Estranho
que uma figura como Ives Gandra, adote uma visão tão rasa sobre a questão da
regulação da mídia. Ao contrário do que muitos – principalmente os políticos donos
de concessões de radiodifusão – teimam em afirmar, o projeto defendido pelo
governo petista, não tem relação alguma com a censura.
Limitar
o tamanho das empresas de comunicação e ou suas áreas de atuação, não tem nada
de censura e ou totalitário. Vejam o caso dos Estados Unidos, onde o FederalCommunications Comission (FCC), atua na supervisão dos canais de rádio e
televisão, impedindo inclusive a criação de oligopólios, ou na França onde o
Conselho de Audiovisual da França (CSA), atua da mesma forma.
Nas terras de Asterix e Obelix, nenhum
acionista pode ter mais de 49% das ações da empresa mantenedora de canais; a
arrecadação da televisão financia a produção cinematográfica; as representações
partidárias (situação e oposição), seguindo a Lei de Liberdade de Comunicação,
devem ter o mesmo tempo de cobertura jornalística e é proibida a veiculação de
conteúdo considerado ofensivo à dignidade humana.
Em
momento algum, existe relação entre o projeto brasileiro e o projeto aplicado
na Venezuela. Quanto a Argentina, é válido lembrar que assim como a Ley de
Meios, atua na questão do Grupo Clarín, da mesma forma que o FCC , atuou anos
atrás com a AT&T, na telefonia, desmantelando a empresa que atuava como se fosse um grande
monopólio. Para quem ainda acredita que regulação de mídia é coisa de "bolivariano", segue o texto de Tereza Cruvinel, falando sobre a Regulação da Mídia em Portugal.
Sobre
os conselhos populares, eles são fruto de uma das principais pautas das
manifestações populares conhecidas como “Jornada de Julho” e tendo em vista a
crise de representatividade vivida pelos partidos políticos no Brasil, a
democracia participativa é uma alternativa a ser considerada e os conselhos são
a melhor maneira de viabilizá-la.
Sobre
os comentários referentes ao resultado eleitoral, continuo interpretando-os
como se fossem “choro de perdedor”, daqueles que culpam a grama, o sol, a chuva
ou o juiz para justificar mais uma derrota de seu time, que atua de forma medíocre,
por ter um plantel limitado e uma liderança titubeante.
Ainda
sobre as eleições, mesmo reconhecendo a pequena margem de diferença entre os
votos, mas destaco que a democracia prevaleceu e o candidato, ou melhor, a
candidata mais votada, foi empossada como deve acontecer nas sociedades
democráticas.
É
evidente que a imprensa tem um papel fundamental ao lado da Polícia Federal e o
Ministério Público, nas denúncias e no combate a corrupção, entretanto,
atualmente, ela não tem feito este trabalho de maneira correta, basta ver o
espaço que ela dá para alguns escândalos de corrupção em relação a outros.
A
regulação da mídia, não afetará de maneira alguma a liberdade de expressão e
nem a liberdade de imprensa, essas sim, prejudicadas pelos interesses
financeiros das grandes corporações da comunicação, que atuam em terras
brasileiras.
E
por falar em Constituição Federal, o projeto atualmente defendido pelo Ministro
Berzoini e pelo governo, atuará principalmente na regulação dos artigos 220 ao
224, que até hoje, mesmo mais de um quarto de século depois continuam sem
regulamentação.
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