quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Que meritocracia é essa?

Já faz tempo que escuto muitos falarem sobre a meritocracia, que a única forma de a sociedade se desenvolver é priorizando a mesma. Entretanto, por mais perfeita que seja a definição deste termo, acredito que a mesma funcione somente no campo teórico, tendo em vista que muitas vezes onde o lógico seria valorizar tal prática ela acaba sendo solenemente ignorada.

Cito aqui alguns casos de equipes esportivas, que se encaixam perfeitamente no desmonte da valorização dessa chamada meritocracia. Lembro da equipe de vôlei feminino, de Osasco que foi patrocinada pelo BCN, até que este banco foi comprado pelo Bradesco que rebatizou a equipe, com o nome de FINASA, que mantém o patrocínio até a temporada de 2008, quando resolve parar de patrocinar o esporte profissional, ignorando as conquistas da equipe, que venceu torneios e competições em todos os níveis que disputou. Com a saída do patrocinador o time ficou ameaçado de fechar as portas, até conseguir o acordo com a Nestlé, que mantém o patrocínio até os dias atuais.

Outro caso onde a meritocracia foi atropelada, foi no time de futsal do Santos, que contou com grandes estrelas e foi campeão da Liga Futsal, garantindo vaga no Sul Americano, entretanto, a equipe não pode disputar o torneio, pois a diretoria do clube, resolveu encerrar as atividades antes da disputa do mesmo. A alegação dos cartolas santistas era que os planos agora era focar apenas no futebol de campo, masculino, uma vez que até o super time feminino do Santos, que contava com a jogadora Marta foi desfeito. E assim como no futsal, a equipe feminina do campo que ganhou a Libertadores, acabou fechando as portas.

Agora vemos um quarto caso de atropelo da meritocracia, também no futsal. O time do Botafogo/Macaé, criado a partir da parceria entre o Glorioso e o extinto Macaé Sports, que já conquistou um bicampeonato estadual e ainda assim foi encerrado por mudança nos planos da diretoria, anunciou o fim da parceria, o que coloca todos os funcionários da equipe em alerta, uma vez que ao final da temporada, estarão todos desempregados. O detalhe desta equipe é que a mesma está classificada para final do estadual e já sabe que mesmo sendo campeã, será extinta, ou seja, a meritocracia neste caso, "subiu no telhado" com uma antecipação assustadora.

Relatei estes fatos exatamente para mostrar que o discurso meritocrático é até bonito, mas como diz a sabedoria popular, "na prática a teoria é outra". Me pergunto aqui se nos casos esportivos, o objetivo não é conquistar títulos e assim sendo tais méritos precisam ser reconhecidos e incentivados. Infelizmente não foi isso que estes casos demonstraram. A regra básica do marketing esportivo aponta para a seguinte situação. Eu invisto no atleta e ou na equipe e eles divulgam minha marca. Quanto mais conquistas eles alcançarem, mais visibilidade eles terão e assim minha marca também terá essa visibilidade, sendo fixada na rotina do consumidor que passará a comprar, mais produtos da minha marca, criando assim um circulo virtuoso, onde todos ganham. Mas não foi desta forma que estes senhores pensaram, jogando por terra a tão falada meritocracia.

Enquanto nossa sociedade não mudar de comportamento em relação a isso, não será possível aceitar ou entender este discurso que acaba ficando vazio, exatamente por ser ignorado por todos.

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