quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Paradoxo da democracia

Com a proximidade do período eleitoral e o acirramento dos debates políticos, vemos sempre a democracia no centro do debate, mas pouco nos importamos com algo que deveria ser fundamental para o bom funcionamento de qualquer democracia consolidada. Me refiro a quantidade de partidos existentes na nossa república. Atualmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) temos o registro de 32 partidos e é sabido que em breve o Rede se tornará o trigésimo segundo partido, basta passar alguns poucos meses desta eleição, que o registro negado no ano passado será rapidamente dado para esse grupo, finalmente ter um partido para chamar de seu.

Os partidos no Brasil, tem algumas particularidades interessantes. Faz tempos que ideologia e partido não caminham juntos no país e isso acaba por fazer com que partidos que tenham uma definição política no nome, siga realmente aquela ideologia, outros adotam causas genéricas que acabam criando contradições internas. Outro ponto estranho, está no fato de que a cada processo eleitoral, dissidências de partidos, criem seus próprios partidos. Muitos dos atuais partidos que ai estão são frutos de rachas em outro partido.

É evidente que esta proliferação partidária acaba sendo prejudicial ao processo democrático. Seria mais lógico que os partidos já existentes, se identificassem de maneira a garantir um programa de governo para seguir, o que faria com que muitos destes partidos se unificassem, acabando com as "sub legendas", que funcionam apenas como partido de aluguel e linhas auxiliares dos grandes partidos. Exemplos destes são tão fartos em nosso cenário político que chega a ser desnecessário mencionar exemplos aqui.

Entretanto, a democracia, deve, ou ao menos deveria garantir a pluralidade partidária e é ai que se encontra esse grande paradoxo democrático. Poucos partidos, acabam facilitando que os grandes cominem o cenário, levando a disputa para polarizações que podem ser prejudiciais ao processo democrático. por outro lado, a multiplicação dos partidos acaba por facilitar negociatas estranhas, que no fim servem apenas para garantir o status quo e tudo permanecer como está.

Por essa questão, é que a reforma partidária é algo fundamental e tão necessária para o país como outras reformas como a agrária, a tributária, a urbana e a das comunicações. Porém, tal reforma só será possível através da participação popular e não da classe política, que se baterá para manter o atual sistema, que atende apenas aos interesses destes senhores. E essa mudança só acontecerá, quando se encontrar o equilíbrio entre a pluralidade política/ideológica e a representatividade da sociedade, de modo a neutralizar tal equilíbrio.

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