quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Carta aberta à Dom Hélder Câmara

Salve irmão Hélder. Já se vai acabando o ano de 2009, um ano especial para todos nós, pois nele relembramos teu nome e sua história ao comemorarmos o centenário de seu nascimento. Já dizia o camarada Brecht, que pobre é o país que precisa de heróis e concordo com ele, não precisamos disso, assim como não precisamos de santos, precisamos é de exemplos e é isso que você é, um exemplo.
Sua história é a prova do real cristianismo que pode sim ser sintetizado na tão falada frase dita pelo nosso Mestre: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo." Sua trajetória de luta pelos menos favorecidos e pela valorização dos direitos básicos do ser humano, serve de incentivo para que nós que aqui estamos, continuemos a caminhada na busca pelo Reino do Pai. Muitos dirão que isso é utopia e que nunca acontecerá.
Para este incrédulos, lembro o pensamento do escritor Eduardo Galeano, de que a utopia só existe para que continuemos caminhado ao seu encontro, mesmo que nunca a alcancemos. Sua atuação frente a igreja no Brasil e no mundo, buscou retomar o sentido original do cristianismo, que buscava a aproximação entre os mais necessitados e a igreja. Seguindo esta trilha, foi assinado logo após o Concílio Vaticano II, o Pacto das Catacumbas, que teve sua participação e que apontou as necessidades sociais como o norte para o catolicismo.
Foi a partir destes acontecimentos que surgiram movimentos como a Teologia da Libertação e posteriormente o Movimento Fé e Política, que a cada novo encontro renova as esperanças de um outro mundo possível para todos, assim como o irmão sempre defendeu. Suas atividades durante os anos de chumbo, aqui no Brasil trouxe à reflexão não apenas dos brasileiros mas de todo mundo, as barbaridades cometidas pelos militares.
Além destes desmandos dos militares eles ainda tentaram lhe castigar ao não permitir, que você fosse laureado com o Nobel da Paz, que inclusive não foi entregue à ninguém em 1972. Mas os que estes senhores não sabiam é que na verdade, estavam fazendo um grande favor ao grande inimigo deles, afinal, vendo alguns dos premiados depois dos anos 80, passou a ser motivo de orgulho não receber tal premiação.
Sua humildade e exemplo mostram-se ainda hoje que não serão prêmios e condecorações, que alimentam nossos sonhos, que assim como sua história são imortais. Parabéns irmão Hélder.

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