quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Precisamos falar sobre aborto

Não é de hoje que esse assunto alimenta debates acalorados e polêmicos, mas o aborto precisa ser entendido como uma questão de saúde pública e não de segurança. Não vejo razões plausíveis para se alterar a legislação brasileira, quando a questão é o aborto. Não é nela que reside o núcleo do problema que está diretamente ligado a essa prática.

O aborto precisa ser visto como legal nos casos já previstos em lei e nestes casos, a rede pública de saúde, deveria ser estruturada para garantir que as mulheres que se enquadrarem nos casos estabelecidos pela legislação e que queiram abortar, tenham um tratamento digno e seguro, eliminando os riscos que os abortos ilegais envolvem.

Atualmente, o aborto clandestino é a quarta maior causa de morte materna no país e levantamentos recentes apontam que o número de abortos ilegais, já ultrapassa 1 milhão, o que por si só já demonstra a necessidade de abordar a questão de forma mais clara e objetiva.

Essa realidade demonstra que é preciso ampliar e estruturar a rede pública de saúde para atender os casos, permitidos pela legislação. Atualmente existem apenas 65 unidades de saúde aptas para fazer o aborto em todo o país. É preciso ampliar de maneira exponencial essa rede, garantindo não apenas o acesso ao processo do aborto, mas também todo o acompanhamento social e psicológico que esta situação demanda, mais ou menos como já ocorre no nosso vizinho Uruguai.

Para que essas mudanças ocorram, é preciso que a sociedade se mobilize cobrando do poder público, que esses avanços se consolidem. Somente assim, o país poderá mudar de maneira considerável essa triste realidade que vivemos hoje.

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