segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Carta Aberta ao Deputado Róbson Leite


O planejamento deste blog tinha pensado em fazer uma singela homenagem a Dom Paulo Evaristo Arns, a motivação era lógica, afinal este mês o Cardeal completou 90 anos e sua trajetória é claramente uma bela justificativa para esta singela homenagem por parte deste observador. Entretanto, o desenrolar dos fatos políticos em meu estado, provocaram uma urgente mudança de planos.
O debate sobre a questão das Organizações Sociais assumirem a administração da rede pública de saúde esquentou por aqui e motivou a publicação desta carta. Por isso, a edição deste mês será endereçada ao deputado Robson Leite, do PT fluminense.
Começo a mesma, questionando o deputado sobre o argumento que coloca logo no início do texto em que apresenta suas justificativas. Nele o parlamentar deixa claro: “... quero reafirmar que sou contrário ao modelo de organizações sociais. Aliás, sou contra que qualquer ONG faça gestão de áreas fundamentais do Estado, como a saúde. Entretanto, nossa votação no PT e na ALERJ tem a ver com a disputa institucional... o espaço institucional é muito conservador e, portanto, muitas de nossas posições neste espaço serão mais recuadas do que nosso programa, tendo como objetivo conquistar pequenos avanços numa perspectiva de um projeto maior...”.
Quem é contrário a algo, não pode votar a favor do que diz ser contra. Para mim, isso é uma enorme contradição. Como militante de esquerda, acredito na máxima marxista de que a prática é o critério da verdade. Portanto, não há possibilidade de concordar com tal comportamento. No meu entendimento, é preciso combater todo tipo de conservadorismo e não utilizá-lo como desculpa como aconteceu agora.
Acredito que para um político, o programa que ele apresenta na campanha, funciona como forma de contrato e por isso, deve ser cumprido à risca, sem abrir mão do que se planejou e ou prometeu. O projeto maior de um político deve ser cumprir sua palavra com seus eleitores, sem o velho blá, blá, blá do toma lá, da cá.
O sistema de saúde está caótico no estado? Não é entregando a iniciativa privada que ele irá melhorar. É preciso buscar seu fortalecimento para que o mesmo possa garantir atendimento público, gratuito e de qualidade para todo cidadão. Respondo aqui suas perguntas: ...O que fazer? Qual medida tomar?...  A resposta é uma só: Vote contrário ao entreguismo da máquina pública, tão alimentado pelo ideário neoliberal, que vigorou no país nos anos 90.
Votar a favor deste crime de “lesa-estado” (livre adaptação da lesa-pátria), sabendo que o mesmo seria aprovado de qualquer forma, para mim é sinal de covardia e lamento que meu partido tomou  tal  decisão. Uso aqui a famosa frase do revolucionário mexicano Emiliano Zapata (1879-1919): “É melhor morrer de pé, do que viver de joelhos”. Infelizmente a  maioria  da bancada petista no Rio, pensa de maneira inversa ao companheiro Zapata. Acredito que o correto seria votar contra essa lei, de forma integral e sem tentar fazer emendas.
Gostaria de maiores explicações quanto à parte “... Quero terminar dizendo que nosso mandato não se furta em comprar briga com o governo quando esta é necessária. ...”. Essa não seria uma briga necessária? Não vejo diferenças entre usuários da rede pública de saúde e os presos na visita do presidente Obama, os bombeiros ou os professores. Todos somos cidadãos, pagamos nossos impostos e exigimos respeito por parte do poder público.

P. S.: 1 Deixo aqui meu e-mail caso alguém ligado ao mandato do parlamentar se interessar em ampliar tal debate e aviso que o espaço para  publicações futuras de textos sobre o tema, que sejam elaborados pelo deputado e ou sua equipe, já se encontra a disposição neste mesmo blog.  Caso queiram, mandem o texto para o e-mail: ricardoabreujornalista@yahoo.com.br

P. S.: 2 Este mês a seção Carta Aberta terá edição extra em homenagem ao aniversário do irmão Cardeal Dom Paulo  Evaristo Arns.


Nenhum comentário:

Postar um comentário