Fundador
do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci é um dos grandes nomes do
pensamento de esquerda no século XX. Crítico do elitismo e ferrenho defensor da
democracia inspira respeito aos opositores, ainda que alguns tentem distorcer
sua obra, buscando desqualificar o pensamento gramsciniano.
Gramsci
foi um mártir da democracia e da liberdade. Nascido em 23 de janeiro de 1891,
em Ales na província de Cagliari, na Sardenha, conseguiu estudar na
Universidade de Turim, mediante grandes esforços de sua família. Em 1915,
Gramsci adere ao socialismo –por coincidência neste mesmo ano Benito
Mussolini, deixa as fileiras do partido para entrar no ideário nacionalista,
reacionário e belicoso, que anos mais tarde fundamentaria o fascismo-.
Em
1917, Gramsci organiza a greve dos operários de Turim, contra a continuação da
Primeira Guerra Mundial. A paz é restabelecida, ainda que de maneira muito
frágil e Gramsci funda o semanário Ordine Nuovo, que reuniu os mais avançados
intelectuais da Itália. Gramsci organiza também nessa época os conselhos de
fábricas, que nos momentos de greve ocuparam as fábricas e usinas para
administrá-las.
Em
abril de 1920, organiza a greve geral. Em janeiro do ano seguinte lidera a ala
radical do Partido Socialista Italiano no congresso realizado em Livorno. Após
esse racha no Partido Socialista o grupo liderado por Gramsci, funda o Partido
Comunista Italiano, no qual ele ocupa a secretaria geral e se elege deputado.
Em seguida, Gramsci funda o diário L´Unità.
Também
nessa época, começa a ganhar força, a ditadura fascista liderada por Benito
Mussolini, que ainda tolerava a existência do parlamento, que garantia uma
democracia fajuta.
Em
8 de novembro de 1926, Antonio Gramsci é preso e confinado na ilha de Ustica.
Pouco tempo depois é enviado a Roma, onde é julgado. Durante o julgamento o
juiz afirmou que era necessário inutilizar por 20 anos esse cérebro perigoso
Foi levado à penitenciária de Turi, perto de Bari, onde viveu um regime severo
de exclusão.
Era lhe permitido que escrevesse cartas e notas e foi a partira
daí, que nasceu sua importante obra teórica – Cadernos do Cárcere e Cartas do
Cárcere – em 1933 é acometido por tuberculose, que avança de maneira rápida e
para que Gramsci não morresse encarcerado, vindo a ser um mártir, a ditadura
fascista o libertou em 24 de abril de 1937. Faleceu três dias depois, em 27 de
abril de 1937, em uma clínica particular da capital italiana.
Como
secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Gramsci combateu radicalismos e
a acomodação reformista. O pensamento gramsciniano é essencialmente
marxista-leninista. Sua doutrina lembra um pouco o pensamento de outros
teóricos de esquerda como Lukács e Ernst Bloch, um marxismo humanitário que só
pensava a revolução política e social sem a devida consideração dos fatores
culturais.
Gramsci
também criticava as falsas interpretações do marxismo, unilateralmente
economicistas e mecanicistas. O pensador italiano se destaca entre os
comunistas juntamente com nomes como Trotski, Bogdanov, Deborin, Luckács, Bloch
e Lefebvre. Nos escritos de Gramsci, encontram-se trechos que defendam
interpretações diferenciadas, seriam as “contradições”, que marcam sua obra.
De maneira bastante ortodoxa Gramsci exigiu, a
unidade doutrinária. Citou o exemplo da unidade doutrinária do catolicismo. Mesmo
sendo anticlerical, admirava, de longe, a Igreja. Pretendia aproveitar a
milenar experiência moral da instituição de Roma. Exige dos comunistas a preservação
da disciplina intelectual e moral de um clero. É assim que ele entende o
Partido.
O escrito básico de Gramsci, a esse respeito, é sua
interpretação originalíssima de Maquiavel. O fascismo vitorioso tinha
proclamado o “Duce” como reencarnação do “Príncipe. Gramsci, devolvendo a
Maquiavel o papel de fundador do pensamento político moderno, tentava, de
desconstruir aquela identificação, negando a possibilidade e a necessidade de
um Príncipe individual nos tempos modernos. O Príncipe de hoje é um coletivo: é o partido de vanguarda política, é o partido comunista, liderando e
dirigindo o povo.
A partir daí, Gramsci parece pertencer ao grupo dos
leninistas mais ortodoxos. Entretanto, ele era leninista e não stalinista e
rejeita a ditadura do proletariado, defendendo a hegemonia do proletariado em
uma fase de transição.
Gramsci é o pai do comunismo libertário e da
democracia operária, fundador dos conselhos de fábrica, que eram destinados a
ocupar e administrar as empresas. Gramsci com isso se torna precursor da
organização industrial que inicia uma evolução ainda em andamento.
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