sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nosso Anti-Herói Cinematográfico

O sucesso de Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro, nos trás muitos debates importantes para a sociedade brasileira contemporânea. Não vou aqui ficar debatendo sobre a questão da segurança pública e da política brasileira muito bem dissecada nos dois filmes estrelado pelo Capitão/Coronel Nascimento. Meu objetivo aqui é outro, faço neste espaço um questionamento comportamental do fictício comandante do BOPE e sua repercussão perante a sociedade.
É evidente que o comportamento e o pensamento do Nascimento mudou com o tempo - muitos anos separam o Capitão do Coronel -, mas mesmo me considerando um grande fã dos filmes e dá história, não posso concordar com o pensamento predominante sobre este policial. Sei que ele é o personagem principal nos dois filmes e que isso naturalmente fa com que se classifique o mesmo como herói.
Mas por questão de coerência com meus principios, não posso embarcar na onda que o pinta como grande herói - a Veja de algumas semanas atrás o chama de primeiro super-herói brasileiro. Eu discordo desta análise e motivos não me faltam para tanto. Ainda tenho comigo aa visão romântica e infantil de que heróis não falham e Nascimento falha e muito.
Quando ainda era Capitão ele não pensava duas vezes para utilizar meios incorretos para conseguir o que pretendia, Nascimento abusou de torturas físicas e pscicológicas, para cumprir suas missões. Era comum que ele apelasse para o sufocamento ou a ameaça, para conseguir confissões. No Tropa 1, mesmo colocando em evidência o filósofo francês Michel Foucalt (1926-1984), Nascimento personificou Maquiavel, pois para ele os fins (combater o crime), justificavam os meios (torturas).
Infelizmente no Tropa 2, mesmo sendo agora um Coronel mais ético do que o antigo capitão, ele ainda conserva alguns resquícios do mesmo. O Coronel, não se opõe a meios ilícitos para combater seus inimigos, o que mostra que ao contrário do que diz a maioria de "seus fãs", ele não é incorruptível.
O filme na realidade mostra que o Coronel Nascimento na verdade é um anti-herói, talves só comparável no cinema brasileiro com Macunaíma. Digo isto pelo seguinte, assim como o personagem vivido no cinema pelo finado Grande Otelo, Nascimento pratica justiça, não por questões altruístas e com métodos questionáveis, assim como o famoso João de Santo Cristo, que comete vários absurdos na música Faroeste Caboclo, mas mesmo assim vira herói no final da história.
Não quero aqui diminuir a importância e o bom trabalho representado pela equipe do filme ou o belo traballho de Wagner Moura como Nascimento, apenas esponho aqui os motivos que me fazem não considerá-lo herói.

2 comentários:

  1. Bem colocados ,os argumentos.parabéns:D

    http://thaynadamascena.blogspot.com/

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  2. man... vim aqui seguir seu blog pra retribuir q vc foi seguir o meu...

    valew aew ... abraços

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