domingo, 5 de janeiro de 2014

Carta Aberta à Fernando Henrique Cardoso


Fonte: Veja.abril.com.br

Eu costumo respeitar os cabelos brancos das pessoas, mas entendo também que respeitar e concordar são coisas bem distintas. Li o artigo escrito pelo ex-presidente e hoje imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e discordo de muitas colocações que ele apontou. Não vi em momento algum o governo petista apontando em um “declínio ocidental”, como o sociólogo escreveu.

Desde os tempos do governo Lula que o país vem apenas buscando ampliar o número de parceiros, o que já mostrou resultado, uma vez que com tal ampliação a crise econômica 2007/08, não nos atingiu da mesma forma como outras crises menores fizeram tempos atrás. É evidente que é necessário uma maior aproximação tanto com a Europa como com os países do Pacífico, mas não se pode ignorar o G-20 e a força dos mercados emergentes, que tem chamado tanto a atenção da iniciativa privada internacional nos últimos anos e que mantém a previsão de crescimento.

Em relação aos Estados Unidos, também é claro que uma aproximação seria interessante ao Brasil em vários aspectos, entretanto o comportamento da Casa Branca vem justificando as ações do Brasil em relação aquele país. O caso envolvendo Edward Snowden mostram que sim, o Brasil tem motivos para ter “o pé atrás” com aquele governo, seja por espionar a Petrobras e a Presidência, ou seja, por perseguir o cidadão, que denunciou o abuso.

E não a economia estadunidense não está lá essas coisas e prova disso foi a recente paralisação dos serviços públicos por falta de verbas, algo impensável sobre os Estados Unidos, até bem pouco tempo atrás. Em relação ao Oriente Médio acredito que sempre é importante manter relações com alguns daqueles países, apesar de toda a dificuldade que aquela realidade implica.

A política externa brasileira continuará alcançando avanços importantes como o acordo entre o Brasil e seus parceiros do MERCOSUL e a Europa, hoje travado mais por questões referentes aos benefícios existentes aos países de lá do que os de cá. Assim como em relação à Europa o Brasil está para assinar um acordo de cooperação econômica com os países do Pacífico, a definição deverá sair ainda no primeiro semestre de 2014, assim como o acordo com os europeus.

Em relação a América Latina, o bolivarianismo não diminuiu o papel do Brasil de protagonista no continente. Continuamos a ser a principal economia do continente e mantemos a liderança política continental. É evidente que o governo precisa tratar de forma mais séria as ações para resolver o gargalo representado pela falta de infraestrutura do país.

Quanto a educação, a meu ver é leviandade negar que o setor vem melhorando nos últimos anos, ainda que exista um longo caminho a ser percorrido.

Em relação ao pré-sal é evidente que a garantia da participação da Petrobras é um acerto, uma vez que a mesma foi a responsável pela descoberta das reservas e permitir que outras empresas explorem as áreas sem a participação da petrolífera brasileira, seria insanidade.
Discordo em relação a inflação, uma vez que chegamos ao décimo ano consecutivo com a inflação dentro da meta e alegar que isso acontece apenas por conta de contabilidade criativa e repressão artificial é desconsiderar todo o avanço que o país alcançou após a adoção das metas inflacionárias.

Ainda é preciso destacar que pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que a desigualdade social vem caindo nos últimos anos. Isso acontece por conta do aumento da renda e do poder de compra da população, além do pleno emprego que coloca o país mais uma vez como recordista no combate ao desemprego, assim sendo apontar apenas os erros da economia brasileira é na realidade, apenas cena política eleitoreira.

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