segunda-feira, 2 de julho de 2012

Qual a educação que queremos?

Me espantei com o que li no site de um grande jornal e passei a pensar na  pergunta que intitula este texto. Vivemos em uma sociedade moderna, teoricamente baseada no chamado Estado Democrático de Direito e assim sendo temos direitos fundamentais como a liberdade de escolha e a de expressão. Entretanto, essas  questões ocorrem apenas no campo teórico e frequentemente nos deparamos com ataques absurdos a   esses direitos básicos.

O texto em questão era mais uma prova do conservadorismo de parte de nossa  sociedade, que se afirma  esclarecida, mas nutrem internamente o espírito déspota, que atropela as liberdades, quando as mesmas  contrariam seus ideais tacanhos. Um professor de história com alta  qualificação  para o cargo, foi demitido de uma escola cara da zona sul paulistana, com a justificativa de que não agia de forma adequada em relação ao perfil pedagógico da  instituição. 

O educador descobriu depois que na verdade ele foi alvo de muitas críticas por parte de colegas de trabalho e também de pais de alunos, que reclamavam de seus hábitos e gostos excêntricos e perturbadores. Admirado por muitos de seus alunos, que aprenderam com ele uma forma alternativa de pensar e questionar o mundo. Suas  aulas eram permeadas de rock,  em estilos variados como The Beatles, Led Zeppelin, Mutantes, Raul Seixas, Rolling Stones,  Slayer, Sodom, Children of Bodom, Metalica e outras  bandas de havy metal.

Além da  parte musical, estimulou os estudantes a ler Jack  Kerouac, maior nome do movimento conhecido como beatinik,  biografia de Che Guevara, filosofia  grega, Ernest Hemingway, George Orwell e outros nomes que passam ao largo de obras como Harry  Potter e Crepúsculo. Segundo os críticos do educador, esse comportamento e essa metodologia de ensino não era apropriada para os filhos da  alta burguesia  paulistana e assim sendo, os mesmos pediram "a  cabeça" do professor revolucionário.

Este triste episódio levanta o importante debate para a sociedade contemporânea: Qual o verdadeiro papel da educação? Ensinar a questionar e pensar, ou adestrar e condicionar as novas gerações? Como se pode ensinar alguém, atacando de forma tão covarde princípios básicos como as  liberdades fundamentais? Estes senhores, que se apresentam  como o modelo a ser seguido, na realidade caminham na direção oposta da  educação. Preferem castrar e limitar o pensamento das novas gerações, como se o verdadeiro sentido da educação fosse utilizado para desestabilizar a sociedade, colocando em risco o estabilishiment, do qual eles  usufruem.

Nessa  triste história, o grande derrotado não foi o bravo educador, mas sim a educação e os agora  ex-alunos do mesmo professor e os detratores do historiador também não ganharam nem a batalha e muito menos a guerra. Neste lamentável embate entre conservadores e progressistas, só vemos perdedores, pois não existe espaço para os vencedores.         

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