sexta-feira, 13 de março de 2015

Propagando mais do que um produto, uma ideia.



No ano de 2014, de forma até surpreendente, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio, o famoso ENEM, foi a publicidade infantil. Um tema polêmico e mesmo sem ser especialista em propaganda, publicidade e ou marketing, já se sabe que o mesmo, como diz a sabedoria popular, “dá muito pano para manga”.

Mas a pauta deste texto, ao contrário da redação do ENEM 2014, não é publicidade infantil, mas outra área da publicidade que vem me incomodando faz algum tempo. Tenho reparado que a quantidade de propagandas, que utilizam a figura feminina para “ajudar” a vender o produto, vem aumentando e o caminho que isso vem tomando, tem me preocupado.

Em apenas três meses, isso mesmo, 120 dias, já vi cinco campanhas publicitárias, com um forte teor preconceituoso. Me refiro ao machismo, sempre presente nas propagandas, principalmente de cerveja. Vou citar aqui, os casos, que envolvem duas das principais marcas deste mercado no Brasil.

Na véspera do carnaval, a Skol, espalhou alguns totens onde se via o logo da cerveja, juntamente com a frase. “Esqueci o não em casa”. Foi o suficiente para que mulheres do Brasil inteiro se manifestassem de forma contrária a campanha da cerveja. A repercussão negativa foi tão grande, que a marca, não apenas retirou as peças publicitárias de circulação, como também emitiu um pedido de desculpas para as mulheres.

Enquanto isso, a Itaipava, veiculava na televisão, um comercial, onde uma bela mulher chamada de “Verão” era celebrada em um quiosque como se a mesma fosse a estação mais quente do ano. Nesta propaganda, percebi que a “protagonista” era a mulher e não a cerveja. 

Depois disso, a mesma Itaipava passou a exibir outro comercial, onde a mesma Vera (ão) atuava como garçonete no mesmo quiosque da propaganda anterior, e que a cerveja tinha grande saída, justamente pela beleza feminina, que quem a servia e não pela qualidade do produto. 

Agora, as mesmas marcas de cerveja, apresentam propagandas impressas, onde a mulher volta a ser retratada como um reles objeto. Na da Skol, eles criticam o formato dos bebedouros, e elogiam o que obriga uma bela mulher a ficar de bruços para poder matar sua sede.

Já a Itaipava, apresenta uma bela mulher (isso não muda nas propagandas), segurando uma garrafa em uma mão e uma latinha na outra. Entre os recipientes com cerveja, está os seios siliconados da modelo, que são comparados em mililitros com a quantidade de cerveja, seja na lata, ou na garrafa.

Acho que além de desrespeitoso com as mulheres, essas peças publicitárias erram por incentivar sim o machismo, pois retratam as mulheres apenas como um mero objeto, ainda que em algumas delas, as modelos tenham mais destaque do que o produto em si. E ai está o segundo erro. Tenho conhecimento raso sobre publicidade, mas até onde eu imagino, o produto deve ser o protagonista da peça publicitária.

E não, antes que me chamem de feminista, o que para mim não seria ofensa, aviso que não sou feminista, apesar de respeitar muito as mulheres e apoiar a luta do movimento, eu não sou feminista, até por que como dizem algumas amigas que militam na causa, homens não podem ser feministas, justamente por não conhecerem a fundo, a realidade das mulheres. 

É preciso que além de incentivar a percepção das mensagens agregadas as propagandas, as autoridades competentes busquem meios de inibir propagandas, que façam também apologia a crimes e preconceitos.

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