sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Faça o que eu falo, mas não faça o que eu falo

Meses atrás, a sociedade brasileira se mostrou crítica ao comportamento do judiciário, que proibiu o jornal O Estado de São Paulo, de publicar qualquer informação sobre a operação da Polícia Federal, que investiga o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney. Realmente um ato lamentável de um poder que tem um papel tão importante no Estado Democrático de Direito.
Porém, como diz o dito popular, o mundo da voltas e agora ele deu mais uma volta que surpreende a sociedade. Com o processo eleitoral já na reta final, uma colunista do mesmo jornal publicou um texto com o título "Dois Pesos". No artigo, a psicanalista fazia críticas a elite brasileira, que mesmo criticando o voto das classes mais baixas, mas ao mesmo tempo rasga elogios ao programa Bolsa Família.
O Estadão, que sempre foi um jornal identificado com as elites, agiu da mesma maneira que o judiciário que o mesmo tanto critíca. A colunista deixou as páginas do jornal, o motivo segundo a agora ex-colunista, seria um "delito de opinião". É lamentável que um jornal que se diz vítima de censura, atue da mesma forma. É a cristalização da famosa frase: "Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço".
Entretanto, como já era esperado, o jornal desmente a tese de que o afastamento tenha ocorrido por questões contrárias a linha editorial do veículo. Para a direção do jornal o que aconteceu foi, que “Havia uma discussão em torno de novos rumos para a coluna, essa conversa começou na última terça-feira pela manhã, (...) Horas depois, houve um vazamento na internet que precipitou a decisão. Não houve censura. Tanto que a coluna saiu integralmente”.
Porém, assim como é evidente o fato de a coluna ter sido publicada na íntegra, ter mascarado a censura, também é claro que a consolidação da mesma se deu na demissão da colaboradora, que não pode mais utilizar o espaço que tinha para emitir sua opinião. Essa contradição é algo que mancha a história do jornal e que o mesmo tem de explicar para toda a sociedade.

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