quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um pensador ainda atual



Nascido em Cincinnati nos Estados Unidos, em 18 de julho de 1922, físico e filósofo da ciência Thomas Samuel Kuhn tem uma obra ainda muito atual, mesmo 20 anos depois de seu falecimento. 

Um estudo realizado recentemente realizado por Elliott Green, professor associado da London School of Economics, que analisou as obras mais citadas em trabalhos disponíveis na ferramenta Google Scholar, criada em 2004, que é desde então uma referência crescente para pesquisas, graças a sua acessibilidade, apontou que a obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”, é a mais citada no mundo, entre os pesquisadores da área de Ciências Humanas.

Thomas Kuhn formou-se em física, em 1943 pela tradicional Universidade de Harvard. Três anos mais tarde foi agraciado com o título de Mestre e em 1949, concluiu o Doutorado na mesma instituição.

Tornou-se então professor em Harvard, onde lecionou ciências para alunos da área de Ciências Humanas, com o foco na história da ciência. Em 1956, passa a dar aulas de história da ciência na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em 1964, passou a dar aulas de filosofia e de história da ciência na Universidade de Princeton. Seis anos depois, passa a dar aulas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde ficou até encerrar sua carreira acadêmica.

O primeiro livro lançado por Thomas Kuhn foi A Revolução Copérnica, publicado em 1957. Em 1962, é lançado o livro A Estrutura das Revoluções Científicas, que o tornou conhecido como historiador e filósofo da ciência.

Estrutura das Revoluções Científicas foi um livro voltado para um público filosófico, ainda que não seja um livro de filosofia, pois como o próprio Kuhn afirmava, criticava o positivismo sem conhecê-lo em profundidade, mas não se sentia influenciado pelo pragmatismo de nomes como William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952).

Para responder as acusações de irracionalismo que passou a sofrer depois da publicação do livro, em 1974, Kuhn escreve o ensaio Reconsiderando os Paradigmas e em seguida, desenvolve Teoria do Corpo Negro e Descontinuidade Quântica – 1894-1912, que ele publica em 1979.

O debate sobre a obra de Thomas Kuhn gira em torno da noção de paradigma científico e da "incomensurabilidade" entre os paradigmas. Ken Wilber defende (em seu livro A União da Alma e dos Sentidos) que a ideia de paradigmas proposta por Kuhn tem sido apropriada e abusada por grupos e indivíduos que tentam fazê-la parecer uma declaração de que a ciência é arbitrária. Entretanto, a obra de Kuhn abriu espaço para toda uma nova abordagem de estudos chamados Social Studies of Science (estudos sociais da ciência) que desembocou no Programa Forte da Sociologia.

Especula-se que Kuhn tenha se apropriado de muitas das ideias de Ludwick Fleck (1896-1961)  - como paradigma, revolução paradigmática. ciência normal, anomalias, etc -, médico polonês que pouco escreveu sobre história da ciência e que permaneceu e permanece desconhecido de muitos.

O pensamento de Kuhn
 
Thomas S. Kuhn ocupou-se principalmente do estudo da história da ciência, no qual mostra um contraste entre duas concepções da ciência:
  • Por um lado, a ciência é entendida como uma atividade completamente racional e controlada. (Perspectiva Formalista).
  • Em outro lado, a ciência é entendida como uma atividade concreta que se dá ao longo do tempo e que em cada época histórica apresenta peculiaridades e características próprias. (Perspectiva Historicista).
Este contraste emerge na obra A Estrutura das Revoluções Científicas, e ocasionou o chamado giro histórico-sociológico da ciência, uma revolução na reflexão acerca da ciência ao considerar próprios da ciência os aspectos históricos e sociológicos que rodeiam a atividade científica, e não só os lógicos e empíricos, como defendia o modelo formalista, o qual estava a ser desafiado pelo enfoque historicista de Kuhn.

Enfoque historicista

Segundo o enfoque historicista de Kuhn, a ciência desenvolve-se segundo determinadas fases:
1.     Estabelecimento de um paradigma
2.  Ciência normal
3.  Crise
4.    Ciência Extraordinária
5. Revolução científica
6.    Estabelecimento de um novo paradigma.
1.    A noção de paradigma resulta fundamental neste enfoque historicista e não é mais que uma macroteoria, um marco ou perspectiva que se aceita de forma geral por toda a comunidade científica (conjunto de cientistas que compartilham um mesmo paradigma e realizam a mesma atividade científica) e a partir do qual se realiza a atividade científica, cujo objetivo é esclarecer as possíveis falhas do paradigma ou extrair todas as suas consequências. Em Estrutura das revoluções Científicas, o termo paradigma causou confusão a uma série de estudiosos. Kuhn esclareceria posteriormente que o termo pode ser utilizado num sentido geral e num sentido restrito. O primeiro diz respeito à noção de matriz disciplinar, que é o "conjunto de compromissos de pesquisa de uma comunidade científica". O segundo sentido denota os paradigmas exemplares, que são a base da formação científica, uma vez que o pesquisador passa a dominar o conteúdo cognitivo da ciência através da experimentação dos exemplos compartilhados.
2.    A ciência normal é o período durante o qual se desenvolve uma atividade científica baseada num paradigma. Esta fase ocupa a maior parte da comunidade científica, consistindo em trabalhar para mostrar ou pôr a prova a solidez do paradigma no qual se baseia. Thomas Kuhn estabelece três classificações possíveis para a constituição da ciência normal: determinação do fato significativo (construções teóricas e práticas a respeito de leis da natureza), harmonização dos fatos com a teoria e articulação da teoria (resolução de ambiguidades e problemas).
3.    Porém, em determinadas ocasiões, o paradigma não é capaz de resolver todos os problemas, que podem persistir ao longo de anos ou séculos inclusive, e neste caso o paradigma gradualmente é posto em cheque, e começa-se a considerar se é o marco mais adequado para a resolução de problemas ou se deve ser abandonado. Então é quando se estabelece uma crise. O objeto de estudo predominante neste período são denominados de anomalias.
4.    Ciência extraordinária, é o tempo em que se criam novos paradigmas que competem entre si tentando impor-se como o enfoque mais adequado.
5.    Produz uma revolução científica quando um dos novos paradigmas substitui o paradigma tradicional. A cada revolução o ciclo inicia de novo e o paradigma que foi instaurado dá origem a um novo processo de ciência normal. Kuhn afirma que "decidir rejeitar um paradigma é sempre decidir simultaneamente aceitar outro".

Desta maneira, o enfoque historicista dá importância a fatores subjetivos que anteriormente foram passados por alto na hora de explicar o processo de investigação científica. Kuhn mostra que a ciência não é só um contraste entre teorias e realidade, senão que há diálogo, debate, tensões e até lutas entre os defensores de distintos paradigmas. E é precisamente nesse debate ou luta onde se demonstra que os cientistas não são só absolutamente racionais, não podem ser objetivos, pois nem a eles é possível afastar-se de todos os paradigmas e compará-los de forma objetiva, senão que sempre estão imersos em um paradigma e interpretam o mundo conforme o mesmo. 

Isto demonstra que na atividade científica influi tanto interesses científicos (ex: a aplicação prática de uma teoria), como subjetivos, como por exemplo, a existência de coletividades ou grupos sociais a favor ou contra uma teoria concreta, ou a existência de problemas éticos, de tal maneira que a atividade científica vê-se influenciada pelo contexto histórico-sociológico em que se desenvolve. Também é verdade que, epistemologicamente falando, Thomas Kuhn se guia por um paradigma para estudar a formação dos paradigmas!

Para Kuhn a ciência é subjetiva evolui de modo a aproximar-se da verdade. Esta aproximação é feita pela substituição de teorias, paradigmas que são segundo Karl Popper (1902-1994) objetivamente melhores que a teoria ou paradigma anteriores, sendo assim a ciência segundo Popper objetiva. 

Mas Kuhn critica este ponto de vista e afirma que dois paradigmas são incomensuráveis, e também para um paradigma ser melhor que outro tinha de ser objetivamente melhor que o anterior mas isso não acontece pois os fatores que levam a escolher um paradigma e desfavorecimento do anterior são fatores subjetivos. Sendo assim a ciência não objetiva pois as escolhas que levam a evolução da ciência são meramente subjetivas.

Thomas Samuel Kuhn morreu em Cambridge no estado de Massachusetts 17 de Junho de 1996, de cancro.

Um comentário:

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