Dias
desses, em uma rede social vi um comentário raso sobre o fato de se manifestar
erguendo o punho, numa referencia ao gesto coletivo feito pelos chefes de
Estado presentes na posse do presidente reeleito da Bolívia Evo Morales. A
postagem alegava que tal manifestação era algo típico de regimes
antidemocráticos, o que imediatamente me remeteu a imagem de Jesse Owens.
James
Cleveland “Jesse” Owens, nasceu na cidade de Oakville, Alabama, em 12 de
setembro de 1913. Como atleta, esteve presente nos Jogos Olímpicos de Berlim de
1936, o evento que fora planejado por Hitler para mostrar ao mundo a
superioridade ariana. Owens saiu de Berlim com a medalha de ouro nos 100 e 200
metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100 metros.
Em
todos os pódios em que esteve durante os Jogos de Berlim, Owens comemorou a
conquista erguendo o punho direito serrado. Gesto típico de protesto dos
Panteras Negras, que lutavam contra o racismo fortemente presente nos Estados
Unidos daquela época.
Owens
era caçula, tinha seis irmãos e três irmãs. Sua família mudou para Cleveland,
Ohio, em busca de melhores oportunidades, quando 1,5 milhões de negros deixaram
o sul, fugindo da segregação racial. Ganhou o apelido de Jesse, aos nove anos,
quando começou a estudar em Cleveland.
Em
1936, durante os jogos de Berlim foi o segundo atleta negro a ganhar uma
medalha de ouro, Cornelius Johnson, ganhou o salto em altura. Hitler se recusou
a cumprimentar tanto Cornelius, como Owens e se retirou do estádio após as
conquistas dos atletas estadunidenses.
Quando
Owens venceu a prova dos 200 m, olhou para o COI e não para a tribuna de
Hitler, pois este estava ausente no dia. Jesse Owens foi aclamado por milhares
de torcedores de diversas nações. Os EUA conseguiram vencer dez provas de
atletismo. Destas, seis medalhas de ouro foram conseguidas com a participação
de quatro negros.
O
grande legado de Owens, não foi contrapor-se ao regime nazista, mas também
questionou a noção racista da nação estadunidense no século XX. EM sua
biografia, Owens destacou que o que mais o decepcionou não foi o comportamento
de Hitler, mas o não reconhecimento do presidente Roosevelt. “É verdade que
Hitler não me cumprimentou, mas também nunca fui convidado para almoçar na Casa
Branca”, afirmou Owens.
O
estadunidense se tornou mundialmente conhecido pelos seus feitos na Olimpíada
de Berlim. Os nazistas aproveitaram o evento esportivo para a propaganda do
regime de Hitler. O forte incentivo aos atletas fez a Alemanha ficar no topo do
ranking de medalhas, com 33 ouros contra 24 dos EUA.
Jesse
Owens faleceu em 31 de março de 1980, na cidade de Tucson no Arizona. Em 2012,
foi imortalizado no Hall da Fama da Federação Internacional de Atletismo,
criado como parte das celebrações pelo centenário da instituição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário