Nascido
em 9 de março de 1907, na cidade de Bucareste, na Romênia, Mircea Eliade, foi
um destacado professor, historiador das religiões, mitólogo, filósofo e
romancista, que se naturalizou estadunidense em 1970. Mircea falava e escrevia
de maneira fluente oito idiomas, sendo eles, o romeno, o francês, o alemão, o
italiano, o inglês, o hebraico, o persa e o sânscrito.
A
maior parte de sua obra foi escrita em romeno e depois em francês e inglês. Foi
um dos mais influentes historiadores e filósofos da religião e fez parte do
Círculo Eranos.
Mircea
é tido como um dos fundadores do estudo moderno da história das religiões e
grande estudioso dos mitos elaborou uma visão comparada das religiões
encontrando relações de proximidade entre as diferentes culturas e momentos
históricos.
Eliade
situa sua noção de sagrado, no centro da experiência religiosa do homem. Sua
formação de historiador, o levou ao estudo dos mitos, dos sonhos, das visões,
do misticismo e do êxtase. Na Índia, estudou ioga e leu, em sânscrito,
clássicos do hinduísmo que ainda não tinham sido traduzidos para as línguas
ocidentais.
Autor
prolífico buscou sintetizar os temas que abordou. Nos seus escritos, destaca
com frequência o conceito de hierofania, através do qual ele definiu a
manifestação do transcendente em um objeto ou um fenômeno do cosmo.
Mircea
nasceu em uma família cristã ortodoxa, ainda jovem, leu as obras do historiador
Raffaele Pettazzoni e do antropólogo James George Frazer no original. Na escola
interessava-se por biologia e química e chegou a ter um pequeno laboratório.
Em
1925, inicia seus estudos na Universidade de Bucareste, formando-se em
filosofia. Na universidade, recebe a influência de Nae Ionescu, então
assistente do professor Cosntantin Radulescu-Motru no Departamento de Lógica e
Teoria do Conhecimento e ativo jornalista, levou o jovem Eliade a se envolver
com a extrema direita romena.
Sua
tese de mestrado examinava a filosofia na Renascença italiana, de MarsilioFicino a Giordano Bruno.
O
interesse sobre o humanismo renascentista foi o maior estimulo para que ele
seguisse para a Índia. Seu objetivo era “universalizar” a filosofia
“provinciana” herdada de sua educação europeia. Através de um financiamento do
marajá de Kassimbazar, Mircea permaneceu quatro anos estudando no país.
Em
1928, foi para a Universidade de Calcutá, onde estudou sânscrito e filosofia,
sob a orientação de Surendranath Dasgupta (1885-1952), um bengali, educado em
Cambridge e autor de History of Indian Philosophy.
Eliade
era um bom aluno e morava na casa do professor. Entretanto, a relação entre os
dois se deteriora, quando ele se apaixona pela filha de seu professor. A
fracassada história de amor teria sido inspiração para o romance erótico Isabel
Si Apele Diavolului (1930), no qual os personagens principais seriam um europeu
e um jovem indiana.
A
partir das pesquisas sobre a ioga, Mircea elabora sua tese de doutoramento, que
ele apresenta após retornar a Bucareste e servir o exército. Em 1936, publica
sua tese “Ioga: Ensaio sobre a origem do misticismo indiano”, em francês.
Posteriormente republica a mesma, agora revisada e com o nome “Ioga,
Imortalidade e Liberdade”. No mesmo ano passa a dar aula na Universidade de
Bucareste, como professor da faculdade de letras.
Entre
os anos de 1933 e 1939, participa ativamente do grupo Criterion, que promovia
seminários sobre temas variados e era influenciado pela filosofia do Trairismo,
a busca do autêntico, através da experiência vivida, considerada a única fonte
de autenticidade. Em 1934, casa-se com Nina Mares.
Em
1936 é acusado de pornografia, ao publicar Dominisoara Christina e chegou a ser
suspenso da universidade por isso. Em 1938, Ionescu é preso e Eliade demitido.
A acusação contra Ionescu era pertencer a Guarda de Ferro, organização romena
de extrema-direita, antissemita e simpatizante do nazismo. Por isso, Eliade
também acaba sendo preso por um curto período.
Em
1940, Eliade passa a trabalhar como adido cultural e de imprensa nas
representações diplomáticas romenas em Londres e Lisboa (1941-44), tendo
residido em Lisboa e após a morte de sua mulher em 1944, passa a morar em
Cascais. Na capital portuguesa, se interessa pelas obras de autores como Sá de Miranda, Camões e Eça de Queiroz e empenha-se em estabelecer elos mais fortes
entre os latinos do ocidente e do oriente, impulsionando um maior intercâmbio
cultural entre os países.
Com
o fim da guerra, suas relações com Ionescu o impedem de retornar para a
Romênia, que passa a ser comunista. Passa a lecionar em várias universidades
europeias. Em 1945, transfere-se para Paris e passa a dar aulas de religião
comparada na Sorbonne e na École Pratique des Hautes Études, a convite de
Georges Dumèzil. Faz amizades com Eugène Ionesco e George Bataille, além de
Dumèzil.
Eliade
ganha renome como professor de história das religiões. Leciona no Instituto do
Extremo Oriente, em Roma, no Instituto Jung de Zurique e na Universidade de
Chicago. Em 1950, casa-se com Christinel Cotrescu. Neste tempo, seus trabalhos
passam a ser publicados em francês. Em 1954, lança “A Floresta Proibida”, que
Eliade considera seu melhor romance.
Em
Portugal, escreveu “Os Romenos, Latinos do Oriente”, uma síntese histórica,
cultural e espiritual de seu país. Também publicou “Salazar e a Revolução
Portuguesa”, livro em que defendia que o general Ion Antonescu, no poder na
Romênia, poderia se inspirar no regime português, para criar um Estado
autoritário, mas não totalitário.
O
livro não surtiu efeito e não agradou nem Antonescu, que não seguiu o modelo
português e nem ao Salazar, que não permitiu que o livro fosse traduzido para o
português. No livro “Diário Português”, obra conhecida apenas em 2001, através
de uma editora de Barcelona e com edição portuguesa de 2008, Mircea Eliade,
mostrou-se por vezes crítico, embora não hostil a Portugal, país que ele
considerava periférico e um pouco à margem da história e da cultura.
Posteriormente,
estabeleceu-se em Paris e, finalmente em Chicago. Visitado por Joachim Wach,
seu predecessor na Universidade de Chicago, um comparativista e
hermeneuticista, Em 1956, Eliade foi convidado para dar aulas naquela
universidade sobre Tipos de Iniciação. Nesta época, publicou Nascimento e
Renascimento. Em 1958, foi convidado para chefiar o Departamento de Religião da
Universidade, cargo que ocupou até a morte em 22 de abril 1986.
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