terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crítica sobre o Rock in Rio 2011*


*Passado o bafafá provocado pelo Rock in Rio 2011, republico aqui a análise de ninguém menos que Tony Belloto dos Titãs sobre o festival. O texto foi originalmente no site da Revista Veja e está republicado aqui por que  concordo plenamente com o autor.

Por Tony Bellotto 

The dream is over, o sonho acabou, apregoava John Lennon ao fim dos delírios do Flower Power e dos movimentos hippies que ousaram acreditar que mudariam o mundo nos anos 60 e 70 do século passado. O sonho acabou, reverberou Gilberto Gil do lado de baixo do Equador, e foi pesado o sono para quem não sonhou (quem não dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou).

Hoje acordo com uma ressaca literal e figurada, depois de duas semanas em que um tufão chamado Rock in Rio varreu a minha rotina. Há zilhões de coisas a se falar sobre o evento, da importância dele na afirmação do show business brasileiro, em seu papel determinante na preparação do Brasil – e do Rio em particular – para os grandes eventos vindouros, Copa do Mundo e Olímpiadas etc etc. Os críticos se encarregarão de analisar as performances dos artistas e sua relevância e importância no panorama da música pop atual e…será? Tenho minhas dúvidas. Se tem uma coisa que deixou a desejar nesse Rock in Rio, foi a crítica musical.
Cadê a renovação? Cadê o tesão? A ousadia? A inspiração? Todas aquelas coisas que eles vivem a cobrar de nós, artistas? O que se vê, se ouve e se lê, é a falta de objetividade da crítica. Subjetividade escorrendo pelo ladrão, opiniõezinhas próprias, recalques, ressentimentos, raivinhas e comodismo contagiante. E, por outro lado, conclusões precipitadas, falta de informação, imposição de gosto pessoal, preguiça e muita babação de ovo. Burrice pura e simples, em muitos casos. É só comparar as críticas de diferentes jornais para comprovar o que digo. Aliás, a ombudsman (que palavra horrível!) da Folha de São Paulo, na edição de domingo passado, dia 2 de outubro, observou muito bem o fato, apresentando vários e surpreendentes exemplos. Bem, há as exceções, claro (embora não haja nenhum Stevie Wonder da crítica). Mas no geral a crítica foi pífia nesse Rock in Rio. Agora que somos um país emergente, com grandes eventos de música, em que as bandas e artistas nacionais reafirmam sua competência e importância, busquemos uma crítica à altura da música, dos shows e dos discos que produzimos.

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