É
estranho, mas no Brasil dos dias de hoje, o filósofo alemão Friecrich Nietzsche(1844-1900), parece ainda estar vivo e muito vivo, mesmo já tendo se passado
113 anos de seu falecimento, parte de seu pensamento continua bem viva em nossa
sociedade. Refiro-me a frase: “Não existem fatos, apenas interpretações”. O caso
do mensalão, ou ação penal 470, mostrou que para muitos o filósofo alemão ainda
está bem atual.
Após
o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, ter declarado voto
favorável aos embargos infringentes impetrados pela defesa dos réus no
processo, o que é legal, pois faz parte do direito a ampla defesa, pilar
fundamental do Estado Democrático de Direito, boa parte da sociedade vem se
manifestando de forma contrária a decisão do magistrado.
A
manifestação contrária de opiniões também é legítimo em uma democracia e isso
não está ameaçado em nosso país, Mas o que causa estranheza é que muitos dos
críticos dos embargos agora apresentados, tinham e ainda tem posições
contrárias com relação o recurso em outros casos.
Vejamos
o caso da Globo, reduto de críticos da decisão do STF, que desde o princípio do
escândalo do mensalão sempre fez campanha pró condenação, ainda que para isso
fosse necessário o atropelo da lei, típico de legislações de exceção, como as
ditaduras, inclusive as brasileiras que o Globo e a família Marinho sempre apoiaram,
desde o Estado Novo, até o regime militar, que o próprio grupo reconheceu o
apoio em editorial publicado recentemente.
Pois
bem, a televisão dessa grande corporação, tempos atrás foi processada por
sonegação fiscal e para não cumprir as penalidades cabíveis no caso, recorreu e
continua a recorrer com recursos judiciais, nas mais variadas instâncias, já
fazendo inclusive o uso dos tais embargos infringentes, que agora no caso do
mensalão ela fica a criticar.
Fica
a dúvida. Por que será que no caso da vênus platinada, esse recurso é algo
válido e no caso dos mensaleiros não? Seria a Globo seguidora do pensamento de
Nietzsche, achando possível que a interpretação de sua situação judicial,
permite tal subterfúgio e no caso agora amplamente acompanhado por todo o país
isso não é válido? Se as Organizações Globo acreditam piamente que os embargos
servem apenas para protelar o julgamento “preparar a pizza”, por que ela ainda
não desistiu de recorrer e se acertou com a justiça cumprindo as penas
cabíveis?
É necessário que se tenha coerência com os discursos, afinal como já afirmava o também filósofo Karl Marx (1818-1883): "A prática é o critério da verdade", ou seja, de nada serve ter um discurso destoante da prática, algo infelizmente tão comum nos dias de hoje em nossa sociedade.
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