sexta-feira, 26 de junho de 2015

A flor mais autóctone da Revolução Cubana

Sempre que se fala, pensa e ou estuda-se a Revolução Cubana, de 1959, quando o Movimento 26 de julho depôs o ditador Fulgêncio Batista e instaurou um regime comunista na ilha, lembramo-nos de nomes como Fidel Castro, Raul Castro, Cienfuegos, Che Guevara, mas pouco se fala de outra figura fundamental para o sucesso dos guerrilheiros comunistas.

Falo de Celia Sánchez, uma das líderes do Movimento 26 de julho e que fora da ilha é pouco conhecida, mesmo pelos historiadores e pesquisadores que estudam a revolução, o governo revolucionário e o país. Na ilha, Sánchez é reconhecida como heroína, seu nome está nas praças, escolas e principalmente motiva diversas mães da darem seu nome as suas filhas em forma de homenagear, a líder revolucionária.

Celia Sánchez Manduley, fundadora e dirigente do Movimento 26 de julho na Província do Oriente, nasceu em 9 de maio de 1920, na localidade de Media Luna. Filha de Manuel Sánchez e Acácia Manduley, teve nove irmãos. Seu pai era médico e atendia os camponeses da região, onde era muito querido pela população.

O doutor Manuel, era filiado ao Partido do Povo Cubano, popularmente conhecido como Partido Ortodoxo. Quando ainda era adolescente, Celia passou a integrar a juventude do partido, lá conheceu o jovem estudante de direito, Fidel Castro.

Como o partido seguia uma linha populista, combatia a corrupção e as multinacionais, mas era limitado pela ideologia pequeno-burguesa. Por isso Fidel começa a organizar a juventude, defendendo uma linha revolucionária, defendendo os interesses dos camponeses e dos mais pobres, guiados pelo marxismo e influenciados pelo pensamento de José Marti.

Celia ajuda Fidel a organizar a juventude, dando origem ao Movimento 26 de julho. O grupo congregava cerca de 1500 membros. Quando Batista instaura uma ditadura e impossibilita a ação oposicionista de maneira institucional, Fidel e o movimento passam a traçar uma estratégia de tomada do poder por meio das armas.
Para o Movimento 26 de julho, as condições para a ação armada, estavam dadas em Cuba, faltando apenas uma vanguarda reconhecida pelas massas. A ação inicial da guerrilha, foi o ataque ao quartel Moncada. A intenção do assalto era distribuir entre a população, as armas tomadas na ação. 150 jovens participaram da ação, realizada no dia 26 de julho, por isso o movimento passa a ser chamado pela data.

A ação não saiu como o planejado e poucos sobreviveram, mas o movimento passou a angariar apoio popular e teve papel fundamental na luta pela libertação, que aconteceu somente seis anos após o episódio em Moncada.

Em 1953, ano do centenário de nascimento de José Martí, poeta, filosofo e símbolo da luta pela independência de Cuba. Meses antes do ataque a Moncada Celia Sánchez e seu pai e vários companheiros do Movimento fizeram homenagem a Marti colocando um busto dele no ponto mais alto do Monte Turquino. Celia afirmava que a homenagem era para lembrar ao povo, que ainda era preciso concluir a obra iniciada por Martí.
Celia, não esteve no ataque a Moncada, mas participou ativamente da campanha financeira para ajudar os prisioneiros e seus familiares. Com sua dedicação, simpatia e conhecimento da região, Celia organiza o Movimento na região oriental, junto com Frank País e criou uma rede humana de apoio a guerrilha libertadora.

A ação desta rede teve influencia direta na transformação do pequeno grupo de 12 homens, que sobreviveram ao desembarque do Granma, em um Exército Rebelde invencível, que tomou o poder em apenas 25 meses. Assim como no caso do ataque ao quartel Moncada, esta ação, não saiu como o planejado, a ponto de Che Guevara, dizer, que aquilo não foi um desembarque e sim um naufrágio.

Caso os rebeldes conseguissem desembarcar no local planejado, teriam encontrado dezenas de homens liderados por Celia, com toda a infraestrutura necessária para o translado até Sierra Maestra. Quando logo após o desembarque, as forças governistas noticiaram a morte de Fidel, foi Célia quem levantou o moral dos revolucionários, afirmando que Batista mentia ao afirmar que Castro havia sucumbido aos ataques.

Celia, que teve como codinomes, Norma ou Aly, foi o elo entre os rebeldes da montanha e da planície, organizando o fornecimento de remédios, roupas e alimentos, além de conduzir novos combatentes que foram incorporados a guerrilha. Por isso Sánchez foi duramente cassada pelo Exército de Batista, mas sempre com insucessos.

Celia chegou a insistir em ir para o México e colaborar nos preparativos da expedição, mas foi convencida por Frank País a permanecer na ilha e atuar na base de apoio. Em maio de 1957, Sánchez sobe a serra e integra o Exército Rebelde, tornado-se guerrilheira de destaque, passando a ser auxiliar direta de Fidel. Manteve-se próxima a Fidel, até sua morte em 11 de janeiro de 1980. Sánchez fora pioneira na guerrilha de Sierra Maestra, sendo depois seguida por várias outras. Esteve no ataque ao quartel Uvero, a primeira grande vitória dos revolucionários, sobre o Exército de Batista.

Durante sua atuação em Sierra Maestra, Celia atuou também como memorialista da guerrilha, guardando documentos, papéis, anotações, palavras e discursos de Fidel. O dia-a-dia da guerrilha só ficou conhecido, através do Diário de Che Guevara e àdocumentação de Célia.

Sánchez integrou o Comitê central do Partido Comunista Cubano, fundado em 1965, a partir da unificação do Movimento 26 de Julho e o Partido Socialista Popular. Foi secretária do Conselho de Estado de destacou-se como defensora da arte, da história e das manifestações da nacionalidade cubana. A casa em que nasceu virou o Museu da Casa Natal de Celia, repleto de documentos e objetos pessoais, além de álbuns fotográficos de sua família.


Entre as milhares de homenagens do povo cubano à Celia Sánchez, está o monumento erguido no Parque Lênin, projetado por ela, no subúrbio de Havana, que é um dos lugares preferidos da revolucionária que escreveu seu nome na história de seu país.

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