quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Carta Aberta à Barack Obama

Em dezembro, dias antes de uma homenagem a Dom Helder Câmara que participei, publiquei aqui uma Carta Aberta direcionada à ele (aqui) e devido aos comentários de amigos resolvi transformar tais cartas em uma sessão mensal do blog. A segunda edição é direcionada ao presidente Obama, exatamente um ano após sua posse.

Pois é Obama, já se vai um ano, desde que o senhor assumiu seu posto na Casa Branca, representando a esperança de grandes mudanças no país que sempre se colocou como o "grande líder" mundial. Sua posse como presidente representava então uma grande vitória das minorias, que sempre foram oprimidas, afinal como era moda, um ano atrás, diziam que você era o primeiro presidente negro daquele país.
Sua campanha mostrou muitas propostas progressistas e humanitárias, que ajudaram e muito a construir uma imagem quase próxima a do Super Homem, você seria o cara certo no lugar certo. Entretanto, o tempo que é o senhor da razão, mostrou que a humanidade estava enganada. Um ano após o início de seu governo, muitas das promessas de campanha, permanecem ainda como promessas. O senhor disse que fecharia a famigerada Prisão da Base de Guantánamo, maior símbolo do desrespeito aos Direitos Humanos de seu antecessor, mas infelizmente ela continua aberta.
Também durante a campanha, você dizia que as guerras no Iraque e no Afeganistão, não se estenderiam por muito tempo e que não mandaria mais soldados para estes lugares. Entretanto, recentemente seu governo mandou centenas de soldados para combater nestes fronts. Pelos seus atos, o presidente dos EUA, é uma caricatura piorada daquele "herói" que se elegeu em 2008. Suas atuações no que diz respeito as políticas internacionais, não se diferenciam em nada das do governo republicano do Bush filho.
Um exemplo claro disso foi a Conferência do Clima na Noruega, onde o senhor como Chefe de Estado do país mais industrializado do mundo e por isso, o maior poluidor, deveria angariar apoio dos grandes líderes mundiais para adoção de medidas que busquem alternativas que combatam o aquecimento global, já eleito o maior vilão do século XXI. Mas infelizmente, este não foi o seu comportamento, muito pelo contrário.
Com um discurso que caberia muito bem a um republicano yanke, você defendeu o direito de poluir, que os EUA e os países endinheirados sempre acharam que tiveram, mas o estranho da tese defendida por você é que nela, apenas os EUA tinham tal direito. Talvez por isso, sua participação em Copenhague, foi sim indigna de nota. Pelo o que vimos nestes 12 meses de presidência, não foram poucos os casos em que suas ações frustraram as esperanças de quem o classificava como a salvação dos EUA.
Muitos dirão em sua defesa que a crise mundial (a maior desde 1929) atrapalhou seus planos e lhe trouxe grandes problemas, mas talvez ai você tenha seu maior destaque positivo, ainda que sua atitude seja contraditória as idéias defendidas pelo Consenso de Washington que sempre defendeu o Estado Mínimo recriminando toda ação governamental que caminhasse no sentido de intervenção estatal na economia.
Fica aqui a torcida para que nos próximos três anos que lhe restam como presidente, seu governo conquiste avanços nas áreas onde falhou em 2009. E espero também que jamais se esqueça da famosa frase do "tio Ben" de Homem Aranha: "Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades", portanto senhor Obama, assuma-as.

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