quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A cara de pau da imprensa

Lá em 2006, quando estava na reta final do meu curso de Comunicação Social na Universidade Candido Mendes, em Niterói. Elaborei com a ajuda da professora Renata Feital, que foi minha orientadora o Trabalho de Conclusão de Curso com o tema: "A Critica de Mídia no Brasil", onde fiz uma séria análise sobre os meios existentes para se garantir a qualidade da informação transmitida pela imprensa em nosso país, focado principalmente no trabalho do Ombudsman - profissional que tem a função de avaliar erros e acertos dos veículos de comunicação e que é pouco utilizado no Brasil. 

Na próxima semana começarei a publicar aqui nesse espaço, uma série artigos resumindo cada passo do trabalho de seis anos atrás. Esse é um projeto que já estava sendo gestado independente dos fatos ocorridos nas últimas semanas e que motivam a publicação deste texto.

A divulgação do relatório final da CPI, conhecida como CPI do Cachoeira, que investiga as ligações deste senhor, conhecido contraventor, com políticos e empresas, mostra que nossa imprensa, assim como toda a sociedade ainda tem muito o que evoluir em vários aspectos. Como este observador foi criado a partir do trabalho apresentado lá em 2006, é evidente que seu foco é analisar os "amigos de categoria" e é isso que fazemos aqui.

O comportamento da chamada grande mídia, pode muito bem ser resumida nos títulos dos editoriais de hoje (22), de dois dos maiores jornais do país. A Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. Os dois são concorrentes, mas em muitos casos, parecem agir - em uma forçada comparação - com as máfias italianas, que viviam brigando entre si, mas quando existiam "interesses maiores" esqueciam as diferenças e se uniam pelo "bem de todos", mostram que sim, a imprensa hegemônica tem lado e representa os conservadores, que tanto atraso trouxeram ao nosso país nesses 512 anos de história.

O jornal da família Frias, classificou o trabalho da CPI como algo que não deve ser levado a sério ("A CPI da insensatez") e o Estadão foi mais longe ao relacionar o trabalho da CPI com, a tão famosa quanto arcaica   "Pena de Talião", do "Olho por olho, dente por dente", do Código de Hamurabi, que regeu a sociedade babilônica. Tudo isso aconteceu por que o relatório pede o indiciamento de um jornalista que tem ligações perigosas com o senhor Cachoeira, que era sua "fonte" e lhe deu muitos "furos jornalísticos", a ponto de utilizar o jornalista da Veja para plantar notícias, querendo derrubar alguns políticos de seus cargos. Gravações da PF mostram o interesse de Cachoeira, na publicação de matéria para forçar a demissão de um agora ex ministro do governo Dilma, envolvido em escândalo.

O endurecimento da mídia com esse resultado, mostra que a mesma está contaminada por um triste corporativismo, que somente prejudica a categoria e a sociedade. É preciso que o senhor Policarpo Júnior, se explique quanto a sua relação com o senhor Cachoeira e por isso ele deve ser investigado sim. O mesmo serve para o senhor Gurgel, Procurador Geral da República que engavetou tempos atrás, os documentos referentes a operação Vegas, da Polícia Federal e que acabou motivando a Operação Monte Carlo, que por sua vez deu na CPI, agora criticada pela imprensa. 

Cresci, ouvindo a sabedoria popular que afirma: "Quem não deve, não teme", portanto senhores, esclareçam os fatos e quem tiver culpa que seja punido. Não criem cortinas de fumaça para jogar para debaixo do tapete a sujeirada, que existe na nossa sociedade cada dia mais hipócrita. Não faz sentido adotar o discurso de que a CPI seja um instrumento de "vingança" por parte do governo, por conta do que aconteceu com o mensalão, isso soa tão surreal, quanto os petistas afirmarem que o julgamento do Mensalão ou da ação 470, de a este processo o nome que quiserem, como sendo algum tipo de retaliação ao Partido dos Trabalhadores, isso não funciona mais, a sociedade não aceita isso.

Alguns lembraram que o relatório "livra a cara" do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz, que é do PT, entretanto, é necessário lembrar que o mesmo foi investigado e não foi indiciado por que não foram encontrado indícios para tanto - a mesma justificativa que o Gurgel utilizou para arquivar a operação Vegas -, assim sendo não há motivos para estardalhaços em relação a este fato. E para encerrar, é preciso também lembrar que assim como no caso do mensalão, a investigação é supra partidária, até por que existem políticos do PT, como é o caso do prefeito de Palmas e também de aliados do governo, como é o caso da Delta.

Torço para que a imprensa inicie o quanto antes a focar apenas no seu trabalho, reconhecendo e assumindo seus erros, sem criar factóides para proteger amigos, aliados e ou parceiros como é o caso agora. Ao contrário do que tentam passar não existe fundamento em citar liberdade de imprensa e ou de expressão para justificar o comportamento duvidoso do senhor Policarpo Júnior e por isso ele deve sim explicações a sociedade, assim como seus superiores.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário