sábado, 9 de janeiro de 2010

A hipocrisia dos reacionários


O recente lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos, por parte do governo federal vem causando muita polêmica e já serviu para tirar a máscara dos setores mais conservadores de nossa sociedade. A primeira reação ao programa, como não poderia deixar de ser veio das Forças Armadas, que criticou a proposta de abertura dos arquivos da ditadura militar e a revisão da Lei da Anistia.

Esta reação, mostrou que os reacionários comandantes militares, não compreenderam o objetivo do programa. É preciso sim abrir estes arquivos por vários motivos e entre os principais estão: o fator histórico, afinal todo país tem o direito de conhecer sua própria história e também o fator legal. É inadmissível que entidades tão respeitadas como o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, aceitem que bandidos infiltrados em seu seio, tenham se aproveitado de seus postos e uniformes, para cometer crimes hediondos, como sequestro, tortura, assassinatos e ocultação de cadáver. Estes senhores devem sim ser punidos.

Quem matou o "suicida" Wladimir Herzog? O que aconteceu com este senhor? Como aceitar que o assassino do companheiro La Marca, não tenha sido punido pelo assassinato e ainda candidatou-se a presidente na reabertura política? Como não punir os responsáveis pela prisão, tortura e morte do jovem Stuart Angel? Quem ainda por cima esconderam seu corpo e nem deram satisfações de seu paradeiro para a mãe do jovem Zuzu Angel? Como aceitar que o Estado cometa tantos crimes e saia impune desta história?

Muitos defensores dos militares dirão que estas vítimas, são também assassinos por causa de crimes como sequestros, assaltos a bancos e assassinatos e que com a Lei da Anistia tanto os civis quanto os militares deixaram de ser punidos pelos seus crimes. Entretanto para estes senhores, lembro que é direito de qualquer povo, sem que isso esteja escrito na lei, se rebelar contra qualquer governo que se torne déspota e opressor e por isso, nomes como Iara Iavelberg, Carlos Lamarca, Frei Tito, Marighela, Stuart Angel e tantos outros que se revoltaram contra o staus quo da época, são sim heróis e não vilões.

O Estado não pode nunca se colocar acima da lei e foi isso que o Estado brasileiro fez entre 1964 e 1985, com a ampla conivência de nossas Forças Armadas que, agora tem a chance de limpar sua história entregando estes criminosos disfarçados de militares para que a justiça puna cada um conforme suas responsabilidades.

Outro grupo reacionário que mostrou forte reação, foram os senhores do campo, responsáveis pelo famoso agronegócio, estes reclamam que o programa acaba por incentivar a insegurança no campo e fortalecer as organizações radicais, em uma forte alusão ao Movimento dos Sem Terra (MST). Entretanto, o que estes hipócritas não falam é que quando lhes interessa eles defendem sim a negociação para a desocupação de terras e um exemplo recente mostrou claramente tal posicionamento.

O fato a que me refiro, é a desocupação das terras da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima, quando mesmo com a demarcação da mesma, os senhores fazendeiros, que produziam arroz na região e que sempre foram invasores, resistiram enquanto puderam, para sair das terras indígenas. Portanto, defender que o MST não tenha tal direito é hipocrisia sim senhor. Isso lembrar casos mais recentes como o da fazenda "da Cutrale" "invadida pelo MST" e que foi formada em terras que eram da União, antes de serem invadidas pela multinacional sócia da Coca-Cola.

É preciso que tais terras, que estão em situação irregular sejam sim expropriadas em utilizadas para fins de reforma agrária, assim como o caso de fazendas com grandes dividas com a União, estados ou municípios e também as terras que pertençam a senhores em dívida com a justiça como é o caso do banqueiro Daniel Dantas e do médico acusado de estupro em São Paulo. Mas infelizmente nestes casos, a hipocrisia e a covardia impedem que senhores como o ministro Stephanes e a senadora Kátia Abreu, ataquem estes criminosos.

Outro setor reacionário que ficou em polvorosa com o programa foi a imprensa. Inconformados com o que eles teimam em classificar como censura, quando na verdade são meios que garantam a sociedade, o controle sobre a programação com punições variadas para quem desrespeitar os direitos humanos através dos meios de comunicação. Alguém precisa lembrar aos membros da imprensa, principalmente aos donos dos veículos, que tal medida não é censura e que levar isso como se fosse, além de hipocrisia é um tiro no pé.

Afinal como explicar que ninguém pode dizer o que publico em meu veículo, sob a ameaça de ser taxado de censor, mas eu posso escolher o que e como publicar neste mesmo veículo, sem ser censor? Para mim, tal atitude é hipocrisia. estes senhores e senhoras vivem a alegar liberdade de imprensa para defender seus interesses, mas na verdade eles travestem a liberdade de empresa, como se fossem a de imprensa.

Estes senhores, além de hipócritas, são covardes, pois se negaram a participar dos debates referentes as conferências municipais, regionais, estaduais e a nacional de comunicação, utilizando seus veículos para criticá-las, quando deveriam ter participado dos debates. Afinal a liberdade e justiça, são fatores fundamentais para qualquer democracia e a democracia só existe quando elas são para todos e com a participação de todos.

2 comentários:

  1. ué! mudou de observador para escrivinhador?? rsrs;

    na verdade esses hipócritas barões da mídia elitista / escravocrata (ainda pensam e agem como nos tempos do café...) defendem a manutenção do MONOPÓLIO dos serviços de comunicação como forma de DOMÍNIO SOCIAL e usando e abusando de MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO = MENTIRAS DESLAVADAS!!! é um câncer que tem que ser extirpado a todo custo para que possamos ter, um dia, a democracia funcionando em sua PLENITUDE!!!

    agora o próximo passo (para a sociedade)é colcar esses imperialistas em seu devido lugar e democratizar NA MARRA o serviço PÚBLICO de comunicação do País, moralizar a informação utilizando as propostas da CONFECOM (Conf. Nac. de Comunicação) e transformá-las em LEI FEDERAL e , de preferência, com a severidade da nova lei Argentina!!!

    parabéns pelo artigo. abraço.
    Moc

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  2. Nossa, o programa é excelente! Talvez peque pelo excesso de zelo ou pela impossibilidade de realização de algumas de suas orientações, mas não tenho dúvida de que contempla muito do que é necessário fazer por este país.
    Finalmente entenderam que o país é feito de pessoas, não apenas de números.
    Abraços e parabéns pela matéria.
    Grilo D

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