Com
essas palavras o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
se pronunciou nessa segunda-feira (16) sobre as manifestações do último
domingo, ou como está sendo chamada, de manifestações do dia “15 de março”.
Essas
palavras fizeram com que Cunha engrossasse o coro dos que foram ontem as ruas
de diversas cidades do país pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff. Ainda
permitiu tirar o foco dos problemas de corrupção envolvendo o poder
legislativo, principalmente na operação “Lava Jato”. O presidente da câmara
afirma que a lista, com nomes de políticos de diversas esferas, feita pelo
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, sofreu interferência do governo
federal.
O
que se escutava principalmente nas manifestações contra o governo eram os
gritos de “Fora, Dilma!”. Tanto tirou o foco do legislativo, que nomes como dos
deputados federais Paulinho da Força (PDT-SP) e Agripino Maia (DEM-RN) apoiaram
os protestos – este último esteve presente nas manifestações. O ponto irônico
nisso tudo é que os dois estão envolvidos em esquemas de corrupção. É uma
questão paradoxal um político envolvido em um esquema de corrupção se
manifestar contra a corrupção.
O
momento de fragilidade do governo Dilma Rousseff permitiu tais atitudes. Ao
jogarem toda a culpa da corrupção na Petrobras no governo, de modo leviano
levaram o diálogo para uma mudança política apenas no governo federal, sem
necessidade de se fazer uma reforma política.
De
acordo com o site do ConJur, Paulinho
da Força foi condenado por improbidade
administrativa em razão da compra superfaturada da Fazenda Ceres, em Piraju
(SP), para um programa do governo federal de assentamento rural. Já Agripino
Maia, de acordo com o jornal
Estado de S. Paulo, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por
suspeita de envolvimento com esquema de corrupção na inspeção veicular no Rio
Grande do Norte. Eduardo Cunha está na lista de Janot da “Lava Jato”.
O verdadeiro golpe contra a democracia – que completou trinta
anos neste 15 de março - não esteve ontem nas ruas, mas sim está todos os dias
no Congresso. É claro! Não há interesse por parte dessas pessoas, que são
beneficiadas com o financiamento privado, que haja uma reforma política. O fim desse
tipo de financiamento detonaria suas verbas de campanhas eleitorais, por
conseguinte, causando uma possível derrota nas urnas.
O
futuro da política brasileira é completamente incerto. Após os protestos, os
ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral)
falaram sobre o pacote de medidas contra a corrupção e a reforma política. A
questão é: os congressistas vão permitir que seus bolsos sejam
esvaziados?
Texto de André Sabine, estudante de jornalismo na Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, em Macaé, RJ.
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