A
literatura mundial é rica em obras de ficção que acabam prevendo o futuro,
algumas vezes de maneira positiva, outras de maneira assustadoramente negativa.
Pelo visto, agora no Rio de Janeiro, vivemos uma clara consolidação de uma
ficção de muitos anos atrás.
A
decisão judicial e a ação policial que resultou na prisão e detenção de muitos
cidadãos ligados as manifestações sociais, que tiveram seu auge em junho do ano
passado, mostra que as autoridades do estado são fãs da obra de ficção Minority Report, escrita pelo estadunidense Philip K. Dick (1928-1982). O livro
virou filme em 2002, dirigido por Steven Spielberg e estrelado Por Tom
Cruise.
Na
história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de
crimes de homicídio, prendendo os criminosos, antes que os fatos ocorram. Os crimes
são previstos por criaturas conhecidas como Precogs. Até que essas criaturas preveem
que o mesmo policial se tonará um assassino e por isso deve ser preso. O enredo
da história se passa na luta do policial para provar sua “inocência” e
consequentemente manter sua liberdade.
Pelo
visto, a justiça e a polícia fluminense vivem uma espécie de “Síndrome de
Precogs” e busca agora justificar as prisões arbitrárias, que conta também com
a participação de outras forças policiais, a possibilidade de novos protestos
violentos, que depredem patrimônios públicos e privados e colo quem em risco a
integridade física de terceiros.
Tal
ação é uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Para que algum cidadão
seja detido, é necessário que exista uma acusação formal contra o mesmo. Não
adianta se basear em suposições futuras ações que podem infringir a lei
vigente.
É
necessário garantir a todo e qualquer cidadão, o direito a manifestação e a
liberdade de expressão, direitos que foram atropelados pelos representantes do
poder público. Quem extrapolar dos direitos garantidos pela legislação
brasileira deve sim ser responsabilizado, mas somente após a consolidação dos
fatos. Caso contrário, estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip
K. Dick, em Minority Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o
final da história não é algo bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário