No
ano de 2014, de forma até surpreendente, o tema da redação do Exame Nacional do
Ensino Médio, o famoso ENEM, foi a publicidade infantil. Um tema polêmico e
mesmo sem ser especialista em propaganda, publicidade e ou marketing, já se
sabe que o mesmo, como diz a sabedoria popular, “dá muito pano para manga”.
Mas
a pauta deste texto, ao contrário da redação do ENEM 2014, não é publicidade
infantil, mas outra área da publicidade que vem me incomodando faz algum tempo.
Tenho reparado que a quantidade de propagandas, que utilizam a figura feminina
para “ajudar” a vender o produto, vem aumentando e o caminho que isso vem
tomando, tem me preocupado.
Em
apenas três meses, isso mesmo, 120 dias, já vi cinco campanhas publicitárias,
com um forte teor preconceituoso. Me refiro ao machismo, sempre presente nas
propagandas, principalmente de cerveja. Vou citar aqui, os casos, que envolvem
duas das principais marcas deste mercado no Brasil.
Na
véspera do carnaval, a Skol, espalhou alguns totens onde se via o logo da
cerveja, juntamente com a frase. “Esqueci o não em casa”. Foi o suficiente para
que mulheres do Brasil inteiro se manifestassem de forma contrária a campanha
da cerveja. A repercussão negativa foi tão grande, que a marca, não apenas
retirou as peças publicitárias de circulação, como também emitiu um pedido de
desculpas para as mulheres.
Enquanto
isso, a Itaipava, veiculava na televisão, um comercial, onde uma bela mulher chamada
de “Verão” era celebrada em um quiosque como se a mesma fosse a estação mais
quente do ano. Nesta propaganda, percebi que a “protagonista” era a mulher e
não a cerveja.
Depois
disso, a mesma Itaipava passou a exibir outro comercial, onde a mesma Vera (ão)
atuava como garçonete no mesmo quiosque da propaganda anterior, e que a cerveja
tinha grande saída, justamente pela beleza feminina, que quem a servia e não
pela qualidade do produto.
Agora,
as mesmas marcas de cerveja, apresentam propagandas impressas, onde a mulher
volta a ser retratada como um reles objeto. Na da Skol, eles criticam o formato
dos bebedouros, e elogiam o que obriga uma bela mulher a ficar de bruços para
poder matar sua sede.
Já
a Itaipava, apresenta uma bela mulher (isso não muda nas propagandas),
segurando uma garrafa em uma mão e uma latinha na outra. Entre os recipientes
com cerveja, está os seios siliconados da modelo, que são comparados em
mililitros com a quantidade de cerveja, seja na lata, ou na garrafa.
Acho
que além de desrespeitoso com as mulheres, essas peças publicitárias erram por
incentivar sim o machismo, pois retratam as mulheres apenas como um mero
objeto, ainda que em algumas delas, as modelos tenham mais destaque do que o
produto em si. E ai está o segundo erro. Tenho conhecimento raso sobre
publicidade, mas até onde eu imagino, o produto deve ser o protagonista da peça
publicitária.
E
não, antes que me chamem de feminista, o que para mim não seria ofensa, aviso
que não sou feminista, apesar de respeitar muito as mulheres e apoiar a luta do
movimento, eu não sou feminista, até por que como dizem algumas amigas que
militam na causa, homens não podem ser feministas, justamente por não conhecerem
a fundo, a realidade das mulheres.
É preciso que além de incentivar a percepção das mensagens agregadas as propagandas, as autoridades competentes busquem meios de inibir propagandas, que façam também apologia a crimes e preconceitos.
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