terça-feira, 17 de março de 2015

“A corrupção não está no poder legislativo”, diz Eduardo Cunha

Com essas palavras o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se pronunciou nessa segunda-feira (16) sobre as manifestações do último domingo, ou como está sendo chamada, de manifestações do dia “15 de março”.

Essas palavras fizeram com que Cunha engrossasse o coro dos que foram ontem as ruas de diversas cidades do país pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff. Ainda permitiu tirar o foco dos problemas de corrupção envolvendo o poder legislativo, principalmente na operação “Lava Jato”. O presidente da câmara afirma que a lista, com nomes de políticos de diversas esferas, feita pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, sofreu interferência do governo federal.

O que se escutava principalmente nas manifestações contra o governo eram os gritos de “Fora, Dilma!”. Tanto tirou o foco do legislativo, que nomes como dos deputados federais Paulinho da Força (PDT-SP) e Agripino Maia (DEM-RN) apoiaram os protestos – este último esteve presente nas manifestações. O ponto irônico nisso tudo é que os dois estão envolvidos em esquemas de corrupção. É uma questão paradoxal um político envolvido em um esquema de corrupção se manifestar contra a corrupção.

O momento de fragilidade do governo Dilma Rousseff permitiu tais atitudes. Ao jogarem toda a culpa da corrupção na Petrobras no governo, de modo leviano levaram o diálogo para uma mudança política apenas no governo federal, sem necessidade de se fazer uma reforma política.

De acordo com o site do ConJur, Paulinho da Força foi condenado por improbidade administrativa em razão da compra superfaturada da Fazenda Ceres, em Piraju (SP), para um programa do governo federal de assentamento rural. Já Agripino Maia, de acordo com o jornal Estado de S. Paulo, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com esquema de corrupção na inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Eduardo Cunha está na lista de Janot da “Lava Jato”.

O verdadeiro golpe contra a democracia – que completou trinta anos neste 15 de março - não esteve ontem nas ruas, mas sim está todos os dias no Congresso. É claro! Não há interesse por parte dessas pessoas, que são beneficiadas com o financiamento privado, que haja uma reforma política. O fim desse tipo de financiamento detonaria suas verbas de campanhas eleitorais, por conseguinte, causando uma possível derrota nas urnas.


O futuro da política brasileira é completamente incerto. Após os protestos, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) falaram sobre o pacote de medidas contra a corrupção e a reforma política. A questão é: os congressistas vão permitir que seus bolsos sejam esvaziados?

Texto de André Sabine, estudante de jornalismo na Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, em Macaé, RJ.

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