quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Não foi erro, foi crime

As declarações recentes do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), no plenário da Câmara, não foi um erro, como alguns querem entender e nem foi um desastre como outros afirmam. A fala do parlamentar foi um verdadeiro crime e é assim que este caso deve ser tratado. Logo após ouvir a fala da deputada Maria do Rosário (PT-RS), que já foi Ministra dos Direitos Humanos, sobre a entrega do Relatório da Comissão da Verdade, que investigou os crimes e abusos do período militar no país, o deputado carioca - o mais votado na última eleição em seu estado - reagiu com mais uma declaração essencialmente preconceituosa e que se configura sim como crime.

"... Não vou estuprar você porque você não merece". Uma declaração desse porte é a meu ver defender a tese de que algumas mulheres merecem ser estupradas/violentadas. Isso além de absurdo, é sim apologia ao crime de estupro e seu autor deve se entender com a justiça podendo ser condenado de três a seis meses de prisão, além do pagamento de multa. 

Além das consequências penais, o "nobre" deputado deveria também sofrer um processo de cassação, por quebra de decoro parlamentar, é inadmissível, ou ao menos deveria ser, utilizar da tribuna do parlamento federal para praticar crimes.

Colecionador de frases bombásticas, recheadas e preconceitos, seja contra as mulheres, os homossexuais, os negros e outras "minorias", o parlamentar de escora no gueto conservador que garantem sua eleição. Bolsonaro representa o que há de pior na política nacional que é a extrema direita, algo muito próximo de movimentos proto fascistas internacionais representados pelo Tea Party (facção de ultra direita do Partido Republicano), de Sarah Palin (ex governadora do Alasca pelo Partido Republicano), ou a Frente Nacional, da França, capitaneada pela deputada européia Marine Le Pen. Bolsonaro já apresentou motivos mais do que suficientes para ser punido com sua cassação, mas infelizmente, por corporativismo da casa, até hoje nada foi feito.

Entender essas declarações como erro ou desastre é tentar amenizar o absurdo e por isso essas tentativas devem ser prontamente rechaçadas, pois caso contrário permaneceremos convivendo com o risco da banalização da estupidez. É chegada a hora, de nosso parlamento ter uma atitude firme para coibir ações criminosas como essa, pois caso isso não aconteça, o Congresso Nacional, que já anda com tão pouca respeitabilidade, perderá o pouco que ainda lhe resta.

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