quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pedagogia da Revolução

Nascida em São Petesburgo, no dia 26 de fevereiro de 1869, Nadezda Konstantinovna Krupskaja, foi uma pedagoga russa, e revolucionária bolchevique. Filha de um oficial das Forças Armadas do Império Russo, teve que interromper seus estudos, por causa do falecimento de seu pai. Isso quando ela tinha apenas 14 anos

Entre 1989 e 1890, retomou seus estudos, cursando pedagogia, em uma escola superior exclusiva para meninas. Adepta dos ideais difundidos pelo escritor Tolstoi, Kruspkaja, entre os anos de 1891 e 1896, lecionou em uma escola dominical noturna frequentada por trabalhadores. Descobre o pensamento marxista e passa a integrar círculos  clandestinos que debatem o assunto.

Nessas reuniões, conhece o revolucionário Vladimir Lênin e junto com ele, funda a organização social-democrata União de Luta pela Emancipação da Classe Operária, em 1895. No mesmo ano Lênin é preso e um ano depois, durante as greves de 1896, Krupskaja é detida. Ela é condenada a seis meses de cadeia e três anos de deportação na Sibéria, onde já estava Lênin. Em 10 de julho de 1898, os dois se casam.

Em 1901, o casal emigra para Munique, na Alemanha e depois vão para Londres. Voltam para a Rússia, onde permanecem entre os anos de 1905 e 1908, depois seguem para um novo exílio.

Krupskaja se torna a principal colaboradora de Lênin e dedica-se particularmente ao estudo  de problemas pedagógicos e à formulação de um projeto de organização do ensino realmente formador, no contexto de um possível Estado Proletário.

Com a vitória dos bolcheviques, na Revolução Russa de 1917, Nadezda, mesmo sendo companheira de Lênin, não ocupará e nem reivindicará uma posição de destaque no novo governo. Passa a atuar como adjunta no Comissariado do Povo para a Instrução e define as bases de um novo sistema educacional para o novo país que surgia.

Para Krupskaja era preciso destruir a antiga escola e criar uma nova, que tivesse a capacidade de responder às exigências do sistema socialista nascente, com a unificação do sistema de ensino  e a gestão centralizada, assegurando a continuidade do ensino em todos os níveis e garantindo o acesso ao ensino gratuito para toda a população soviética. Para ela, o primeiro passo para revolucionar a educação no país era erradicar o analfabetismo.

Em 1919, um decreto governamental decretou a eliminação do analfabetismo entre os cidadãos de 8 a 50 anos. Em 1920, foi criada a Comissão Extraordinária para a Eliminação do Analfabetismo, encarregada de coordenar os esforços das organizações de alfabetização no país. Jovens estudantes, intelectuais e professores se uniram em um esforço nacional para alcançar tal objetivo. O lema desse movimento era: ”Que aquele que sabe ler e escrever ensine aquele que não sabe”. Em 20 anos, cerca de 60 milhões de pessoas foi alfabetizada e quase a totalidade da população foi escolarizada.

“Não podemos nos contentar  em apenas ensinar os alunos a ler, escrever e contar. Eles devem conhecer os elementos científicos de base, sem os quais não serão capazes de levar uma vida consciente”, afirmava Krupskaja defende assim o ensino das ciências naturais, buscando permitir uma compreensão materialista dos fenômenos naturais e o uso racional das forças da natureza. Krupskaja defendia também o estudo das ciências sociais que garantisse a compreensão das relações de classes e as formas de desenvolvimento social.

Ela defendia o ensino de caráter generalista, orientado para a concepção científica do mundo. Suas ideias sobre o ensino politécnico, interligando teoria e prática, escola e vida, sobre a iniciação profissional, a autogestão na escola, a estreita ligação entre a família e a coletividade e sua análise crítica da pedagogia tradicional, tanto da Rússia como de outros países, são reconhecidos até hoje, como uma contribuição fundamental para o desenvolvimento da pedagogia na URSS.

Após a morte de Lênin e em meio as lutas políticas internas que ocorriam no Partido Comunista, Nadezda Krupskaja, que ampliou suas diferenças pessoais e políticas com Stálin, foi sendo afastada do governo soviético. Em 1926, Krupskaja confidencia: “Se Lênin fosse vivo, a esta hora, estaria na prisão”. Nadezda participou da Oposição Unificada, juntamente com Kamenev e Zinoviev e após a capitulação de ambos Krupskaja assistiu em silêncio a liquidação de toda a velha guarda bolchevique entre os anos de 1934 e 1938. No ano seguinte Nadezda faleceu aos 70 anos.

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