quarta-feira, 28 de abril de 2010

Que liberdade de expressão queremos?

Vem se aproximando o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que é celebrado todo dia 3 de maio e como já é sabido por todos essa tal liberdade vem sendo debatida há anos no Brasil. É importante lembrar que esse debate ganhou força, quando ainda no governo Fernando Henrique, a Federação Nacional dos Jornalistas, órgão máximo da categoria, em conjunto com um grupo de parlamentares, apresentou um projeto de lei, que propunha a criação do Conselho Federal de Jornalismo, órgão semelhante a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ou Conselho Federal de Medicina (CFM).
Tal medida foi o suficiente para que os grupos mais conservadores da sociedade e principalmente da imprensa, se mostrassem contrário e o taxassem como censura. Além deste episódio, que foi revivido no início do governo Lula, acumula-se ao debate a questão da obrigatoriedade do diploma, que por decisão do Supremo, acabou não existindo mais. Para apimentar ainda mais a discussão, após a realização das Conferências de Comunicação, no ano passado e que foram esvaziadas pela grande mídia, os mesmos "donos da mídia" organizaram em março, um evento interno, que foi utilizado como meio para contrapor as propostas populares apoiadas pelo governo.
Com tais acontecimentos o debate sobre a liberdade de expressão vem sendo apresentado como uma luta de classes, no mais claro sentido apresentado por Marx e seguido anos mais tarde por Gransci. Projetos antagônicos de mídia se contrapõem. O primeiro, dos movimentos sociais, busca uma real liberdade de expressão e também de imprensa, com garantia para meios populares como jornais, rádios e tevês populares, que mostrem a realidade segundo a ótica das comunidades, afinal de nada adianta ter liberdade de expressão sem ter condições iguais de expressá-las.
Já o projeto de mídia dos grupos donos da grande imprensa é deturpar ainda mais o jornalismo. Primeiro eles atacaram o diploma, aumentando a precarização das condições de trabalho. Agora eles, ainda querem acabar com o princípio básico da imparcialidade jornalística. Com isso eles atropelam os ensinamentos primários do bom jornalismo, que difere textos opinativos baseados na redação argumentativa e, de textos dissertativos que primam pela imparcialidade, sem buscar convencer o leitor. Atuando desta forma, estes senhores, querem reduzir o papel do jornalismo a simples função de porta voz das idéias do mesmo grupo, manipulando a opinião pública e mantendo o status quo.
Na situação atual, a idéia destes tubarões é defender não a liberdade de imprensa ou de expressão, mas sim a liberdade de empresa, onde só se pode difundir as idéias de seus donos. Sendo assim, eles na mais fazem do que colocar em prática a famosa frase de Assis Chateubriand, que afirmava: "Quem quiser defender suas idéias, que monte seu jornal, pois nos meus eu defendo as minhas".
Mas ainda assim não deixam de apontar suas próprias contradições. Isso por que, ao mesmo tempo que praticam tal fala, se articulam para evitar que movimentos populares tenham seus próprios meios de comunicação, sempre classificando-os como "piratas", ou seja, ilegais e qualquer tentativa de legalização dos mesmos é amplamente combatida pelos mesmos senhores. Por isso, é necessário que toda a sociedade entre de vez neste importante debate para nossos país que já tem suas instituições democráticas consolidadas. E como todos sabem, democracia não existe sem liberdade.

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