sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dois pesos, duas medidas.

Esperei passar uns dias do fim oficial do carnaval para saber o que a imprensa diria sobre os resultados da festa de Momo, especialmente sobre o resultado da Marquês de Sapucaí, a atenção especial não se deu pelo fato dele ser o maior show da terra conforme já canta o famoso samba-enredo da União da Ilha do Governador, mas por entender que questões financeiras, criaram uma estranha situação envolvendo escolas e a imprensa.

Lembro que em 2006, a tradicional escola de Vila Isabel, levou para a avenida um enredo falando de Simon Bolívar, principal libertador da América espanhola. Naquele ano a grita da imprensa foi muito grande e segundo esses  veículos tal comportamento era natural uma vez que a escola recebera um grande aporte financeiro do governo venezuelano de Hugo Chávez, que para eles era já naquela época um ditador e por isso é incompreensível que o carnaval carioca se juntasse a uma  figura tão polêmica.

Pois bem, o tempo passou, vieram outros carnavais, outras campeãs até chegamos à 2013. Nesse ano, a escola de Martinho da Vila, entrou no sambódromo com um enredo falando sobre o agricultor brasileiro e salvo manifestações de vários movimentos sociais, que criticaram o patrocínio que  a escola recebeu de uma gigante entre as produtoras de agrotóxico do mundo, a imprensa permaneceu calada diante a essa estranha relação entre escola e patrocinadora.

O desfile aconteceu e os envelopes abertos apontaram uma nova vencedora. Depois de sete anos, a escola do bairro de Noel Rosa voltou a comemorar um carnaval, ai sim, a imprensa brasileira  deu espaço para o desfile  da campeã, sem mencionar o principal patrocinador da mesma. Esse comportamento acabou por denunciar também, que a imprensa brasileira é afeita ao conservadorismo. Aceita a relação da Vila com a Basf, que produz materiais que levam centenas de pessoas ao envenenamento, mas não tolera governos populares, classificados como ditatoriais, criticando ferozmente seus parceiros.

O interessante da história é que um dia após comemorar o feito da Vila, a mesma imprensa divulgou que o Tribunal Superior do Trabalho, irá  julgar a mesma  Basf pelo envenenamento de centenas de trabalhadores de uma antiga fábrica, que tempos atrás foi vendida para a Shell, que também terá que se explicar nos tribunais.  Evidentemente o espaço dado para a  parceria campeã Vila/Basf  foi absurdamente maior, que a notícia sobre a questão judicial, o que pode dar a entender que para a  imprensa o entretenimento é mais  importante que a vida, o que seria  lamentável.

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