Não
é de hoje que esse assunto alimenta debates acalorados e polêmicos, mas o
aborto precisa ser entendido como uma questão de saúde pública e não de
segurança. Não vejo razões plausíveis para se alterar a legislação brasileira,
quando a questão é o aborto. Não é nela que reside o núcleo do problema que
está diretamente ligado a essa prática.
O
aborto precisa ser visto como legal nos casos já previstos em lei e nestes
casos, a rede pública de saúde, deveria ser estruturada para garantir que as
mulheres que se enquadrarem nos casos estabelecidos pela legislação e que
queiram abortar, tenham um tratamento digno e seguro, eliminando os riscos que
os abortos ilegais envolvem.
Atualmente,
o aborto clandestino é a quarta maior causa de morte materna no país e
levantamentos recentes apontam que o número de abortos ilegais, já ultrapassa 1
milhão, o que por si só já demonstra a necessidade de abordar a questão de
forma mais clara e objetiva.
Essa
realidade demonstra que é preciso ampliar e estruturar a rede pública de saúde
para atender os casos, permitidos pela legislação. Atualmente existem apenas 65
unidades de saúde aptas para fazer o aborto em todo o país. É preciso ampliar
de maneira exponencial essa rede, garantindo não apenas o acesso ao processo do
aborto, mas também todo o acompanhamento social e psicológico que esta situação
demanda, mais ou menos como já ocorre no nosso vizinho Uruguai.
Para
que essas mudanças ocorram, é preciso que a sociedade se mobilize cobrando do
poder público, que esses avanços se consolidem. Somente assim, o país poderá
mudar de maneira considerável essa triste realidade que vivemos hoje.
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