sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ah! Seus hipócritas!


O título do post foi inspirado na famosa matéria "Ah, seus covardes: O segundo julgamento de Dreyfus", esta matéria escrita por J. E. Dillon e publicada na edição de 11 de setembro de 1899 do jornal Daily Telegraph. O texto trata do segundo julgamento do então Capitão Alfred Dreyfus, que já havia sido condenado a prisão e degradação no primeiro julgamento. Dreyfus era acusado de passar segredos militares aos alemães. Segundo Dillon, o comportamento covarde dos "atores" do segundo julgamento mantiveram a condenação e o réu só acabou sendo perdoado em 1906.


O texto fez tanto sucesso que entrou para a história do jornalismo literário, ou "New Jornalism", que entrou para a obra "O Grande Livro do Jornalismo", que reúne outras 54 reportagens do gênero e que foi editado por Jon E. Lewis. No Brasil, o livro foi publicado pela José Olympo Editora.


Lembrei-me do livro e da reportagem de Dillon, por vários motivos. O primeiro pela proximidade que vejo entre covardia e hipocrisia, o segundo pela data, já que também estamos em um 11 de setembro. O terceiro motivo é a minha participação em um debate pela internet sobre a tão sonhada e nunca alcançada liberdade de expressão.


O 11 de setembro é um dia importante para se falar em liberdade, afinal nesta mesma data, no ano de 1973, o Chile sofreu um duro golpe militar que tirou do poder o governo marxista de Salvador Allende e o substituiu por Pinochet, vilipendiando duramente as liberdades do povo chileno. Com relação a proximidade que vejo entre covardia e hipocrisia, lembro dos "fanfarões", que vivem a gritar por liberdade, mas que quando lhes interessa, são os primeiros a atacá-la, como vemos claramente com vários veículos de comunicação e também com muitas entidades ligadas ao jornalismo.


O debate a que me referi, tratava sobre um jornalista brasileiro que além de trabalhar no Congresso Nacional, participa também do Conselho Editorial da Telesur, um canal de televisão que pretende integrar a América Latina e que foi idealizado pelo presidente da Venezuela Hugo Chávez. Esta aproximação entre o jornalista brasileiro e a televisão sonhada pelo Chávez, foi claramente atacada por vários jornalistas e também por algumas entidades patronais.


Como já era esperado, Chávez foi taxado como ditador (mesmo tendo sido eleito e reeleito pelo povo venezuelano), choveram crírticas à ele, por que seu governo mandou fechar vários veículos de comunicação, o que é claro foi um erro. Mas o que estrahei e classifico como hipocrisia é que os brasileiros que o criticam, se calam diante do comportamento de vários veículos que atrelam os fatos noticiados aos seus intereses econômicos.


Por que não criticar os veículos que noticiaram a morte do militante do MST, como sendo apenas mais uma morte de um baderneiro, quando na verdade o polícial o matou pelas costas, ou seja, de maneira covarde? Por que não criticar as polícias fascistas dos governos do Rio e de São Paulo, que entram nas comunidades carentes atirando a esmo e muitas vezes mantando moradores inocentes, como se a polícia tivesse "licença para matar", nos moldes do James Bond, mais ocnhecido como 007? Por que não cobrar da mídia que ela critique este comportamento da polícia?


Isso, nem a imprensa e nem a sociedade fazem,porque são coniventes com estes absurdos, mesmo dizendo-se claramente defensores dos direitos humanos e da liberdade de expressão se colocam de forma cínica a defender os interesses financeiros dos grandes empresários, incluido ai os da comunicação, que atuam como "vendilhões do templo", comercializando a notícia conforme o interesse de quem pagar mais.


Agindo desta forma, os cínicos defensores da liberdade de expressão, apenas perpetuam o ideal de pensamento único. Ou as pessoas pensam e agem conforme o status-quo, ou então são marginalizadas e criminalizadas pela classe dominante da sociedade, ferindo assim, não apenas as liberdades de imprensa e de expressão, mas também e principalmente a democracia.


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