sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Contradições tupiniquins

Sinceramente as vezes me espanto com a estranha relação que o povo brasileiro tem com seu idioma. Através de modismos e baseados na evolução natural do idioma, surgem nosvas palavras e ou expressões com certa frequência. Entretanto tão natural quanto o surgimento das mesmas, é o desaparecimento de algumas.

Já tivemos no Brasil, um Ministro de Estado que “criou” a palavra imexível, quando o mais correto seria utilizar a palavra imóvel, ou inalterável. Tal expressão chegou a figurar em alguns dos principais dicionários de nosso idioma, mas tempos depois caiu em desuso.

Também surgiram nos últimos tempos palavras que tem importâncias sazonais, como os tais sonháticos, neologismo utilizado para definir o grupo de apoiadores da ex senadora e candidata à Presidência Marina Silva. Tal expressão, ganha vida apenas durante os períodos eleitorais onde sua inspiradora participa, mas fora isso, é praticamente escondida do português.

Outra palavra cunhada também no calor dos debates políticos eleitorais é o “verbo”, criado pelo colunista de Veja, Reinaldo Azevedo. Me refiro ao já famoso petralha, uma junção de petista com os famosos personagens da Dysney, os Irmãos Metralhas. A ideia do colunista era atacar os militantes deste partido, fortemente abalado pelo caso de corrupção popularmente conhecido como “Mensalão”.

O interessante deste caso é que mesmo os petistas entraram na “brincadeira” e transformaram o significado do neologismo "vejista", dando um sentido positivo e combativo ao termo. Muitos hoje, tem orgulho de petralhar e a palavra surgida como um adjetivo, hoje é um verbo.

Mas dos “neologismos” recentes o que mais me chama a atenção é a palavra presidenta, ou seja, a versão feminina de presidente. O debate sobre ela se dá desde 2011, quando a hoje presidenta reeleita Dilma Roussef (PT), tomou posse para seu primeiro mandato.

Desde então muitos opositores ao governo, alguns que inclusive adoravam utilizar o termo petralha, para atacar os companheiros da presidenta, passaram a utilizar os mais variados argumentos para justificar que presidenta seria um erro e um desrespeito ao nosso português.


Entretanto, assim como aconteceu com o petralha, a palavra presidenta resistiu e foi incorporada oficialmente ao idioma, na verdade resgatada, uma vez que até o escritor Machado de Assis, já utilizou certa vez tal palavra em uma de sus obras. e é, justamente nessa resistência a aceitação da nova palavra, que o brasileiro mostra uma triste contradição cultural. Eles que adoram "inventar modas" para satisfazer seus desejos, acabam mostrando sua intolerância ao verem "o feitiço virar contra o feiticeiro".

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