Hoje 3 de fevereiro, é
dia de memorarmos uma figura destacada da filosofia e da atuação política. Me
refiro a Simone Adolphine Weil, nascida há exatos 106 anos, na cidade de Paris.
Escritora e filosofa, Simone chegou a trabalhar como operária da montadora
Renault, para escrever sobre o cotidiano dentro das fábricas.
Simone lutou na Guerra Civil
Espanhola, ao lado dos
republicanos. Anos depois atuou na Resistência
Francesa, quando morou em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Não
pode retornar a França como pretendia, pois o governo de seu país impediu seu
retorno, devido a sua fama.
Vitimada pela tuberculose,
faleceu em agosto de 1943, poucos dias após sua internação, devido a sua
avançada debilidade física provocada pela doença. Simone se recusou a se
alimentar, ultrapassando a cota diária da alimentação permitida aos soldados,
nos campos de batalha ou aos civis pelos tickets de racionamento.
Nascida em uma família
judia não-praticante, Simone e o irmão, o matemático André Weilcresceram agnósticos.
Revelando uma inteligência notável e uma personalidade excêntrica, era comum
manifestar-se em defesa de seus ideais, Simone já falava grego arcaico aos doze
anos e aos quinze, obteve um bacharelado em filosofia. Passou três anos se
preparando para ingressar na Ecole Normale Supérieure, sob a supervisão do
filósofo anticonformista “Alain”. Simone foi uma das primeiras mulheres a
estudar na renomada instituição, se formou na mesma turma de outra famosa Simone (de Beavouir).
Em 1931, Simone torna-se
professora em uma escola secundária para moças em Le Puy. Conjuntamente com sua
atuação na escola, com trabalhos em fazendas e fábricas, onde encontrava “o
tempo como condição e espaço como objeto”, que norteou suas ações. Para Simone,
o mundo é o lugar adequado para um intelectual estar, ajudando as pessoas a
refinarem seus poderes de observação e capacidade crítica; e que o papel
apropriado para a ciência é permanecer integrada a vida produtiva, sem a qual
torna-se meramente um sistema remoto de sinais vazios. Foi transferida de
escola e cidade, depois de desentendimentos com a escola.
Em agosto de 1932, viajou
para Berlim, onde constatou o impasse do movimento revolucionário acuado entre
o reformismo social democrata e um partido comunista fragilizado, que colocou
os sociais democratas como principais adversários, deixando o nazismo crescer
solto. Simone registrou suas impressões sobre a Alemanha em alguns artigos
escritos entre 1932 e 1933.
Neste mesmo ano, publica
o artigo "Vamos para a revolução proletária", onde enfatiza que a
opressão do proletariado era causada pelas técnicas da produção industrial,
presentes tanto no capitalismo como no socialismo burocrático vigente na então
União Soviética. Para Simone, "não é a religião, mas a revolução que é o
ópio do povo". Sua própria experiência como operária levou-a a compreensão
de que em nenhum país onde as técnicas produtivas implantadas a partir do modo
de produção capitalista, incluindo os que estavam sob o domínio do nazismo, do
fascismo e do stalinismo, o planejamento da produção estava prestes a cair sob
o controle operário, desta maneira, os revolucionários seriam apenas mártires
em busca de suas mortes.
Em
1934, Simone licenciou-se por dois anos do magistério para viver como e
entre operários. Porém, sua saúde debilitada pela tuberculose só lhe permitiu
levar o projeto até agosto de 1935, quando, trabalhando na linha de montagem de
carros da Renault, caiu doente com uma inflamação na pleura. O "Journal
d'usine" ("Diário da fábrica") que ela manteve durante esse
período observa que "a exaustão me fez esquecer finalmente as verdadeiras
razões pelas quais estou na fábrica; ela faz quase invencível a tentação que
esta vida traz consigo: não mais pensar". O ocorrido lhe causou um trauma
tão forte que fez ela abandonou as noções românticas sobre o proletariado. Ela
descobriu que a opressão não resulta em rebelião, mas em obediência e apatia -
e até mesmo na internalização dos valores do opressor.
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