Sinceramente as vezes me
espanto com a estranha relação que o povo brasileiro tem com seu idioma.
Através de modismos e baseados na evolução natural do idioma, surgem nosvas
palavras e ou expressões com certa frequência. Entretanto tão natural quanto o
surgimento das mesmas, é o desaparecimento de algumas.
Já tivemos no Brasil, um
Ministro de Estado que “criou” a palavra imexível, quando o mais correto seria
utilizar a palavra imóvel, ou inalterável. Tal expressão chegou a figurar em
alguns dos principais dicionários de nosso idioma, mas tempos depois caiu em
desuso.
Também surgiram nos
últimos tempos palavras que tem importâncias sazonais, como os tais sonháticos,
neologismo utilizado para definir o grupo de apoiadores da ex senadora e
candidata à Presidência Marina Silva. Tal expressão, ganha vida apenas durante
os períodos eleitorais onde sua inspiradora participa, mas fora isso, é
praticamente escondida do português.
Outra palavra cunhada
também no calor dos debates políticos eleitorais é o “verbo”, criado pelo
colunista de Veja, Reinaldo Azevedo. Me refiro ao já famoso petralha, uma
junção de petista com os famosos personagens da Dysney, os Irmãos Metralhas. A
ideia do colunista era atacar os militantes deste partido, fortemente abalado
pelo caso de corrupção popularmente conhecido como “Mensalão”.
O interessante deste caso
é que mesmo os petistas entraram na “brincadeira” e transformaram o significado
do neologismo "vejista", dando um sentido positivo e combativo ao
termo. Muitos hoje, tem orgulho de petralhar e a palavra surgida como um adjetivo,
hoje é um verbo.
Mas dos “neologismos”
recentes o que mais me chama a atenção é a palavra presidenta, ou seja, a
versão feminina de presidente. O debate sobre ela se dá desde 2011, quando a
hoje presidenta reeleita Dilma Roussef (PT), tomou posse para seu primeiro
mandato.
Desde então muitos
opositores ao governo, alguns que inclusive adoravam utilizar o termo petralha,
para atacar os companheiros da presidenta, passaram a utilizar os mais variados
argumentos para justificar que presidenta seria um erro e um desrespeito ao
nosso português.
Entretanto, assim como
aconteceu com o petralha, a palavra presidenta resistiu e foi incorporada
oficialmente ao idioma, na verdade resgatada, uma vez que até o escritor
Machado de Assis, já utilizou certa vez tal palavra em uma de sus obras. e é,
justamente nessa resistência a aceitação da nova palavra, que o brasileiro
mostra uma triste contradição cultural. Eles que adoram "inventar
modas" para satisfazer seus desejos, acabam mostrando sua intolerância ao
verem "o feitiço virar contra o feiticeiro".
Nenhum comentário:
Postar um comentário