segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma notícia triste para o jornalismo

Esta semana, a direção da holding que administra o Jornal do Brasil, anunciou, que o tradicional "Jornal da Condessa" sairá de circulação. Não. ele não será extinto, assim como aconteceu com outros grandes jornais que marcaram a história do jornalismo brasileiro. O famoso JB, agora terá apenas sua versão on-line, aliás o próprio se assume como sendo o primeiro jornal a ter também sua versão para a internet.
É triste para quem é jornalista e que independente de posição ideológica, respeita os grandes jornais da nossa história, chegar a uma banca e não ver mais o Jornal do Brasil, assim como não se ve mais, jornais como Última Hora, Correio da Manhã, Diário Carioca e muitos outros que ainda hoje, são referência para o jornalismo atual e que são ou deveriam ser utilizados como parâmetro nos bancos das universidades, ao menos se a obrigatoriedade do referido diploma voltar um dia a ter validade.
Muitos dirão e já dizem que o fim melancólico para o JB, já era esperado e que não há mais condições financeiras para a manutenção da versão impressa, o que é evidente, mas a extinção da mesma, é algo a se lamentar, assim como também é lamentável que ao passarmos pela zona portuária do Rio de Janeiro, viamos o famoso prédio do JB, abandonado e que agora se tornará hospital de ponta. A saúde ganha, mas o jornalismo perde mais uma batalha.
É evidente que não quero aqui colocar jornalistas contra médicos ou usuários de hospitais, lamento a troca, mas fico feliz pela boa utilização do local. A "morte" da versão impressa do Jornal do Brasil é algo tão lamentável para o jornalismo brasileiro, quanto o recente fechamento de marcas como Pontiac, ou Mercury, o são para o automobilismo mundial. Sim isso já era uma morte anunciada, diversos fatores contribuiram para esse desfecho, mas ele é sim algo para preocupar jornalistas.
Muitos lembrarão que o JB, foi um dos primeiros apoiadores do famigerado golpe militar, que instaurou a ditadura em 1964, inclusive saudando-o em um triste editorial do dia 2 de abril do mesmo ano, ou seja, um dia depois do fato. Outros lembraram que o Jornal do Brasil, quase sempre foi um jornal focado na elite e por isso , teve posições conservadoras, assim sendo sua descontinuidade, não mudará nada. Para estes, lembro que o JB teve em seu iníício uma grande identificação com as camadas populares, divulgando o resultado do jogo do bicho, ou em sessões como "Queixas do Povo" e "Subúrbios", mas que infelizmente nestes seus 119 anos acabou se aproximando das classes conservadores tornando-se porta voz dos mesmos.
Por sua história e identificação com o Brasil e principalmente com o Rio de Janeiro, o JB, assim como os demais jornais citados neste texto, deveriam passar por um processo de "tombamento", pelo patrimônio histórico, assim como acontece com vários monumentos e pontos turísticos. Como achar que um jornal por onde já passaram nomes como Rui Barbosa, Eça de Queiroz, Castello Branco (o Castelinho), Ferreira Goulart, Jânio de Freitas e Evandro Teixeira, um dos grandes mestres do fotojornalismo brasileiro? Pois é. Essa é a triste realidade. O Jornal do Brasil impresso sairá de cena, mas não para entrar para a história, pois já está nela.
Infelizmente, a partir de agora é se conformar com a triste notícia e seguir em frente buscando inclusive fortalecer idéias que possibilitem uma comunicação transformadora e democrática, algo inclusive que era atacado pelo JB e também por seus pares.

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