quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Carta Aberta à Dom Paulo Evaristo Arns


Conforme explicado na última Carta Aberta, este mês teremos uma edição extra da seção Carta Aberta e o destinatário é Dom Paulo Evaristo Arns Cardeal de São Paulo. O motivo é claro, o religioso completou no último dia 14, 90 anos de uma vida dedicada ao Evangelho e a construção plena do Reino dos Céus aqui mesmo na Terra.
Nascido em Forquilinha, interior de Santa Catarina, Dom Paulo ingressou na Ordem do Franciscanos, cursou Filosofia em Curitiba e Teologia em Petrópolis. Exerceu seu ministério dando assitência a população mais carente de Petrópolis e lecionou tanto no Teologado Franciscano, quanto na Universidade de Petrópolis. Anos depois se transfere para a França, onde cursa letras na Sorbone. Em 1952, conclui seu doutorado pela mesma universidade.
Volta ao Brasil, onde passa a dar aulas em Agudos e Bauru, tempos depois regressa à Petrópolis, onde volta a trabalhar com a população menos favorecida. Em 1966, com 44 anos é eleito bispo auxiliar de São Paulo. Quatro anos depois foi nomeado arcebispo metropolitano de São Paulo, pelo Papa Paulo VI.
Dom Paulo permaneceu no cargo até abril de 1998, quando renunciou por limite de idade. Paoou emtão a ser Arcebispo Emérito de São Paulo, desde então. Em 1973 é nomeado Cardeal e participa como cardeal-eleitor nos dois conclaves, de agosto e outubro de 1978, que elegeu o Papa João Paulo II. Em 2005, participou do conclave que elegeu Bento XVI como cardeal não-votante.
Sua atuação pastoral sempre foi focada os habitantes de áreas periféricas, aos trabalhadores e à formação das Comunidades Eclesiais de Base, buscando a defesa e a promoção dos direitos da pessoa humana. Durante o período em que foi bispo auxiliar de São Paulo, teve forte atuação no bairro de Santana e durante a ditadura militar teve atuaçlão destacada na luta pelo fim das torturas e pela redemocratização do Brasil, junto com outros importantes personagens deste processo, entre eles o rabino Hery Sobel, com que Dom Paulo criou uma "ponte" entre o judaísmo e o catolicismo em terras paulistanas. Nessa época, colabora de maneira decisiva no livro "Brasil Nunca Mais", um dos símblos da luta contra o Regime Militar. Também integra o movimento "Tortura Nunca Mais".
Em 1972, cria a Comissão de Justiça e Paz, de São Paulo e incentiva as Pastorais da Moradia e Operária. Em 22 de maio de 1977 recebe o título de "Doutor Honoris Causa" (juntamente com o presidente norte-americano Jimmy Carter na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. A distinção, concedida também ao cardel Kim da Coreia e ao bispo Lamont da Rodésia na África, pela forte atuação em defesa dos diretios humanos.
Entre 1979 e 1985, coordenou com o Pastor Jaime Wright, de maneira clandestina, o projeto Brasil Nunca Mais. Este projeto tinha como objetivo evitar o possível desaparecimento de documentos durante o processo de redemocratização do país. O trabalho foi realizado em sigilo e o resultado foi a cópia de mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar (STM). Contudo, este material foi microfilmado e remetido ao exterior diante do temor de uma apreensão do material. Em ato público realizado dia 14 de junho de 2011, foi anunciada a futura repatriação, digitalização e disponibilização para todos os brasileiros deste acervo. Em 1985, com a ajuda de sua irmã, a pediatra Zilda Arns Neuman, implantou a Pastoral da Criança.
Em 1989 a Arquidiocese de São Paulo, por decisão do papa João Paulo II, teve seu território reduzido com a criação das novas dioceses: Osasco, Campo Limpo, São Miguel Paulista e Santo Amaro. Especula-se que esta redução do território da Diocese de São Paulo por parte do papa tenha a ver com as afinidades que D. Paulo tinha com a Teologia da Libertação, movimento católico de caráter socialista que pregava a igualdade e a opção social pelos pobres, em oposição a um certo conservadorismo do papa e da Igreja.
Em 1992, Dom Paulo cria o Vicariato Episcopal da Comunicação, que tem a finalidade de fazer a Igreja estar presente em todos os meios de comunicação. Em 22 de fevereiro do mesmo ano, inaugurou uma nova residência destinada aos padres idosos, a Casa São Paulo, ano em que também criou a Pastoral dos Portadores de HIV. Em 1994 fundou o Conselho Arquidiocesano de Leigos.
Em 1996, após completar 75 anos, apresentou renúncia ao papa, em função das normas eclesiásticas, renúncia esta que foi aceita. A partir de então, tornou-se arcebispo emérito de São Paulo.
Que o seu caminhar nestes 90 anos continue sendo inspiração para que a Igreja atue em prol dos mais necessitados, na busca pela construção do Reino.

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