Já
faz tempos que os desfiles do carnaval são patrocinados, pois o espetáculo tem
um custo muito alto, o que praticamente inviabiliza a manutenção das escolas,
sem o dinheiro vindo dos patrocinadores. Todos os anos, algumas escolas optam
por enredos patrocinados e os mesmos sempre envolvem cifras milionárias.
Em
2015, não é diferente, algumas escolas apresentam enredos patrocinados. A
Unidos da Tijuca, agora sem o gênio Paulo Barros, faz um desfile financiado
pela gigante suíça Nestlé e contará, entre seus componentes, até com jogadoras
do time de vôlei patrocinado pela empresa.
Mas
as vezes, o patrocínio aos desfiles acaba gerando polêmicas. Anos atrás a Vila
Isabel, desfilou com o enredo falando sobre o herói da independência da América
Espanhola, Simon Bolívar. Para isso recebeu uma vultosa quantia vinda da
estatal venezuelana PDVSA. Como o país era governado por Hugo Chávez, a ideia
recebeu duras críticas no Brasil, mas a escola de Noel e Martinho, não tomou
conhecimento das críticas e ganhou o carnaval, acabando com um longo jejum.
Anos
depois a mesma Vila, apresentou um desfile falando sobre o homem do campo e a
agricultura, o desfile foi financiado por uma gigante do setor de agrotóxicos e
foi alvo de críticas de alguns movimentos sócias ligados a questão agrária, mas
não passou nem perto do fuzuê da época do enredo bolivariano.
Agora,
quem vem com o desfile patrocinado, é a também tradicional Beija-flor. Falando
da África e de seu povo, a escola de Nilópolis, recebeu a quantia histórica de
R$ 10 milhões, vinda do governo da Guiné Equatorial. Foi ai, que a escola
deixou o samba atravessar.
Guiné Equatorial é hoje um dos países mais
pobres da África e consequentemente do mundo, mesmo sendo o terceiro maior
produtor de petróleo do continente africano. Seu governante é um ditador
sanguinário que deu um golpe de Estado no próprio tio, outro ditador. Isso
aconteceu no já distante 1979 e desde então ele governa o país como se o mesmo
fosse sua propriedade.
Utilizando
do terror e do medo que impõe na população, ele se mantém no poder desde então.
Quem faz oposição à ele, morre, ou então é obrigado a deixar a Guiné
Equatorial. Utilizando-se do poder de governante, ele continua acumulando
fortunas, à custa da pobreza da população.
É
lamentável que uma escola tradicional como a Beija-flor que já ganhou tantos
carnavais, inclusive mostrando a história de luta pela liberdade, protagonizada
pelos negros, africanos ou não. Agora, por questões financeiras, se alie a uma
figura tão nefasta e opressora como este ditador, que tanto agride a cultura e
povo negro.
Por
esse motivo, neste carnaval, a Beija-flor deixou de lado sua brilhante história
de lutas e glórias e se apequenou ao abraçar esse patrocínio lamentável. No
carnaval de 2015, a escola de Nilópolis, nem entrou na avenida, mas já deixou o
samba atravessar.
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