sábado, 6 de dezembro de 2014

Lembrar é resistir!

Pelo terceiro ano seguido, assisti a peça produzida e encenada pelo Grupo teatral Acto, em 2012, assisti a peça Giz que conta situações e dilemas cotidianos da juventude, no ano seguinte foi a vez da clássica Alice no País das Maravilhas e agora, a peça encenada tem por nome Cale-se. Tem este nome, em uma alusão a música de mesmo nome de Caetano Veloso e que foi um dos marcos críticos aos "anos de chumbo".
 
Permeada por músicas que marcaram aquela época, como Pra não dizer que não falei de Flores, de Geraldo Vandré, Roda Viva, de Chico Buarque e É de Gonzaguinha, a história retrata a luta por liberdade naquele período e ainda faz referências com as Diretas Já, o Movimento dos Caras Pintadas e as Jornadas de Junho, de maneira clara e direta, mas o grande foco da peça é o período em que os militares estiveram no poder.
 
Em diversas cenas pude reconhecer nos personagens, nomes que marcaram a luta pela redemocratização do país, como Marighella, Stuart e Zuzu Angel, o estudante Edson Luís, morto durante uma manifestação no Calabouço no Rio de Janeiro, Iara Iavelberg, que participou da luta armada ao lado de Carlos Lamarca e Wladimir Herzog. Me emocionei por diversas vezes durante a peça. 
 
Achei o enredo e o roteiro, muito bem montados e trabalhados, assim como o cenário. Gostei tanto da peça, que sai de lá decidido a reler o livro 1968, o ano que não acabou, do jornalista Zuenir Ventura e que mostra bem a realidade daquele ano e da ditadura. 
 
Que iniciativas como a ideia de produzir e apresentar a peça seja algo corriqueiro, para que a sociedade não se esqueça daquilo e a partir disso, resista a cada tentativa de retirada de liberdade e de direitos e que assim, histórias como aquelas continuem sendo apenas, páginas infelizes da história brasileira.

E a resistência é algo necessário também para se cobrar que as Comissões da Verdade, consigam concluir seus trabalhos, rever a lei da anistia e punir aqueles que se apropriaram do Estado para subjugar seus opositores.


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