de recorrer e se acertou com a justiça cumprindo as penas cabíveis?

É necessário que se tenha coerência com os discursos, afinal como já afirmava o também filósofo Karl Marx (1818-1883): "A prática é o critério da verdade", ou seja, de nada serve ter um discurso  destoante da prática, algo infelizmente tão comum nos dias de hoje em nossa sociedade.

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